DE UMA EDUCAÇÃO COMPETITIVA A UMA EDUCAÇÃO COLABORATIVA
Caetano Bartholo de Oliveira Gomes
A instabilidade e os questionamentos surgidos nas últimas décadas em torno de diversos setores da sociedade moderna - político,
econômico e social - perpassa por um contingente macro estrutural que nos
coloca, como cidadãos ativos, numa posição de defronte com a própria cadeia
capitalista de produção e massificação da educação. Seria fácil abordar essa
questão colocando a problemática em torno das dificuldades econômicas e de
planos governamentais, já que a causa da crise de identidade que aflinge não só
o Brasil mas o restante do mundo se dá não apenas pela gestão educacional mas
na dificuldade de estabelecer-se um sistema de ensino igualitário que alcance o
universo individual de cada ser-humano.
Vivemos num período de transição social e velhas
estruturas que já vêm sendo questionadas durante muitos anos demandam por
reinvenções e novas propostas de abordagem. A sociedade global, a cada
descoberta a nível científico e tecnológico, apressa-se em adequar velhos
paradigmas que se tornam dia à dia obsoletos e insuficientes à realidade
contemporânea. As novas gerações têm uma visão clara disso, o sistema de poder
e controle já não é visto como uma entidade a ser obedecida sem ser questionada
mas, de uma forma vaga nos vemos em uma posição de xeque, com muitos problemas
e pouquíssimas ideias para dissolvê-los. E dessa forma, vagamos sem saber muito
bem para onde.
A educação, inquestionavelmente tida como o bem
libertador e emancipador do ser-humano, está como sempre subjugada aos
malabarismos econômicos, dependendo tristemente de uma série de fatores
administrativos e burocráticos para que seja efetivada em termos práticos. E
dentro desse contexto, entram os interesses do setor da sociedade que sempre
estiveram presentes dentro do controle político, as oligarquias. No caso
brasileiro é claro que é um processo que se mantém ativo por séculos e à cada
gestão administrativa vê-se que as práticas não são colocadas realmente à
serviço da evolução da educação. É tida como barganha e prática política
apenas, pois seus frutos só surgem à longo prazo. Esse fator, como mencionado
acima, é apenas o começo de um grave problema social, pois a própria escola,
como instituição, vem sendo defrontada e questionada por diversos educadores,
já que mostra os sinais de uma defasagem estrutural. Que o tipo ideal de
educação? Quais são os novos desafios e as novas abordagens a serem tratadas
pelos educadores de uma sociedade almejada?
No contexto neoliberal que vive o mundo, percebemos o
avanço de doenças psicossomáticas destro da pequena parcela "letrada"
da população. O indivíduo contemporâneo tende a se enxergar distante de suas
essências e vocações, sempre anulado pelas responsabilidades à ele impostas.
Não almeja mais o destaque, não quer ser o melhor em suas área, o 'champ' (como
a lógica estadunidense de competição vendeu por décadas), mas apenas
enquadrar-se ao mercado e ser aceito como um ser social. E o desafio da nova
educação entra justamente nesse ponto, dentro da auto anulação do homem
contemporâneo e constituição de valores individuais que prezem por uma nova
forma de se enxergar e se perceber.
Nenhum comentário:
Postar um comentário