sábado, 13 de outubro de 2018


A DESVALORIZAÇÃO DO ALUNO NO ENSINO SUPERIOR


Maria de Nazaré F. Veiga

“Cansado (a)? Mas você só estuda! “ Uma das frases mais ouvidas durante a vida acadêmica de um estudante, como se fosse uma tarefa fácil sentar em uma mesa, ler e reler algum conteúdo até compreende-lo, como se o cansaço mental não chegasse aos pés de um cansaço físico, pois bem, pensar também cansa.
Essa desvalorização do estudante é simplesmente cultural, embora seja bastante ouvido nas escolas o discurso de que só a educação pode mudar o mundo, o brasileiro não é incentivado a estudar, nem por parte da própria sociedade, e nem do governo, o máximo que o governo fez foi criar programas que ajudam a ingressar no ensino superior, mas para isso é preciso estudar, por conta da concorrência.
Depois de terminar o ensino fundamental e o médio que são gratuitos por lei, o indivíduo vai à procura de um emprego e assim adiando sua entrada no ensino superior, ou até mesmo não chegar a cursar uma faculdade, essa é uma realidade dos brasileiros de baixa renda, eles veem a educação como investimento, mas também como gasto, pois tem mensalidade de curso, comprar livros etc.
 Ainda no fator cultural, é nítido quando aparece uma pessoa que optou por somente estudar para algum concurso ou somente estudar para ter uma melhora no desempenho na faculdade, é taxado como “desocupado”. Tem se tornado cada dia mais comum as pessoas abrirem mão de uma independência financeira momentânea para se dedicar aos estudos, em busca de um resultado.
Entrando na questão do ensino superior, o estudante universitário tem que lidar com a desvalorização não só por parte da sociedade, mas também por parte da família, como o trabalho físico é mais valorizado que o mental, a família acaba cobrando mais do estudante, pois a ideia é: se o indivíduo não tem emprego vai ter mais tempo para estudar, causando uma certa pressão.
Essa pressão familiar pode até ser considerada normal, mas se ir além pode causar uma frustração em ambos os lados, podendo desencadear uma cobrança exagerada por parte do próprio estudante, por não conseguir alcançar os anseios dos pais, refletindo em um baixo desempenho, quadros de ansiedade e até mesmo desenvolver uma depressão.
Também existe a questão de algumas famílias cobrarem pelo bom resultado para mostrar as pessoas como o filho está indo bem na faculdade, como o “futuro dele está promissor”, digamos que seja para dar satisfação à sociedade, assim retornamos a ideia de que se o indivíduo não trabalha e só estuda, é obrigação dele alcançar ótimos resultados.
Portanto, todos os estudantes sofrem com a desvalorização, mas os alunos do ensino superior sofrem em maior intensidade, citadas no decorrer do texto, não existe uma formula pronta para resolver esse problema, mas aos poucos podemos alcançar uma melhora, e a família tem um grande papel a desempenhar, respeitando o tempo e o espaço do estudante, já em relação a sociedade, só com o tempo e a conscientização para perceber que o cansaço mental não é insignificante.

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