OS IMPACTOS DAS DIFERENÇAS DE CAPITAL CULTURAL ENTRE ESTUDANTES
Larissa
Alves de Almeida
Em consonância com os diálogos
durante a realização da disciplina de Organização da Educação Brasileira – OEB,
ofertada pela Faculdade de Educação, na Universidade de Brasília, bem como com
os diálogos e intervenções dos alunos junto à professora Andrea Vieira,
chegou-se à conclusão de que o tema referido seria oportuno. Depoimentos dos
colegas incentivaram e propiciaram as discussões e reflexões sobre temas que
hoje são problemáticos em face da educação brasileira.
Após inúmeros debates e reflexões a
respeito da educação brasileira e seus problemas (em maior quantidade que suas
qualidades), principalmente em relação a mazelas políticas e legais, após
seminários em que grupos foram divididos e oportunizada a reflexão, por fim,
reunidos percebeu-se que era interessante a reflexão sobre o tema referente às
desigualdades sociais entre os estudantes. Isso se dá, principalmente, em
relação aos alunos de escolas públicas, uma vez que são diretamente vinculados
às ações e políticas estatais, sofrendo com decisões de cunho estratégico
social que parte dos governantes. Estudantes de escolas particulares, por sua
vez, são reflexo da economia privada e empresarial, que predomina nas economias
neoliberais, por exemplo. Empresas ditam regras e coordenam o país, pois se considera
o Capital Mundial, maior determinante das decisões políticas hoje.
A diferença social entre estudantes de
escolas públicas e privadas é mais expressiva quando um e outro ingressam na
Universidade Pública, hoje ainda reconhecida e cobiçada por seus alunos, pela
altíssima qualidade de seus professores e ampla alternativa de disciplinas,
conhecimento e possibilidade de desenvolvimento. Durante os debates na
disciplina, houve diversos depoimentos de colegas, uns vindos de escolas
públicas, outros de escolas privadas. Notou-se o abismo entre o ensino e as
dificuldades encontradas na Universidade Pública – no caso, na Universidade de
Brasília.
Libâneo (2012, p. 17) bem destaca o impasse
entre a educação pública e a privada. Entende ser um conhecimento para os
ricos, e acolhimento para os pobres. Defende que não se deve manter uma escola
assentada no conhecimento, domínio dos conteúdos, mas sim uma escola que
valorizará formas de organização das relações humanas, em que prevaleçam a
integração social, convivência, compartilhamento, solidariedade.
O autor (2012, p. 21) entende,
também, que “[...] o insucesso da escola pública deve-se ao fato de ela ser
tradicional, estar baseada no conteúdo, ser autoritária e, com isso,
constituir-se como uma escola que reprova, exclui os mal-sucedidos, discrimina
os pobres [...]”, além de levar ao abandono da escola, provocando violenta
resistência dos alunos. É o retrato da escola que sobrou aos pobres, com
missões acolhedoras e assistenciais, precipuamente, transformada na caricatura
de inclusão social, prejudicando, por sua vez, a qualidade do ensino (Idem, p. 23).
É preciso refletir e contestar os
modelos educacionais tradicionais do Brasil, que tanto prejudicam e afastam os
jovens, degradando o modelo de educação. O investimento é precário e suas
políticas são defasadas, objetivando apenas suprir faltas na educação pública,
sem refletir e repensar o modelo de aprendizagem. A marginalidade e a violência
crescem, ocasionando um afastamento do indivíduo da escola. Como podemos notar
em Penin e Vieira (p. 28), é necessário aprender a ser, contribuindo para o
desenvolvimento total da pessoa em sua inteligência, sensibilidade,
responsabilidade pessoal, espiritualidade. Isso deve ser para todos os
estudantes, todos os alunos, em todas as camadas sociais.
REFERÊNCIAS
LIBÂNEO, José Carlos. O dualismo perverso da escola pública
brasileira: escola do conhecimento
para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres. São Paulo:
Educação e Pesquisa, v. 38, n. 1, p. 13-28, 2012.
PENIN, Sonia T. Sousa e
VIEIRA, Sofia Lerche. Refletindo sobre a
função social da escola. S/d.
Nenhum comentário:
Postar um comentário