ORIENTAÇÃO EDUCACIONAL - PAPEL DE UM ORIENTADOR E SUA ATUAÇÃO NAS ESCOLAS BRASILEIRAS
Mariane C. S. Costa
O conceito de orientação significa “o que guia a
ação de alguém; direção, rumo, destino”. Dentro da Pedagogia, a orientação é
uma questão tão importante que se configura como uma área específica,
denominada de “Orientação Educacional”. Mas o conceito de Orientação
Educacional, diferentemente do conceito de orientação já exposto acima, se
modificou ao longo do percurso histórico da educação brasileira.
O contexto que permitiu o surgimento da Orientação
Educacional retoma ao período em que se desencadeou a revolução industrial,
como explica o documento “Orientação Pedagógica – Serviço de Orientação
Educacional”, elaborado pela Secretaria de Estado de Educação do Distrito
Federal em 2010:
A partir da Revolução Industrial, o
contexto social mudou em atendimento às necessidades da indústria,
desencadeando mudança de comportamentos, de hábitos e de valores na sociedade
como um todo, além de alterações concretas nas formas de trabalho;
transformações essas que passaram a ser consideradas no ambiente escolar.
No Brasil, o contexto em que surgiu o Serviço de
Orientação Educacional é similar, como explica Farias (1990):
Portanto, com o novo estágio de
desenvolvimento do sistema capitalista, em nosso país, os problemas
relacionados às necessidades de formação de mão-de-obra e à aceleração do
processo de urbanização tornaram necessária a criação de um sistema de educação
elementar capaz de atender às novas exigências que diziam respeito à formação
de mão-de-obra e capaz de incorporar os novos grupos ao projeto das classes
dominantes. (p. 81).
No Brasil,
diante todas essas mudanças, políticos e educadores recomendaram uma revisão no
sistema educacional, a fim de adequá-lo às demandas que o novo modelo de
sociedade impunha. Foi recomendado pelos educadores liberais que o ensino
deveria se tornar democrático, por entenderem que o mesmo era um direito
inalienável de todo cidadão, já que o ensino se configura como um instrumento
indispensável à realização humana e à construção de uma sociedade democrática (FARIAS,
1990, p. 80).
Desde o início do século XX as empresas
ferroviárias do país mantinham suas próprias escolas destinadas à formação dos
seus trabalhadores para desempenhar certas atividades dentro da empresa. Porém
as práticas de ensino eram assistemáticas, o que significa que os operários
aprendiam imitando uma ação que o instrutor demonstrava (CUNHA, 2000, p. 96). A
mudança nesse cenário da educação profissional é explicada por Cunha (2000):
A iniciativa pioneira de aprendizagem
sistemática teve início em 1924, com a criação da Escola Profissional Mecânica
no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. O ensino de ofícios visado pelo
acordo apresentava duas inovações que vieram a ser difundidas posteriormente: a
utilização das séries metódicas e a aplicação de testes psicotécnicos para
seleção e orientação dos candidatos aos diversos cursos. (p. 96-97)
Foi por meio do professor e engenheiro Roberto
Mange, que participou da criação da Escola Profissional Mecânica, que
apareceram os primeiros sinais da Orientação Educacional no Brasil, ainda na
forma de Orientação Profissional. Nesse cenário, Farias (1990) explana sobre o
papel importante da OE na tarefa de cumprir, reforçar, a proposta ingênua de
distribuição dos homens na sociedade, segundo seus dons inatos, adequados a
outros países industrializados, em sociedades capitalistas avançadas e do
instrumento que a educação poderia servir para tais.
A Orientação Educacional foi inserida no sistema
escolar Brasileiro da forma como Maia & Garcia (1984) disseram:
[...] apoiada num referencial
basicamente psicológico, reforçaria a ideologia das aptidões naturais: a cada
um o seu lugar, de acordo com suas capacidades, seu esforço e sua
responsabilidade. A escola, espaço neutro na sociedade, ofereceria oportunidades
iguais para todos. O papel do Orientador Educacional, ‘profissional da
neutralidade’, seria o desvelamento das aptidões que o indivíduo possui
naturalmente, independente de sua condição de classe. (p. 14)
De acordo com Grinspun (2006, p. 21) “[...] em educare temos o guiar, nortear, orientar
os indivíduos; e em educere, o buscar
as potencialidades do indivíduo, no sentido de fazê-las vir de ‘ dentro para
fora’. Identifica-se dessa forma uma estreita relação da Orientação com a
educação trazendo à tona a visão de que a orientação tinha um cunho vocacional
de acordo com os vocábulos latinos.
Apesar da concepção inicial de Orientação no Brasil
ser de cunho psicológico, terapêutico e corretivo, essa profissão nasceu
principalmente de acordo instabilidade econômica que o país passava, o que
influenciou diretamente no campo educacional e o Orientador passou a ser visto
como um conselheiro, de acordo com a influência da orientação americana onde
havia um serviço de Orientação dita Vocacional, porque a proposta era orientar
alunos para a área que o mesmo escolheria para a inserção no mercado de
trabalho, ou seja, a preocupação não era o desenvolvimento do aluno mas
sim sua formação profissional; anos mais tarde, no Brasil, as Leis Orgânicas de
ensino foram criadas, também, para dar definição a cada área de ensino e suas
diversas atribuições.
