A IMPORTÂNCIA DA FILOSOFIA PARA A EDUCAÇÃO
Diego Wenceslau
O objetivo desse artigo é explicitar a
importância da filosofia na educação. Isto se faz necessário, pois com a
reforma da educação brasileira matérias importantes como a filosofia foram
“flexibilizadas” e de certa maneira perderam parte de sua importância e
relevância nas escolas.
De certa forma a filosofia ocidental,
como a conhecemos, foi inaugurada por filósofos gregos como Sócrates,
Aristóteles, Platão e outros. Estes pensadores acreditavam que é preciso
encontrar a explicação da realidade do mundo nele mesmo e não na religião ou na
mitologia e questionavam a validade do pensamento mítico, para eles o primeiro
compromisso imposto pelo exercício do conhecimento é com a verdade. A filosofia
grega buscava superação racional da mítica afirmando a condição do homem como
fundada numa essência imutável e eterna, perfeita em si mesma, mas comprometida
com seu vínculo com a matéria. A filosofia tinha como esforço buscar conhecer
todos os objetos do mundo e, além disso, conhecer também a natureza humana pois
era em função do conhecimento da natureza humana é podíamos avaliar a
procedência do comportamento humano.
Deste modo, a
filosofia surgida como tentativa de explicar racionalmente todos os aspectos da
realidade nasce simultaneamente como proposta de educação dos homens, pois o
filósofo sente a necessidade de compartilhar suas descobertas, reflexões ou
críticas. Assim, a filosofia nasce intimamente articulada com a pedagogia,
deste modo ela é uma Paidéia, ou seja, é uma proposta de acordo com a qual nós
deveríamos estar usando nossa capacidade de convencimento para a educação do
indivíduo ao longo da sua existência.
Os
predecessores de Sócrates, conhecidos como pré-socráticos, são os primeiros a
questionar a validade do pensamento mítico. Assim, com os poucos recursos
científicos que eles dispunham naquele momento, eles conseguem unificar a
experiência humana atribuindo a um determinado elemento físico a
responsabilidade pela natureza de todos os objetos. Todos os seres e objetos
têm uma arché, ou seja, o elemento constitutivo básico do qual a totalidade do
universo seria constituída, sendo assim um princípio originário seja a água, o
fogo, o ar ou a terra, mas o importante mesmo é o princípio ordenador da
multiplicidade da experiência. Entre os pré-socráticos estavam os sofistas,
este grupo de filósofos teve o mérito de reconhecer a importância dos sujeitos
humanos, pois para eles o homem é a medida de todas as coisas, mas enviesaram
esse princípio ao defenderem que isso legitimaria o homem a buscar apenas seus
interesses particulares, Sócrates em oposição a esta visão acreditava que é necessário
que se leve em consideração o interesse comum de todos e as referências
universais que são dadas pelo conhecimento, ele defende que o nosso compromisso
deve ser com a verdade e não com a mera utilidade pragmática, para ele devemos
conhecer o bem e a verdade e com base nela agir de forma justa.
Nesse sentido,
Sócrates enxerga nos sofistas um pragmatismo exacerbado e a busca de um
conhecimento calculista para as finalidades políticas daquela época e vai
propor o uso do conhecimento compromissado exclusivamente com a busca da verdade,
assim, com Sócrates, a filosofia torna-se literalmente uma pedagogia na
formação da juventude, na formação dos espíritos para o exercício do
conhecimento, a posição de Sócrates é conhecida como sendo a de um intelectualismo
moral, ou seja, com base no conhecimento racional e sistemático é que podemos
encontrar as diretrizes para o comportamento humano, ético, político... Nesse
sentido, Sócrates desenvolve uma pedagogia da inteligência partindo da ideia
que todos os indivíduos, até os mais simples, trazem dentro de si todo o
potencial desse conhecimento, faz uma proposta de uma maiêutica, ou seja, da
arte em que o educador na medida em que vai interrogando de maneira adequada o
seu discípulo, seu discípulo vai conseguindo encontrar em si mesmo as razões,
as explicações e as verdades. Por este motivo Sócrates foi condenado pela
sociedade ateniense exatamente por estar propondo uma educação revolucionária
da juventude que ia contra as propostas e as ideologias vigentes que decorriam
da mentalidade mítica que ainda resistia ao avanço da cultura grega naquele
momento.
Dessa maneira, é
certo que atualmente não pensamos mais em termos de essência, mas o papel da
filosofia continua sendo o mesmo que é de questionar e procurar seu significado
e significados. Sé é verdade que não mais explicamos as coisas e o homem pela
perspectiva grega, continuamos enfrentando os mesmos problemas enfrentados por
esses primeiros filósofos, continuamos buscando respostas para eles até os dias
atuais, por exemplo: somos mesmo capazes de conhecer a verdade? Como organizar
a sociedade para que possamos viver dignamente? Quais são os nossos principais
problemas? Qual é o sentido da vida? As respostas filosóficas formuladas pelo
homem ao decorrer da história mudam bastante, mas as questões que as fizeram surgir permanecem. Por fim, a
educação continua com o mesmo desafio que é levar o homem, a partir da sua
experiência, a encontrar os caminhos mais adequados da sua existência, de forma
que possa ter uma existência melhor se realizando e se tornando mais feliz.
Nenhum comentário:
Postar um comentário