terça-feira, 10 de julho de 2018

O PROFESSOR IDEAL



Julia Bandeira de Oliveira

           Ao analisar o professor que aparece em Conto de escola, de Machado de Assis, é perceptível o retrato dos mestres da época do escritor realista. Com intuito de corrigir os alunos, utilizavam palmatórias, humilhavam as crianças e se sentiam orgulhosos desta postura lamentável. Embora essas atitudes eram valorizadas no século XIX, tais costumes prevaleceram durante parte do século XX, como é colocado na música Another Brick In The Wall, composta por Roger Waters.
          No século XXI, a imagem do professor perdeu o aspecto tenebroso dos tempos anteriores para exteriorizar um profissional mais próximo daqueles que estudam. Tal mudança fez com que uma parcela grande da população brasileira parasse de compreender qual é a real função de quem ensina os conteúdos dos Parâmetros Curriculares Nacionais, de forma que possibilitou o advento do outro extremo: a aquisição da falta de respeito para com os docentes, seja por parte dos discentes, ou dos responsáveis por eles.
            Quando se decide pensar em qual modelo de professor é o ideal, é extremamente relevante recordar os fatos citados acima, afim de encontrar um meio termo que torne as más condutas extintas. No entanto, há a ciência de que, por se tratar de costumes praticados durante anos, o processo de aperfeiçoar as maneiras de um mentor atuar torna-se lento e gradual, pois requer uma preparação desses profissionais mais elaborada, que visa capacitar cada um para possíveis situações do cotidiano do ofício de ensinar, conforme Inês Luci Machado Carrijo afirma, o professor

[...] tem que saber, além do que tem que ser ensinado, o como melhor ensinar o que tem que ser ensinado e isto não pode estar de forma alguma descontextualizado do quem vai aprender, do como melhor se aprende, do que quer o aluno e do que tem que ser aprendido. (CARRIJO, 1995, p. 71).

      Além do bom preparo ser contemplado, a ideia de que os professores bem qualificados são essenciais para auxiliar na evolução da educação precisa ser internalizada no intelecto dos brasileiros. Ora, se não fosse por um indivíduo que se dedicasse a ensinar as pessoas de diversas idades, a sociedade não teria a luz que o conhecimento fornece. Mas enquanto a realidade atual quanto a esse assunto não deixar de perdurar, a alienação continuará reinando, o interesse pelas matérias e pelas reflexões causadas pelos docentes pode deixar de existir e entre outras coisas ruins para aqueles que querem ver o Brasil melhorar.
            Este país não pode desperdiçar o potencial que tem para formar bons profissionais na área da educação e estes não devem deixar de se preocupar com os estudantes, pois ela é o motor da evolução brasileira. A sociedade precisa valorizar as distintas faces do conhecimento e quem os transmite, já que sem o meio educacional coerente e coeso não existem melhorias. Todas as áreas curriculares nacionais são bem-vindas para fazer a população pensar e agir de forma a priorizar o bem comum.

Referências bibliográficas
·      ASSIS, Machade de. Obra Completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. v. II.
·      CARRIJO, Inês Luci Machado. Do professor “ideal(?)” de ciências ao professor possível. Ensino em Re-vista, 1995.
           
           






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