Julia Bandeira de
Oliveira
Ao
analisar o professor que aparece em Conto
de escola, de Machado de Assis, é perceptível o retrato dos mestres da
época do escritor realista. Com intuito de corrigir os alunos, utilizavam
palmatórias, humilhavam as crianças e se sentiam orgulhosos desta postura
lamentável. Embora essas atitudes eram valorizadas no século XIX, tais costumes
prevaleceram durante parte do século XX, como é colocado na música Another Brick In The Wall, composta por Roger
Waters.
No século XXI, a imagem do professor
perdeu o aspecto tenebroso dos tempos anteriores para exteriorizar um
profissional mais próximo daqueles que estudam. Tal mudança fez com que uma
parcela grande da população brasileira parasse de compreender qual é a real
função de quem ensina os conteúdos dos Parâmetros Curriculares Nacionais, de
forma que possibilitou o advento do outro extremo: a aquisição da falta de
respeito para com os docentes, seja por parte dos discentes, ou dos
responsáveis por eles.
Quando se decide pensar em qual
modelo de professor é o ideal, é extremamente relevante recordar os fatos
citados acima, afim de encontrar um meio termo que torne as más condutas
extintas. No entanto, há a ciência de que, por se tratar de costumes praticados
durante anos, o processo de aperfeiçoar as maneiras de um mentor atuar torna-se
lento e gradual, pois requer uma preparação desses profissionais mais
elaborada, que visa capacitar cada um para possíveis situações do cotidiano do
ofício de ensinar, conforme Inês Luci Machado Carrijo afirma, o professor
[...]
tem que saber, além do que tem que ser
ensinado, o como melhor ensinar o que tem que ser ensinado e isto não pode
estar de forma alguma descontextualizado do quem
vai aprender, do como melhor se
aprende, do que quer o aluno e do
que tem que ser aprendido. (CARRIJO,
1995, p. 71).
Além do bom preparo ser contemplado,
a ideia de que os professores bem qualificados são essenciais para auxiliar na
evolução da educação precisa ser internalizada no intelecto dos brasileiros.
Ora, se não fosse por um indivíduo que se dedicasse a ensinar as pessoas de
diversas idades, a sociedade não teria a luz que o conhecimento fornece. Mas
enquanto a realidade atual quanto a esse assunto não deixar de perdurar, a
alienação continuará reinando, o interesse pelas matérias e pelas reflexões
causadas pelos docentes pode deixar de existir e entre outras coisas ruins para
aqueles que querem ver o Brasil melhorar.
Este país não pode desperdiçar o
potencial que tem para formar bons profissionais na área da educação e estes
não devem deixar de se preocupar com os estudantes, pois ela é o motor da
evolução brasileira. A sociedade precisa valorizar as distintas faces do
conhecimento e quem os transmite, já que sem o meio educacional coerente e
coeso não existem melhorias. Todas as áreas curriculares nacionais são bem-vindas
para fazer a população pensar e agir de forma a priorizar o bem comum.
Referências bibliográficas
· ASSIS, Machade de. Obra Completa. Rio de
Janeiro: Nova Aguilar, 1994. v. II.
· CARRIJO, Inês Luci Machado. Do professor “ideal(?)” de ciências ao
professor possível. Ensino em Re-vista, 1995.
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