A DESVALORIZAÇÃO DO
ALUNO NO ENSINO SUPERIOR
Maria de Nazaré F. Veiga
“Cansado (a)? Mas você só estuda! “ Uma das frases mais ouvidas durante
a vida acadêmica de um estudante, como se fosse uma tarefa fácil sentar em uma
mesa, ler e reler algum conteúdo até compreende-lo, como se o cansaço mental
não chegasse aos pés de um cansaço físico, pois bem, pensar também cansa.
Essa desvalorização do estudante é simplesmente cultural, embora seja
bastante ouvido nas escolas o discurso de que só a educação pode mudar o mundo,
o brasileiro não é incentivado a estudar, nem por parte da própria sociedade, e
nem do governo, o máximo que o governo fez foi criar programas que ajudam a
ingressar no ensino superior, mas para isso é preciso estudar, por conta da
concorrência.
Depois de terminar o ensino fundamental e o médio que são gratuitos por
lei, o indivíduo vai à procura de um emprego e assim adiando sua entrada no
ensino superior, ou até mesmo não chegar a cursar uma faculdade, essa é uma
realidade dos brasileiros de baixa renda, eles veem a educação como
investimento, mas também como gasto, pois tem mensalidade de curso, comprar
livros etc.
Ainda no fator cultural, é nítido
quando aparece uma pessoa que optou por somente estudar para algum concurso ou
somente estudar para ter uma melhora no desempenho na faculdade, é taxado como
“desocupado”. Tem se tornado cada dia mais comum as pessoas abrirem mão de uma
independência financeira momentânea para se dedicar aos estudos, em busca de um
resultado.
Entrando na questão do ensino superior, o estudante universitário tem
que lidar com a desvalorização não só por parte da sociedade, mas também por
parte da família, como o trabalho físico é mais valorizado que o mental, a
família acaba cobrando mais do estudante, pois a ideia é: se o indivíduo não
tem emprego vai ter mais tempo para estudar, causando uma certa pressão.
Essa pressão familiar pode até ser considerada normal, mas se ir além
pode causar uma frustração em ambos os lados, podendo desencadear uma cobrança
exagerada por parte do próprio estudante, por não conseguir alcançar os anseios
dos pais, refletindo em um baixo desempenho, quadros de ansiedade e até mesmo
desenvolver uma depressão.
Também existe a questão de algumas famílias cobrarem pelo bom resultado
para mostrar as pessoas como o filho está indo bem na faculdade, como o “futuro
dele está promissor”, digamos que seja para dar satisfação à sociedade, assim
retornamos a ideia de que se o indivíduo não trabalha e só estuda, é obrigação
dele alcançar ótimos resultados.
Portanto, todos os estudantes sofrem com a desvalorização, mas os alunos
do ensino superior sofrem em maior intensidade, citadas no decorrer do texto,
não existe uma formula pronta para resolver esse problema, mas aos poucos
podemos alcançar uma melhora, e a família tem um grande papel a desempenhar,
respeitando o tempo e o espaço do estudante, já em relação a sociedade, só com
o tempo e a conscientização para perceber que o cansaço mental não é
insignificante.
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