terça-feira, 10 de julho de 2018

DESIGUALDADES EDUCACIONAIS DOS POVOS INDÍGENAS E QUILOMBOLAS




Thais Jesus da Silva

      O reconhecimento dos povos indígenas e quilombolas no Brasil tem uma grande representatividade histórica na visibilidade étnica e cultural da nossa sociedade, cujas matrizes fazem parte da nossa ancestralidade e identidade.
Sabemos que as desigualdades educacionais constituem graves problemas na sociedade brasileira e estão relacionadas à estrutura socioeconômica, cultural e política do nosso país.  Se fizermos uma análise histórica do processo de colonização do nosso país  encontraremos um Brasil com modelo europeu de escola catequizadora dos povos indígenas  por meio de conhecimentos e valores da sua sociedade, não sendo diferente em relação aos negros, que em decorrência da escravidão  se mantinham submissos à vontade dos seus senhores  sem nenhum acesso a educação.
        A Lei 10.639 de 2003 e suas diretrizes curriculares são voltadas para o ensino da educação afro-brasileira e  africana nas escolas com politicas voltadas para a valorização da identidade, da memória e da cultura negra. Mas, para que essa lei seja aplicada na prática  há ainda um grande desafio, pois nas escolas ainda há a grande problemática do preconceito e discriminação que essas pessoas sofrem no ambiente escolar. Alunos de orientação religiosa africana, como, por exemplo, candomblé e umbanda são alvos de discriminação e perseguição dentro das escolas. Essas agressões são cometidas por alunos e até por professores que fazem parte de outras religiões. Na sociedade que vivemos hoje tudo que vem do negro já é visto de uma forma pejorativa, o racismo ainda é muito frequente nas escolas, a falta de interesse das pessoas em conhecer para aprender a respeitar a diferença do outro é uma realidade.
Quando se fala em cultura negra aplicada nas escolas no plano de ensino, o único tema que se fala é sobre escravidão, desprezando totalmente a diversidade cultural dentro das escolas sem falar dos costumes do povo, de seus valores e cultura. O papel do negro na sociedade, sobretudo na educação infantil, possui conteúdo abordado de  forma folclórica,  onde se fala, por exemplo, de Saci Pererê como representação dos negros. A educação indígena da mesma forma é comemorada apenas o dia do índio onde colocam crianças sentadas em círculos com penas na cabeça e fazendo barulho representando os povos indígenas. 
É preciso mudar essa realidade! A escola deve ser um espaço onde a diversidade cultural deve ser respeitada e demonstrada de maneira profunda, para que possamos conhecer a cultura, aprender com diversidade e respeitá-la.
Assim como aponta o autor Boaventura de Souza Santos (2006): "Temos o direito a ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes sempre que a igualdade nos caracteriza."

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