quinta-feira, 30 de maio de 2019

A DISTÂNCIA ENTRE REALIDADES

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                                                                          Isabel Cristina Moitinho Peixoto
A educação no Brasil é um direito fundamental, assegurado pela Constituição  de 88. A educação visa o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para exercer a cidadania e sua qualificação para o trabalho. Os princípios básicos da educação são proporcionar igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, liberdade de aprendizagem, pesquisa e divulgação do pensamento, gestão democrática do ensino público, garantia de padrão de qualidade e vários outros mais. Por trás da educação existem todos os direitos necessários legais e por meio do Plano Nacional de Educação existem todas estratégias e metas a serem realizadas e alcançadas a fim de tudo que é assegurado, seja devidamente cumprido. Entretanto, a ideia descrita legalmente é utópica quando observadas as escolas em exercício.
No âmbito educacional do Brasil, temos duas realidades completamente distintas: a escola privada: preparatório de vestibulandos/concurseiros e formação de indivíduos doentes e frustrados; e a escola pública: preparatório de operários e igual formação de indivíduos doentes e frustrados. Nenhuma das duas metodologias são eficazes, as escolas não cumprem o seu dever educacional. Em um primeiro recorte, temos as escolas privadas, similares a uma escola de gestão militarizada que preza sempre pela ordem e disciplina de seus alunos e os programam para ocuparem as camadas acadêmicas da sociedade. A pressão exercida pelos pais, professores e comunidade adoece e frustra o aluno que não consegue ingressar em uma universidade pública, pois sempre foi colocado a ele um peso obrigatório de ocupar essa posição.
Nas escolas públicas encontramos um universo completamente diferente. Escassez de toda natureza associada com problemáticas de financiamento e gestão de níveis desde municipal até federal. Com altos índices de evasão escolar e reprovação, a educação pública não proporciona ao aluno igualdade de acesso à universidade como ao aluno de escola particular, muitos desses alunos sequer cogitam ingressar na universidade devido as suas condições e necessidades de ingresso urgente no mercado de trabalho.
 A escola pública prepara trabalhadores recém-saídos do ensino fundamental ou médio, e forma indivíduos sem perspectiva de igualdade. É notória a existência de algumas escolas no Brasil que são escolas modelos nas quais tudo funciona com base nas melhores metodologias, mas são minorias no país e não compreendem de maneira alguma a população em sua totalidade.
As escolas brasileiras, tanto públicas quanto privadas, devem acatar primeiramente os atos estipulados por leis na Constituição Federal e atender às necessidades emergenciais da sociedade. Atualmente, a educação que o Brasil precisa é uma educação que visa a formação de indivíduos que saibam conviver em um ambiente de diversidades, onde o relacionamento e a empatia são fundamentais para a cidadania. Uma educação que trate o aluno como indivíduo, uma educação humanizada, assim como Freire (1987, p. 38) propôs que “a libertação autêntica, que é a humanização em processo, não é uma coisa que se deposita nos homens”. Os aspectos sociais em conjunto com conteúdos empíricos determinados pelo Ministério de Educação são suficientes para formar cidadãos, nivelar e proporcionar igualdade de condições para o indivíduo poder exercer sua escolha de prosseguir academicamente, investir no ensino técnico ou ingressar no mercado de trabalho.
Há algo entre as leis e a execução, uma lacuna que impede o Brasil de alcançar o progresso. Um processo de mudança urgente é necessário, sabemos tudo o que nos falta e sabemos o que está previsto no papel para suprir a escassez, o que resta é o acesso da população em geral a essas informações. O acesso garantido a todos sobre os direitos dos cidadãos, explicado mais simples possível de forma que pessoas não escolarizadas compreendam e busquem essa realização nos seus filhos. O cidadão poder acessar o conhecimento, ter a possibilidade de escolha nas mãos que antes não tinha, gera mudanças de mentes significativas, proporciona liberdade. O detalhe que falta é a mudança de mentalidade do brasileiro, pois a partir do momento que ele conhece os seus direitos, ele os reivindica.

REFERÊNCIAS

FREIRE, P. Pedagogia do Oprimido. 2. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.





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