sexta-feira, 2 de novembro de 2018

A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA A EDUCAÇÃO



 Diego Wenceslau

         O objetivo desse artigo é explicitar a importância da filosofia na educação. Isto se faz necessário, pois com a reforma da educação brasileira matérias importantes como a filosofia foram “flexibilizadas” e de certa maneira perderam parte de sua importância e relevância nas escolas.
        De certa forma a filosofia ocidental, como a conhecemos, foi inaugurada por filósofos gregos como Sócrates, Aristóteles, Platão e outros. Estes pensadores acreditavam que é preciso encontrar a explicação da realidade do mundo nele mesmo e não na religião ou na mitologia e questionavam a validade do pensamento mítico, para eles o primeiro compromisso imposto pelo exercício do conhecimento é com a verdade. A filosofia grega buscava superação racional da mítica afirmando a condição do homem como fundada numa essência imutável e eterna, perfeita em si mesma, mas comprometida com seu vínculo com a matéria. A filosofia tinha como esforço buscar conhecer todos os objetos do mundo e, além disso, conhecer também a natureza humana pois era em função do conhecimento da natureza humana é podíamos avaliar a procedência do comportamento humano.
       Deste modo, a filosofia surgida como tentativa de explicar racionalmente todos os aspectos da realidade nasce simultaneamente como proposta de educação dos homens, pois o filósofo sente a necessidade de compartilhar suas descobertas, reflexões ou críticas. Assim, a filosofia nasce intimamente articulada com a pedagogia, deste modo ela é uma Paidéia, ou seja, é uma proposta de acordo com a qual nós deveríamos estar usando nossa capacidade de convencimento para a educação do indivíduo ao longo da sua existência.
       Os predecessores de Sócrates, conhecidos como pré-socráticos, são os primeiros a questionar a validade do pensamento mítico. Assim, com os poucos recursos científicos que eles dispunham naquele momento, eles conseguem unificar a experiência humana atribuindo a um determinado elemento físico a responsabilidade pela natureza de todos os objetos. Todos os seres e objetos têm uma arché, ou seja, o elemento constitutivo básico do qual a totalidade do universo seria constituída, sendo assim um princípio originário seja a água, o fogo, o ar ou a terra, mas o importante mesmo é o princípio ordenador da multiplicidade da experiência. Entre os pré-socráticos estavam os sofistas, este grupo de filósofos teve o mérito de reconhecer a importância dos sujeitos humanos, pois para eles o homem é a medida de todas as coisas, mas enviesaram esse princípio ao defenderem que isso legitimaria o homem a buscar apenas seus interesses particulares, Sócrates em oposição a esta visão acreditava que é necessário que se leve em consideração o interesse comum de todos e as referências universais que são dadas pelo conhecimento, ele defende que o nosso compromisso deve ser com a verdade e não com a mera utilidade pragmática, para ele devemos conhecer o bem e a verdade e com base nela agir de forma justa.
     Nesse sentido, Sócrates enxerga nos sofistas um pragmatismo exacerbado e a busca de um conhecimento calculista para as finalidades políticas daquela época e vai propor o uso do conhecimento compromissado exclusivamente com a busca da verdade, assim, com Sócrates, a filosofia torna-se literalmente uma pedagogia na formação da juventude, na formação dos espíritos para o exercício do conhecimento, a posição de Sócrates é conhecida como sendo a de um intelectualismo moral, ou seja, com base no conhecimento racional e sistemático é que podemos encontrar as diretrizes para o comportamento humano, ético, político... Nesse sentido, Sócrates desenvolve uma pedagogia da inteligência partindo da ideia que todos os indivíduos, até os mais simples, trazem dentro de si todo o potencial desse conhecimento, faz uma proposta de uma maiêutica, ou seja, da arte em que o educador na medida em que vai interrogando de maneira adequada o seu discípulo, seu discípulo vai conseguindo encontrar em si mesmo as razões, as explicações e as verdades. Por este motivo Sócrates foi condenado pela sociedade ateniense exatamente por estar propondo uma educação revolucionária da juventude que ia contra as propostas e as ideologias vigentes que decorriam da mentalidade mítica que ainda resistia ao avanço da cultura grega naquele momento.
     Dessa maneira, é certo que atualmente não pensamos mais em termos de essência, mas o papel da filosofia continua sendo o mesmo que é de questionar e procurar seu significado e significados. Sé é verdade que não mais explicamos as coisas e o homem pela perspectiva grega, continuamos enfrentando os mesmos problemas enfrentados por esses primeiros filósofos, continuamos buscando respostas para eles até os dias atuais, por exemplo: somos mesmo capazes de conhecer a verdade? Como organizar a sociedade para que possamos viver dignamente? Quais são os nossos principais problemas? Qual é o sentido da vida? As respostas filosóficas formuladas pelo homem ao decorrer da história mudam bastante, mas as questões  que as fizeram surgir permanecem. Por fim, a educação continua com o mesmo desafio que é levar o homem, a partir da sua experiência, a encontrar os caminhos mais adequados da sua existência, de forma que possa ter uma existência melhor se realizando e se tornando mais feliz.

