AS DIFICULDADES DE SER ALUNA E MÃE
NO CONTEXTO ACADÊMICO
Maria
Clara Nascimento
Nota-se na sociedade
contemporânea
que, entre as cobranças sociais que moldam o comportamento e as ambições da
mulher, encontra-se se tornar-se mãe. De diferentes maneiras é reforçado que ser mãe é quase
que uma necessidade natural e biológica do sexo feminino e, junto com essas pré-determinações, encontram-se outras, de cunho
social, que empreendem uma espécie de manual
de instruções a ser seguido. Padroniza-se o estado civil, a idade, a situação
financeira e o grau de escolaridade em que as mulheres devem começar a
reproduzir, o que desencadeia em uma série de dificuldades estruturais e de
logística para aquelas mulheres que fogem os padrões, principalmente as alunas
universitárias mães, devido ao despreparo das instituições de ensino superior
em relação às necessidades específicas da maternidade.
Dados do Censo
2000, realizado pelo IBGE (2000), apresentam que 8,81% das mulheres cursando o
ensino superior, com idade entre 19 e 29 anos têm
filhos na faixa etária de 0 a 4 anos e, devido à isso, podem vir a demandar
políticas públicas que lhes permitam permanecer no ambiente acadêmico e concluir
seus estudos de maneira proveitosa. Dito isso, cabe ressaltar que, entre as
dificuldades apresentadas por alunas mães dentro do ambiente acadêmico está a a
falta de tempo para realizar todas as atividades de mãe, e seguir normalmente a
vida acadêmica com todas as suas exigências.
As universidades
brasileiras apresentam um caráter negligente e descuidado para com as mulheres
mães. A ausência de programas em prol da permanência e
rendimento favorável dessas estudantes geram um grande índice de evasão acadêmica. Portanto, as políticas
que funcionam como ações facilitadoras da permanência
dos estudantes, não podem deixar de reconhecer e incluir as mulheres na
condição de mães como grupo social em desvantagem de permanência ou desempenho. Entre as demandas deste grupo
específico, encontra-se: a melhoria da qualidade das creches universitárias assim como a criação de creches
nos campus que ainda não a possuem, o incentivo aos processos de retomada dos
estudos após o nascimento de seus filhos, a
possibilidade de negociação de horários
mais flexíveis, além da possibilidade
da jovem com gravidez de risco finalizar o semestre com atividades
domiciliares, mesmo não sendo os três
últimos meses da gravidez, evitando o trancamento do semestre ou o abandono do
curso.
Neste sentido,
valida-se a a importância dos debates acadêmicos
de cunho conscientizador, com a finalidade de alcançar ambientes mais
saudáveis, igualitários, flexíveis e empoderadores para todas aquelas que
usufruem do sistema de educação brasileiro, ressaltando a necessidade de
abertura de espaços concretos de aprendizagem, respeito
e acolhimento para todas as mulheres mães universitárias,
independentemente dos contextos sociais em que elas estejam inseridas, a fim de
firma-las nas universidades e, acima de tudo, assegurar a permanência das mesmas.
Portanto, a militância
do Movimento Estudantil precisa estar em sintonia com as expressões dos demais
movimentos sociais da sociedade e coletivos universitários, como os coletivos
feministas, a fim de problematizar o espaço social das mulheres mães nas
instituições de ensino superior e garantir uma maior visibilidade à este grupo
estudantil.
SAMPAIO,
S.; URPIA, A. M. Mães e universitárias:
transitando para a vida adulta. Disponível em: http://books.scielo.org/id/n656x/pdf/sampaio-9788523212117-09.pdf
pensar
a ação política
na busca da equidade. In. Pensando Gênero e Ciência.
Encontro
Nacional de Núcleos e Grupos de Pesquisas – 2005-2006. Brasília,
2006,
PP. 11-18.
para
as Mulheres 2013-2015. Brasília, 2010.
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