Dentro de uma escola as diferenças socioculturais
são nítidas de acordo com a realidade pessoal de cada um dos estudantes e é
necessário que a instituição não valorize apenas um padrão cultural,
transformando a diferença em deficiência. O fracasso escolar está ligado ao
acesso (ou não) à escola, repetência, aquisição insuficiente do conhecimento
proposto pelo(a) professor(a), o acompanhamento familiar na vida escolar do
educando, a realidade familiar (emocional, econômica e estrutural) no que diz
respeito à composição familiar e comunidade onde o indivíduo reside.
De
acordo com PASCOAL et al. (2008, p. 109) “Como partícipe da equipe de gestão, a
orientação educacional pode se desenvolver em cinco áreas: o aluno, a escola, a
família, a comunidade e a sociedade. ” Portanto, cabe ao serviço de Orientação
Educacional, juntamente com professores, coordenação e direção, estruturar
esses agentes em torno de um espaço adequado onde o conhecimento seja proposto
e adquirido pelo educando, e qualquer vulnerabilidade seja transposta para que
o mesmo tenha êxito em suas metas.
O orientador é uma peça importante em todas as etapas e modalidades, desde a educação infantil até escolas de ensino especial. Então é fundamental que aconteça uma ação de reconhecimento do meio onde este atuará. A função principal do orientador é perceber as dificuldades do estudante e atuar de forma a favorecer o melhor desempenho dele na escola, levando em consideração como é o estudante em sala, a rotina dele, relação com a família, entre outros aspectos e assim achar a melhor solução para cada aluno individualmente. O número de estudantes também é um fator decisivo para que o orientador faça um bom trabalho. Dependendo da quantidade de alunos, uma escola pode precisar de mais de um orientador para que ele não fique sobrecarregado, mas essa é uma exigência que nem sempre é cumprida e o profissional acaba trabalhando apenas para "apagar incêndios" (resolvendo problemas urgentes).
O orientador é uma peça importante em todas as etapas e modalidades, desde a educação infantil até escolas de ensino especial. Então é fundamental que aconteça uma ação de reconhecimento do meio onde este atuará. A função principal do orientador é perceber as dificuldades do estudante e atuar de forma a favorecer o melhor desempenho dele na escola, levando em consideração como é o estudante em sala, a rotina dele, relação com a família, entre outros aspectos e assim achar a melhor solução para cada aluno individualmente. O número de estudantes também é um fator decisivo para que o orientador faça um bom trabalho. Dependendo da quantidade de alunos, uma escola pode precisar de mais de um orientador para que ele não fique sobrecarregado, mas essa é uma exigência que nem sempre é cumprida e o profissional acaba trabalhando apenas para "apagar incêndios" (resolvendo problemas urgentes).
Estratégias para que esse profissional possua uma
atuação de qualidade é essencial, pois a sua atuação influencia nas dimensões
sociais, culturais, políticas e econômicas de forma geral, da instituição de
ensino que esse trabalha, na vida dos educandos, fatalmente na família do
aluno, principalmente quando, muitas vezes, quando o ambiente escolar é tido, pelos
alunos e familiares, como um abrigo, como um serviço de acolhimento. É
necessário definir ações a serem desenvolvidas na escola pelo orientador
educacional, juntamente com o corpo docente, para que o mesmo não fique
sobrecarregado, para que talvez adaptações ou qualquer tipo de ajuda seja
provida afim de auxiliar da melhor forma os alunos que necessitarem de ajuda. O
principal papel da orientação é ajudar na formação da cidadania do educando, e
o da escola é a organização e a realização de seu projeto político pedagógico,
mas não se restringe apenas a essas atividades.
REFERÊNCIAS
CUNHA, Luiz Antonio. O ensino
industrial-manufatureiro no Brasil In: Revista Brasileira de Educação.
Mai/Jun/Jul/Ago 2000 Nº 14. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1413-24782000000200006&script=sci_abstract&tlng=pt
DISTRITO FEDERAL. Secretaria de Estado de Educação.
Orientação Pedagógica – Serviço de Orientação Educacional. Distrito Federal,
2010. 38 p.
FARIAS, Itamar Mazza. A Orientação Educacional,
seus pressupostos e sua evolução no sistema escolar Brasileiro. In: Educação
e Filosofia. v. 5, n. 9, p. 79-95, 1990. Disponível em: http://www.seer.ufu.br/index.php/EducacaoFilosofia/article/view/1231.
GRINSPUN, Mírian P.S.Z. A Orientação Educacional:
conflito de paradigmas e alternativas para a escola. São Paulo: Cortez, 2006
PASCOAL, M.; HONORATO, E. C.; ALBUQUERQUE, F. A. O
Orientador Educacional no Brasil. In: Educação em Revista. n. 47, p.
101-120, 2008. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-46982008000100006