domingo, 14 de outubro de 2018


A DESVALORIZAÇÃO DOS PROFESSORES NA PERSPECTIVA DE ESTUDANTES NA LICENCIATURA


                                                                                  Isabela Giovana Gomes

Historicamente o Brasil sempre teve dificuldades para desenvolver seu sistema educacional, isso se deve a fatores políticos, sociais e de gestão. Em uma entrevista à rádio novo tempo, quando questionado à respeito da desvalorização da educação brasileira o ex-ministro da educação Cristovam Buarque apontou como motivo dessa desvalorização a questão cultural, onde uma pessoa é respeitada não por ser culta e sim por seus bens materiais.

"Nós somos um país dividido em dois e resolvemos serviços dos ricos; transporte, saúde, moradia e educação também. A gente cuida da educação da parcela rica, por isso que as universidades são federais e as escolas de base não." (BUARQUE, 2012, Rádio novo tempo). 

Essa política elitista é muito presenciada até os anos 50, que tem como característica um modelo escolar voltado para a reflexão e formação de novos pensadores, papel cumprido atualmente por poucas escolas, que na maioria das vezes é pertencente à iniciativa privada. Atualmente, com o avanço do desenvolvimento tecnológico a função da escola vem sendo modificada, atrela-se a essa nova função a formação de novos profissionais para o mercado de trabalho para que seja suprida a necessidade deste setor.

"Eu chamo de escola fábrica de pessoas para o mercado e escola fábrica porque também é uma escola que produz com muita rapidez numa linha de montagem esse conhecimento que ela quer administrar" (MOSÉ, 2015, Café filosófico).  

Diante dessa conjuntura o professor é quem mais sofre desvalorização, a profissão que tem como papel passar adiante o conhecimento e despertar curiosidade nos alunos não recebe o enaltecimento merecido, uma carreira que possui circunstâncias cuja precariedade se sobrepõe. As condições de trabalho são adversas, falta material, estrutura e investimento, o professor recebe relativamente pouco para os padrões de vida de seus respectivos estados, enfrenta problemas socias da comunidade onde trabalha e muitas vezes é submetido a situações de risco. Nos últimos anos a procura por cursos de licenciatura nas universidades vem diminuindo de forma alarmante por conta do desprestigio com a profissão.
Alunos que procuram seguir carreira docente costumam alegar que mesmo existindo problemas na educação, a vocação para ensinar é uma das motivações para continuar na licenciatura. "Não tem como atrair os melhores jovens de um país para serem professores sem um bom salário. Não basta um bom salário para ter um bom professor.” (BUARQUE, 2012, Rádio novo tempo). Para Cristovam Buarque a solução se dá com um critério de seleção que leva em conta a vocação do candidato. Para discentes que querem ser professores entrar nessa área possibilita mesmo que remotamente mudar esse modelo escolar, contribuir para o despertar do pensamento crítico e do anseio por conhecimento em crianças, jovens e adultos para que a educação se torne menos reprodutivista.

Referências
Por que a educação brasileira é desvalorizada?. Rádio novo tempo, 2012.
MOSÉ, V. Os problemas da educação brasileira. Café filosófico, 2015.
LIBÂNEO, J.C e PIMENTA, S.G. Formação de profissionais da educação: visão crítica e perspectiva de mudança, 1999.

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