A UNIVERSIDADE PÚBLICA COMO ESPAÇOS DA ELITE


Ingrid Pinheiro
        
        O ensino público, gratuito e de qualidade é um direito de todos os brasileiros previsto na constituição, tanto no ensino básico quanto no ensino superior. Apesar disto, as universidades públicas atuais não conseguem atender a demanda de alunos, e em virtude disto elaboram provas de conhecimentos como uma forma de filtrar quem irá conseguir uma vaga, garantindo que o futuro aluno tenha um mínimo de conhecimentos básicos para poder concluir a graduação. Este sistema, porém, alimenta uma problemática latente: majoritariamente são os ricos e os de classe média que tem acesso a esta modalidade de ensino, enquanto a classe mais pobre é mais uma vez marginalizada.
         Esta definitivamente não é uma problemática recente, conforme apontado do texto de Antônio Martins em 2002, o qual menciona uma luta do movimento estudantil por uma universidade de caráter menos elitista desde 1945. Com o advento das universidades particulares que pipocaram a partir do começo do século XX, parte da demanda que não conseguiu ingressar no ensino superior público acaba optando pelo ensino privado. Ainda assim, ao contrário do senso comum, não são os menos favorecidos que ocupam estas vagas também.
         É necessário pontuar que o principal fator para esta desigualdade de oportunidades de acesso à universidade pública, além da falta de infraestrutura para atender a demanda, é a má qualidade do ensino básico brasileiro. Devido à falta de investimento no governo na educação básica, esta encontra-se em um triste quadro de abandono, onde há problemas desde a infraestrutura dos estabelecimentos até aos profissionais de ensino, que devido as péssimas condições de trabalho e a desvalorização profissional, quando não largam a profissão, trabalham completamente desmotivados. Com estas condições, não é de se estranhar que os alunos egressos deste sistema tenham dificuldade em competir pelas vagas nas universidades públicas.
         Por outro lado, as escolas de ensino básico privadas estão na direção contrária. Como as vagas no ensino superior público são escassas perante a demanda, “ganha” o colégio que obtém o maior número de alunos aprovados, que posteriormente aumentará seu lucro a partir das novas matrículas feitas por pais que querem ver o nome de seus filhos entre estes aprovados. Desse modo, as escolas particulares investem pesado na aprovação de seus alunos desde a infância. Não somente os alunos são atolados de conteúdos que podem cair na prova como também são treinados a como fazer as provas desde o fundamental I. Além do ensino básico particular, estes pais costumam investir muito em cursinhos preparatórios, intensivos e simulados, na tentativa de garantir a aprovação de seus filhos.
         Analisando os dois lados desta moeda, como podemos esperar que o egresso do sistema público, que muitas vezes passou meses sem o professor de uma ou mais matérias, possa competir de forma igualitária com o aluno que passou anos a fio sendo treinado para esta prova? Não podemos. E o resultado disto é o que vemos hoje: 7,2% dos estudantes de universidades públicas provém da classe mais pobre, enquanto 38% estão na classe mais abastada e os demais na classe média (dados do SIS – Síntese de Índices Sociais de 2014). Não há igualdade de oportunidades no sistema atual e com toda certeza não há igualdade de acesso.
         A pergunta mais importante que fica de toda esta discussão é: como podemos mudar isso? A solução não é simples e nem existe uma fórmula mágica. É necessário reestruturar e desenvolver o ensino básico público de qualidade, tornando-o equiparável ao ensino particular. Além desta medida a longo prazo, também é necessário filtrar melhor o acesso ao ensino público, de modo que haja um ingresso prioritário daqueles alunos de baixa renda. Neste ponto, podemos ver uma pequena luz no fim do túnel a partir da instituição de cotas de acesso as universidades, que desde sua regulamentação através de lei em 2012 vem aumentando o ingresso e permanência da classe menos abastada nesta modalidade de ensino. Não é simples e não é fácil, mas continuaremos na luta por uma universidade menos elitista hoje e por todo o nosso futuro.



