terça-feira, 11 de junho de 2019

A CULTURA NA EDUCAÇÃO: CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA IDENTIDADE 

Resultado de imagem para cultura e educação
                                                                      Kamila Santana Magalhães 

   A cultura é uma das principais influenciadoras na (re) construção da personalidade/identidade dos seres humanos. Assim, a (re) construção de identidade cultural do aluno alcançará mais eficácia a partir da multidisciplinariedade entre as disciplinas, as quais, atualmente, possuem um movimento unidirecional e poucas introduzem elementos e signos culturais em suas atividades. Vygotsky propõe, em sua teoria da mediação, que o sujeito é uma construção do seu meio histórico-cultural e se desenvolve através de signos e instrumentos culturais que o auxiliam na sua construção interpessoal e intrapessoal:
“Instrumentos e signos são construções socioculturais; através da apropriação (internalização) destas construções, via interação social, o sujeito se desenvolve cognitivamente. [...] No desenvolvimento cultural da criança toda a função aparece duas vezes - primeiro, em nível social e, depois, em nível individual; primeiro entre pessoas (interpessoal) e, depois, se dá no interior da própria criança (intrapessoal).” (Vygotsky, 1930).

       Por meio dessa mediação simbólica os indivíduos podem ter experiências concretas e mediadas, sendo que é através do contato com instrumentos e signos que o ser humano pode, efetivamente, construir, reconstruir ou gerar conhecimentos que proporcionem seu desenvolvimento. Alunos que se encontram na fase da puberdade possuem a necessidade de se (re) afirmar dentro de uma sociedade já culturalmente construída, entretanto essa necessidade alia-se a dificuldade de se definir em meio a esta diversidade já estabelecida. A cada idade estabelecem-se tipos próprios de interações entre o sujeito e seu meio, na fase da puberdade a interação é mais fortemente com um ou outro aspecto de seu contexto, e extraem dele os recursos para o desenvolvimento de sua personalidade.
     Wallon descreve, em sua teoria psicogenética, a criança como sendo um ser essencialmente emocional e sua construção acontece gradualmente. Segundo Galvão (2000), Wallon argumenta que as trocas relacionais da criança com os outros são fundamentais para o desenvolvimento da pessoa. As crianças nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no qual o homem e a sua realidade em contínua transformação, é apresentada por Wallon em estágios, como, por exemplo, o quinto estágio: estágio da puberdade e da adolescência, no qual o pré-adolescente ou adolescente durante a puberdade tem necessidade de recriar e reafirmar sua personalidade, colocando-se em oposição e negação à sociedade, aos princípios morais e éticos. Ele também considera a personalidade como a maneira habitual ou constante de agir e de ser de cada indivíduo, construída a partir das condições de existência e os resultados das atividades possíveis de acordo com suas possibilidades. 
         Levando em consideração essa necessidade, deve-se abrir um espaço na escola que possibilite aos alunos se expressarem e se posicionarem em diferentes situações, para obterem experiências significativas na construção de sua personalidade a partir de seu contexto sociocultural. Procurando, principalmente, realizar um método de pedagogia que humanize as relações entre pessoas, possibilitando que o aluno ative suas emoções e a afetividade ao longo do convívio social com os professores e os colegas. O ambiente escolar pode-se tornar um ótimo lugar para inserir os elementos culturais na vida dos alunos, de modo que os alunos possam usar os conhecimentos produzidos em seu cotidiano. Assim, o educador deve avaliar os alunos de forma coletiva construindo relações entre pessoas e individualmente, pois cada um pensa e age de uma determinada maneira, avaliando os progressos, as dificuldades e as mudanças de personalidades. Para isso, devem ser propostas produções literárias, debates, oficinas de criações artísticas, exposições de materiais feitos pelos próprios alunos, pesquisas e trabalhos coletivos que visem à interdisciplinaridade, a criatividade e a expressão dos alunos. 
Deve-se ter nas escolas o processo de conscientização de professores e alunos no sentido de buscar e usar a informação, na direção do enriquecimento intelectual, na autoinstrução. Isso significa que não podemos admitir, nos tempos de hoje, um professor que seja um mero repassador de informações. O que se exige, é que ele seja um criador de ambientes de aprendizagem, parceiro e colaborador no processo de construção do conhecimento, que se atualize continuamente, propiciando o diálogo ativo com o mundo do conhecimento, apresentando informações através de um contínuo canal de escolhas individuais, assim permitindo que os alunos naveguem e determinem os caminhos que querem seguir.

Referências Bibliográficas: 

LA TAILLE, YVES DE; OLIVEIRA, MARTA KOHL DE.  Piaget, Vygotsky, Wallon:  teorias psicogenéticas em discussão.  São Paulo : Summus.

ANA LUÍSA SMOLKA,    MARIA     CECILIA    RAFAEL    DE   GÓES(orgs). A linguagem e o outro   no espaço escolar: Vygotsky e a construção do conhecimento. 4 ed. Campinas :Papirus, 1995.  (Coleção Magistério:  formação e trabalho pedagógico). 

GALVÃO, IZABEL. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infaltil. 7ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.

Um comentário:

A CULTURA NA EDUCAÇÃO: CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA IDENTIDADE                                                                    ...