segunda-feira, 9 de julho de 2018

O ENSINO RELIGIOSO NAS ESCOLAS PÚBLICAS BRASILEIRAS




Layza Padilha

O ensino religioso em escolas públicas tem causado muita polêmica no Brasil ultimamente. Sabendo que o Estado é laico, onde encontraríamos um sentido para que essa disciplina fosse obrigatória no nosso sistema educacional? Ora, é uma pergunta muito fácil. Se pela Constituição o Estado é laico, essa disciplina não pode ser, de forma alguma, obrigatória e sim facultativa para todos os alunos. Sendo assim, a escola que escolhe ofertar esse tipo de matéria, deve apresentar todas ou a grande maioria das religiões, sem valorizar uma sobre a outra. Ou seja, antes da decisão do STF o professor que for lecionar deve apresentar-se neutro em questões religiosas e respeitar o direito de escolha e das diferenças como diz o pluralismo, onde o Estado deve respeitar a individualidade e a crença do cidadão.
É fato que quase sempre uma religião se sobressai entre outras, principalmente pelo país ser de maioria católica e cristã. E também é fato que isso é algo muito ruim para o crescimento da desigualdade, intolerância e preconceito e mais, dessa forma o pluralismo dito na constituíção vai por água a baixo quando consideradas as mais diversas religiões que não se englobam nas cristãs. O Brasil, por ser um país muito grande, é um país multicultural e abriga diversidades enormes de um estado para o outro ou até mesmo de uma região para outra. E além da nossa Constituição dizer que devemos ter uma sociedade fraterna, pluralista, e sem preconceitos, temos também a LDB (Lei de Diretrizes e Bases) para reforçar ainda mais que desde que não sejam obrigatórias para os alunos e a instituição assegure o respeito à diversidade de credos e coíba o proselitismo, ou seja, a tentativa de impor um dogma ou converter alguém.

"O princípio da laicidade estatal exige que o Estado se mantenha neutro frente a quaisquer confissões religiosas. Não se pode, pois, admitir a contratação de professores na rede pública na qualidade de 'representantes' de determinada religião, pois não se conseguiria atender de forma igualitária a todas elas. O fato de uma religião ser majoritária entre a população também não permite infração ao mandamento da laicidade, que em última análise se fundamenta na igualdade de todos e na própria liberdade religiosa" (Fontes, Paulo. Desembargador Federal e professor da Direito Constitucional do IDP-SP)

Recentemente em 2017, houveram algumas mudanças na interpretação da lei pelo STF (Supremo Tribunal Federal), que contraria a Constituição Federal. Agora essa modalidade de ensino em escolas públicas pode ter o caráter confessional, ou seja, as aulas podem ser apenas sobre uma religião específica. Durante a votação foi rejeitada a tese do PGR (Procuradoria-Geral da República), em que as aulas de ensino religioso deveriam ser voltadas para a história e doutrina das várias religiões.
Com todos esses acontecimentos eu “me pego” refletindo sobre o papel do Estado para com os problemas de intolerância e preconceito religioso. Será que estão levando isso em conta ou só apenas o que é bom pra eles que importa nessa situação? Hoje não podemos ignorar o que vem acontecendo e que isso é prejudicial para crianças que nasceram com crenças diferentes das maiorias cristãs, muitas são excluídas dos grupos de colegas de classe, podendo chegar até mesmo a algum tipo de agressão pela intolerância de alguém que não concorda com a religião alheia. Com essa medida, aumentam os riscos de constrangimentos e o bullying. Stela Guedes Caputo, doutora em Educação pesquisou por mais de duas décadas a infância e a adolescência de praticantes do candomblé. Por causa de sua religião, muitos deles foram humilhados pelos colegas e até por seus professores. Para evitar tais situações, a maioria omitia a crença na tentativa de se adequar e adaptar às pessoas do ambiente frequentado.
Agora teremos de esperar surtir o efeito de todas essas decisões para nos embasarmos sobre o assunto, fazer e pocurar as mudanças necessárias para que muitas crianças não sejam mais ainda afetadas negativamente.

Bibliografia:

https://novaescola.org.br/conteudo/74/ensino-religioso-e-escola-publica-uma-relacao-delicada
https://educacao.uol.com.br/noticias/2017/09/28/o-que-muda-com-o-ensino-religioso-em-escolas-confira-perguntas-e-respostas.htm
E a aula sobre Ensino Religioso, em sala.

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