DIFICULDADE DE ACESSO À INFORMAÇÕES DENTRO DE ESPAÇOS PÚBLICOS  


                                                                Crislane Kelly Dos Santos Pinheiro

O acesso à informação é um direito fundamental em uma sociedade democrática. Em um ambiente universitário não poderia ser diferente. Mesmo assim, é possível ver situações nas quais os alunos universitários, principalmente os recém-chegados e chamados calouros, ficam a padecer sem conhecimentos primordiais para este novo ambiente. A ideia do pleno direito à informação é a de desconstruir a lógica que vigorou por tanto tempo, como durante o regime militar no Brasil. Ou seja, buscar atuar na ideia de que tudo deve ser público e publicizado, até que se diga o contrário. Com o intuito de fortalecer essa ideia, foi criada em 2012 a Lei de Acesso à Informação.
Dentro das universidades os centros acadêmicos são instrumentos essenciais de convivência cultural entre os alunos e desempenha papéis importantes para a vida e formação dos universitários. Dos papéis desempenhados pelos centros acadêmicos, um deles é oferecer o acesso dos estudantes às informações relacionadas ao ambiente universitário, não só oferecer sociais e festinhas.
Por isso, deve ser cobrado de seus centros acadêmicos e das Secretarias de Administração Acadêmica divulgação sobre o meio acadêmico. Um pequeno exemplo que posso dar é o meu. Sou estudante do curso de Letras e não sabia que deveria me encaminhar ao SAA (Secretaria de Administração Acadêmica) para fazer a opção entre licenciatura ou bacharelado. Por sorte, consegui fazer a escolha a tempo, soube por um boato aqui e outro ali. Nenhuma informação foi dada a mim. Outro grande exemplo é a formação da grade de matrícula nas disciplinas no Matrícula Web, conhecimento pouco divulgado sobre como funciona. É normal sentir-se perdido no início do curso, mas continuar sentir-se desta maneira passando mais da metade dele continua sendo normal?
Muito tem se falado de uma Universidade mais humanizada, mas o que de fato elas fazem para que esse universo de TCC, artigos e seminários torne um espaço mais humano e agradável para viver uns quatro anos ou mais? O acesso à informação é ,de fato, um dos principais antídotos contra a corrupção, e já se mostrou útil. O direito de acesso provém da ideia básica de que estamos em uma democracia e é dever do Estado facilitar o acesso à estas informações. É obrigação da Universidade ser mais humana, ser mais compreensível, ser mais acessível.
Na própria estrutura administrativa e acadêmica da Universidade de Brasília possui nos princípios da gestão, inciso X, o seguinte: “compromisso com a democratização da educação no que concerne à gestão, à igualdade de oportunidade de acesso, e com a socialização de seus benefícios”. Democratizar é torná-la acessível e transparente. O acesso à informação gera democracia.
 O direito à informação está inscrito no artigo 19 da Declaração Universal dos Direitos Humanos, da Organização das Nações Unidas (ONU). uma lei de acesso à informação pública tem como consequência maior efetividade e eficácia das políticas públicas e, consequentemente, da educação pública. O público não é tão público assim, mas deveria ser. O transparente continua um pouco opaco. Mas com ações promovidas pelas próprias Universidades é possível ver a diferença em pouco tempo.
A Universidade de Brasília tem se aprimorado no site boasvindas.unb.br que, dentre tantas informações, auxiliam os alunos oferecendo passo a passo o realizar de atividades como matrícula nas disciplinas, registro acadêmico, auxilio estudantil e outros. Pouco a pouco a educação se adapta ao mundo de acesso à informação e assim, teremos mias democracia.


A CULTURA NA EDUCAÇÃO: CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA IDENTIDADE                                                                    ...