Thais Jesus da Silva
O reconhecimento dos povos indígenas
e quilombolas no Brasil tem uma grande representatividade histórica na
visibilidade étnica e cultural da nossa sociedade, cujas matrizes fazem parte da
nossa ancestralidade e identidade.
Sabemos que
as desigualdades educacionais constituem graves problemas na sociedade
brasileira e estão relacionadas à estrutura socioeconômica, cultural e política
do nosso país. Se fizermos uma análise
histórica do processo de colonização do nosso país encontraremos um Brasil
com modelo europeu de escola catequizadora dos povos indígenas por meio
de conhecimentos e valores da sua sociedade, não sendo diferente em relação aos
negros, que em decorrência da escravidão se mantinham submissos à vontade
dos seus senhores sem nenhum acesso a educação.
A Lei 10.639 de 2003 e suas
diretrizes curriculares são voltadas para o ensino da educação afro-brasileira
e africana nas escolas com politicas voltadas para a valorização da identidade,
da memória e da cultura negra. Mas, para que essa lei seja aplicada na prática há ainda um grande desafio, pois nas escolas ainda há a grande problemática do
preconceito e discriminação que essas pessoas sofrem no ambiente escolar.
Alunos de orientação religiosa africana, como, por exemplo, candomblé e umbanda
são alvos de discriminação e perseguição dentro das escolas. Essas agressões
são cometidas por alunos e até por professores que fazem parte de outras religiões.
Na sociedade que vivemos hoje tudo que vem do negro já é visto de uma forma
pejorativa, o racismo ainda é muito frequente nas escolas, a falta de interesse
das pessoas em conhecer para aprender a respeitar a diferença do outro é uma realidade.
Quando se
fala em cultura negra aplicada nas escolas no plano de ensino, o único tema que
se fala é sobre escravidão, desprezando totalmente a diversidade cultural
dentro das escolas sem falar dos costumes do povo, de seus valores e cultura. O papel do negro na sociedade, sobretudo na educação infantil, possui conteúdo abordado de forma folclórica, onde se fala, por exemplo, de Saci Pererê como representação dos negros. A educação
indígena da mesma forma é comemorada apenas o dia do índio onde colocam
crianças sentadas em círculos com penas na cabeça e fazendo barulho
representando os povos indígenas.
É preciso mudar essa realidade! A escola deve ser um
espaço onde a diversidade cultural deve ser respeitada e demonstrada de maneira profunda, para que possamos conhecer
a cultura, aprender com diversidade e respeitá-la.
Assim como
aponta o autor Boaventura de Souza Santos (2006): "Temos o direito a ser iguais sempre que a diferença nos inferioriza; temos o direito a ser diferentes sempre que a igualdade nos caracteriza."
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