A DISTÂNCIA ENTRE REALIDADES
Isabel Cristina Moitinho Peixoto
A educação no Brasil é um direito
fundamental, assegurado pela Constituição de 88. A educação visa o pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercer a cidadania e sua
qualificação para o trabalho. Os princípios básicos da educação são proporcionar
igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, liberdade de
aprendizagem, pesquisa e divulgação do pensamento, gestão democrática do ensino
público, garantia de padrão de qualidade e vários outros mais. Por trás da
educação existem todos os direitos necessários legais e por meio do Plano
Nacional de Educação existem todas estratégias e metas a serem realizadas e
alcançadas a fim de tudo que é assegurado, seja devidamente cumprido.
Entretanto, a ideia descrita legalmente é utópica quando observadas as escolas
em exercício.
No âmbito educacional do Brasil, temos duas realidades completamente distintas:
a escola privada: preparatório de vestibulandos/concurseiros e formação de
indivíduos doentes e frustrados; e a escola pública: preparatório de operários
e igual formação de indivíduos doentes e frustrados. Nenhuma
das duas metodologias são eficazes, as escolas
não cumprem o seu dever educacional. Em um primeiro recorte, temos as escolas
privadas, similares a uma escola de gestão militarizada que preza sempre pela
ordem e disciplina de seus alunos e os programam para ocuparem as camadas
acadêmicas da sociedade. A pressão exercida pelos pais, professores e
comunidade adoece e frustra o aluno que não consegue ingressar
em uma universidade pública, pois sempre foi colocado
a ele um peso obrigatório de ocupar essa posição.
Nas escolas públicas encontramos um
universo completamente diferente. Escassez de toda natureza associada com
problemáticas de financiamento e gestão de níveis desde municipal até federal.
Com altos índices de evasão escolar e reprovação, a educação pública não
proporciona ao aluno igualdade de acesso à universidade como ao aluno de escola particular, muitos desses alunos
sequer cogitam ingressar
na universidade devido as suas
condições e necessidades de ingresso
urgente no mercado de trabalho.
A escola pública prepara trabalhadores recém-saídos do ensino
fundamental ou médio, e forma indivíduos sem perspectiva de igualdade. É notória a existência de algumas escolas no Brasil que são escolas modelos
nas quais tudo funciona com base nas melhores metodologias, mas são minorias no
país e não compreendem de maneira alguma a população em sua totalidade.
As escolas brasileiras, tanto públicas
quanto privadas, devem acatar primeiramente os atos estipulados por leis na
Constituição Federal e atender às necessidades emergenciais da sociedade.
Atualmente, a educação que o Brasil precisa é uma educação que visa a formação
de indivíduos que saibam conviver em um ambiente de diversidades, onde o
relacionamento e a empatia são fundamentais para a cidadania. Uma educação
que trate o aluno como indivíduo, uma educação humanizada, assim como Freire (1987,
p. 38) propôs que “a libertação autêntica, que é a humanização em processo,
não é uma coisa que se deposita nos homens”. Os aspectos sociais em conjunto
com conteúdos empíricos determinados pelo Ministério de Educação são
suficientes para formar cidadãos, nivelar e proporcionar igualdade de condições
para o indivíduo poder exercer sua escolha de prosseguir academicamente,
investir no ensino técnico ou ingressar no mercado de trabalho.
Há algo entre as leis e a execução, uma
lacuna que impede o Brasil de alcançar o progresso. Um processo de mudança urgente
é necessário, sabemos
tudo o que nos falta e sabemos o que está previsto no
papel para suprir a escassez, o que resta é o acesso da população em geral a essas informações. O acesso garantido
a todos sobre os direitos
dos cidadãos, explicado mais simples possível de forma que pessoas não escolarizadas compreendam e busquem essa
realização nos seus filhos. O cidadão poder acessar o conhecimento, ter a possibilidade de escolha nas mãos que antes não tinha, gera mudanças
de mentes significativas, proporciona liberdade. O detalhe que falta é a
mudança de mentalidade do brasileiro, pois a partir do momento que ele conhece
os seus direitos, ele os reivindica.
REFERÊNCIAS
FREIRE, P. Pedagogia
do Oprimido. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
Nenhum comentário:
Postar um comentário