Gabriel Delgado de Vasconcelos
A
escola é o lugar para aprender a conviver em sociedade, aprender a ser cidadão.
É um dos momentos da vida em que a criança experimenta um pouco do que é viver
em sociedade, o lugar certo para aprender a respeitar, conhecer e entender as
diferenças.
Mas
o problema é que os sujeitos escolares ainda não sabem lidar com essas
diferenças, silenciando-as ou inviabilizando-as. De acordo com o livro Multiculturalismo Diferenças Culturais e Práticas Pedagógicas de
Moreira e Candau, a escola tem um caráter monocultural, padronizador onde tem a
visão de todos os alunos como iguais, uniformizando-os. O livro traz também o
que os autores chamam de "Daltonismo Cultural" que “tende não reconhecer as diferenças
étnicas, de gênero, de diversas origens regionais ou comunitárias ou a não coloca-las
em evidência em sala de aula”. O que se resume em não tratar a questão da
diversidade em sala de aula.
A
escola tem também a função de tirar duvidas das crianças de, responder
perguntas como: “o que acontece depois que a pessoa morre?”, “de onde vem os
bebês?”, “qual diferença de menino e menina?’ “O que é sexo?”. Questões como
essas também devem ser assunto da escola mas de uma forma que não responda essas
questões com respostas do senso comum. Como aquelas que atribuem símbolos a masculinidade
e feminilidade (assunto também tratado no livro de Moreira e Candau) símbolos
como azul cor de menino, rosa cor de menina, dizer que apenas meninos jogam
futebol e meninas brincam de casinha, que meninas são mais caprichadas e
organizadas do que os meninos, ou então rotular “profissões de homem” e
“profissões de mulheres”.
Falar
de gênero nas escolas não é falar exclusivamente de gays, lésbicas, hetero,
travesti, trans, mas sim, falar daquele menino que gosta de dança mas vai ser
motivo de chacota ou aquela menina que gosta de futebol mas também vai ser
zoada por isso. E quando a criança foge um pouco dos padrões sociais já é visto
com maus olhos pela sociedade, já é reprimida e repreendida quando na verdade
deveria a escola acolher, compreender essas crianças, ensinar a se amar, se
aceitar e aceitar aos outros/diferenças.
A
introdução de gênero nas escolas pode trazer benefícios a educação, como por exemplo,
a melhora da condição de vida das mulheres, no sentido de desfazer pensamentos
tradicionais e conservadores, e, até mesmo diminuição de taxas de estrupo,
gravidez, feminicídio e outras formas de machismo que as mulheres convivem
todos os dias.
Então
é necessário trazer uma pedagogia que reconheça e valorize o multiculturalismo
convivendo e naturalizando, e, como resultado não haverá espaço para ódio, desrespeito,
preconceito, opressão, desvelando o chamado “daltonismo cultural” existente.
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