sábado, 13 de outubro de 2018


EDUCAÇÃO INDÍGENA TICUNA


                                                                                      Francisco Assis Pereira Tenazor

Historicamente, a educação Escolar Indígena no Brasil, possui três períodos distintos. O primeiro período - “A escola de Catequese” – contemporâneo com os dois primeiros séculos de colonização, vai de 1549 a 1759/67. O segundo período – “As primeiras Letras e o Projeto Civilizatório – vai do século XVIII até meados do século XX. Terceiro período – “O ensino Bilíngue” dos anos 1970 até o século XXI dividido em duas fases: A primeira fase – “A FUNAI, o SIL e a Educação Bilíngue de transição”. A posterior criação da FUNAI – Fundação Nacional do Índio – em 1967 trouxe algumas mudanças: elege-se oficialmente o ensino bilíngue como forma de respeitar os valores tribais; em 1973, o Estatuto do índio Lei nº 6001/73 tornou obrigatório o ensino das línguas nativas nas escolas indígenas.Essa educação escolar oficial para índios não difere estruturalmente nem no funcionamento nem no pressuposto ideológicos, da educação missionária jesuíta.
A segunda fase “O indigenismo Alternativo o Movimento indígena e as Escolas Indígenas caracteriza-se pela realização de projetos alternativos de educação, como a participação de Organizações não Governamentais (ONGs) surgidas no final dos anos 1970, na ditadura militar. É o período também de realização de assembleias indígenas em todo o país que proporcionaram a articulação de lideranças indígenas até então isolados entre si. Começa um período experienciais dos anos 1980pela CPI com os povos indígenas, na região do Alto Solimões, essa experiência resulta na criação de Organização dos Professores Ticunas Bilíngue (OGPTB). Essa organização teve algum sucesso na elaboração de diretrizes norteadoras para que fosse garantida a preservação da cultura ticuna.
Nos anos 1980, houve um crescimento do chamado movimento indígena resultado na criação e consolidação de diversas organizações de educadores indígenas. “Educação Indígena” feita pelos próprios índios em seu cotidiano e “Educação para o Índio” em linhas gerais, seria uma educação não índia imposta sobre a cultura indígena. Inicia-se então um movimento de criação de diferentes experiências escolares indígenas e de formação de educadores.
Em relação a legislação educacional, em 1991, o Decreto Presidencial nº 26 de 04/02/91 nos seus artigos 1º e 2° determina que cabe ao Ministério da Educação “coordenar as ações referentes a educação indígenas”. Tais ações serão desenvolvidas pelas secretarias de educação dos Estados e Municípios em consonância com as secretarias Nacional da Educação do Ministério da Educação. Há assim um esvaziamento da Funai já que suas atribuições passam a ser divididas por outros ministérios. A passagem da educação escolar indígena da FUNAI para o MEC com o decreto 26/91 potencializou as possibilidades de concepção de uma política de educação escolar indígena, de acordo não só com os novos preceitos constitucionais mas também se apoiando em experiências significativas de projetos desenvolvidos por entidades de apoio dos índios e ao encontro das propostas e reivindicações formuladas no bojo de uma nova faceta do movimento indígena. O governo Federal resolveu, após diversas reações contrárias, publicar a portaria nº 559, de 16/04/91 e acatar grande parte das reivindicações dos povos indígenas sobre educação escolar. A portaria regulamentar a competência do MEC para coordenar as ações de educação indígena tem como objetivo: garantir que as ações educacionais destinadas às populações indígenas fundamentem-se no reconhecimento de suas organizações sociais, costumes, línguas, crenças e nos seus processos próprios de transmissão do saber. No campo da educação, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, institui como dever do Estado  a oferta de uma educação escolar Bilíngue e intercultural e uma legislação regulamentar – a Resolução CEB nº 3 do CNE de 1999 – veio estabelecer diretrizes curricular nacionais e fixar normas para o reconhecimento e funcionamento das escolas indígenas.
Entendemos que a municipalização e a estadualização empreendida na década em especial após a promulgação da LDB em 1996, sem o devido acompanhamento, fiscalização e apoio estratégico do MEC, tem produzido na realidade a pulverização das ações, enfraquecendo e até impedindo uma eficiência maior na educação escolar indígena.
Todo esse quadro trouxe inevitavelmente um grande estimulo a discussão sobre escolarização das aldeias, com inúmeros projetos de capacitação de professores indígenas sendo realizados no país nos últimos anos com financiamento público e com a participação de secretarias, universidades e ONGs.

IMPLANTAÇÃO DA ESCOLA

Podemos perceber os ticunas como um meio de sobrevivência, uma estratégia de luta no cerne das relações sociais.O modelo de escola observado nas escolas indígenas do Alto Solimões não é um modelo indígena e sim, um modelo de escola não indígena apesar de os professores serem bilíngue não deixa de ser uma escola nos moldes não indígena. Os problemas apontados em relação à deficiência na forma em que são transmitidas as crenças e rituais na escola indígena podem estar relacionados a vários aspectos que influenciam no desenvolvimento do processo de ensino, aprendizagem dos alunos.
Sabemos que ninguém escapa da educação, por isso o povo Ticuna com toda certeza possui uma forma singular de educação. A educação mesmo nos moldes dos não indígenas pode contribuir consideravelmente no processo de preservação cultural, é preciso, portanto de envolvimento e comprometimento profissional dos educadores.
Nos dias atuais as escolas na minha comunidade são estruturadas com modelo não indígenas com professores indígenas e não indígenas. No passado os primeiros professores bilíngue ministravam suas aulas em um chapéu de palha chamado de “casa da moça” onde é realizado a maior festa tradicional do povo ticuna. Hoje em dia as escolas são bem modernas, coma salas de aula possuindo ar-condicionado, laboratório de informática, secretarias, refeitórios e quadra poliesportiva. Os materiais didáticos são recebidos do Estado e da Prefeitura Municipal.
       


Nenhum comentário:

Postar um comentário

A CULTURA NA EDUCAÇÃO: CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA IDENTIDADE                                                                    ...