domingo, 14 de outubro de 2018


OS IMPACTOS DAS DIFERENÇAS DE CAPITAL CULTURAL ENTRE ESTUDANTES


                                                                               Larissa Alves de Almeida

            Em consonância com os diálogos durante a realização da disciplina de Organização da Educação Brasileira – OEB, ofertada pela Faculdade de Educação, na Universidade de Brasília, bem como com os diálogos e intervenções dos alunos junto à professora Andrea Vieira, chegou-se à conclusão de que o tema referido seria oportuno. Depoimentos dos colegas incentivaram e propiciaram as discussões e reflexões sobre temas que hoje são problemáticos em face da educação brasileira.
       Após inúmeros debates e reflexões a respeito da educação brasileira e seus problemas (em maior quantidade que suas qualidades), principalmente em relação a mazelas políticas e legais, após seminários em que grupos foram divididos e oportunizada a reflexão, por fim, reunidos percebeu-se que era interessante a reflexão sobre o tema referente às desigualdades sociais entre os estudantes. Isso se dá, principalmente, em relação aos alunos de escolas públicas, uma vez que são diretamente vinculados às ações e políticas estatais, sofrendo com decisões de cunho estratégico social que parte dos governantes. Estudantes de escolas particulares, por sua vez, são reflexo da economia privada e empresarial, que predomina nas economias neoliberais, por exemplo. Empresas ditam regras e coordenam o país, pois se considera o Capital Mundial, maior determinante das decisões políticas hoje.
          A diferença social entre estudantes de escolas públicas e privadas é mais expressiva quando um e outro ingressam na Universidade Pública, hoje ainda reconhecida e cobiçada por seus alunos, pela altíssima qualidade de seus professores e ampla alternativa de disciplinas, conhecimento e possibilidade de desenvolvimento. Durante os debates na disciplina, houve diversos depoimentos de colegas, uns vindos de escolas públicas, outros de escolas privadas. Notou-se o abismo entre o ensino e as dificuldades encontradas na Universidade Pública – no caso, na Universidade de Brasília.
        É notório que o choque social, principalmente no que diz respeito ao capital cultural, atinge todos os estudantes ao ingressarem na Universidade. Os provenientes de escolas públicas sofrem enfrentamento e dificuldades de inserção. Em certa ocasião, ouviu-se durante a aula a frase: “Quando entrei, encontrei colegas que sabiam falar inglês, francês, alemão, enquanto eu mal sabia o português”. Alunos que conseguem acesso à Universidade Pública, advindos de escolas públicas, estudam e cursam disciplinas juntamente a estudantes de classes sociais mais altas, percebendo claramente a diferença na educação e no conhecimento. Tudo isso em razão do que chamamos oportunidade.
          Libâneo (2012, p. 17) bem destaca o impasse entre a educação pública e a privada. Entende ser um conhecimento para os ricos, e acolhimento para os pobres. Defende que não se deve manter uma escola assentada no conhecimento, domínio dos conteúdos, mas sim uma escola que valorizará formas de organização das relações humanas, em que prevaleçam a integração social, convivência, compartilhamento, solidariedade.
       O autor (2012, p. 21) entende, também, que “[...] o insucesso da escola pública deve-se ao fato de ela ser tradicional, estar baseada no conteúdo, ser autoritária e, com isso, constituir-se como uma escola que reprova, exclui os mal-sucedidos, discrimina os pobres [...]”, além de levar ao abandono da escola, provocando violenta resistência dos alunos. É o retrato da escola que sobrou aos pobres, com missões acolhedoras e assistenciais, precipuamente, transformada na caricatura de inclusão social, prejudicando, por sua vez, a qualidade do ensino (Idem, p. 23).
       É preciso refletir e contestar os modelos educacionais tradicionais do Brasil, que tanto prejudicam e afastam os jovens, degradando o modelo de educação. O investimento é precário e suas políticas são defasadas, objetivando apenas suprir faltas na educação pública, sem refletir e repensar o modelo de aprendizagem. A marginalidade e a violência crescem, ocasionando um afastamento do indivíduo da escola. Como podemos notar em Penin e Vieira (p. 28), é necessário aprender a ser, contribuindo para o desenvolvimento total da pessoa em sua inteligência, sensibilidade, responsabilidade pessoal, espiritualidade. Isso deve ser para todos os estudantes, todos os alunos, em todas as camadas sociais.

REFERÊNCIAS
LIBÂNEO, José Carlos. O dualismo perverso da escola pública brasileira: escola do conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres. São Paulo: Educação e Pesquisa, v. 38, n. 1, p. 13-28, 2012.
PENIN, Sonia T. Sousa e VIEIRA, Sofia Lerche. Refletindo sobre a função social da escola. S/d.







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