SUCATEAMENTO, CORTES NA EDUCAÇÃO E DISTANCIAMENTO ENTRE UNIVERSIDADE E A SOCIEDADE
Vitor Rodrigues
A
Universidade de Brasília antes conhecida por suas formas de ingresso de acesso restrito
e elitizado às vagas de graduação passa por transformações como implementação
de cotas sociais e raciais passando a experimentar o acesso dessas classes mais
baixas ao seu ensino, afastando assim a visão de uma universidade para ricos,
isso permitiu uma mudança em sua imagem. Essa nova imagem era de proximidade e
suporte a alunos vindos de grupos socioeconômicos em situação de fragilidade e
risco. Com uma forte produção acadêmica visando inclusão social, democratização
do ensino e suporte do seu suporte aos diversos grupos desamparados.
Entretanto a universidade passou e
passa por congelamento em seus gastos orçamentários, resultado de um governo
com atuação neoliberal[i],
governo Temer. Com essas reduções em vista a universidade teve de tomar medidas
para se manter funcionando. Ela optou por cortes do investimento e manutenção de
áreas que não favorecem ao perfil dos novos estudantes, os estudantes de baixa
renda e em situação de fragilidade social, e daqueles seus prestadores de
serviços que não são servidores efetivos do quadro.
O corte de pessoal aplicado aos estagiários
e terceirizados, reduziu a quantidade de funcionários atuantes em meio as
mesmas demandas de serviços anteriores, o golpe foi duplo já que demitiu vários
funcionários o que aumentou a relação demanda de serviço por pessoal atuante e ainda
tirou a fonte de renda dos terceirizados demitidos.[ii] A
recente aprovação do reajuste do valor de alimentação do restaurante
universitário que passará de R$ 2,50, mais que o dobro do valor, para R$ 5,20,
passará a vigorar no segundo semestre de 2018.
A postura da universidade passa a se
alterar de acordo também com os governos mostrando-se em descrédito na visão da
população, pois, antes vista como um centro de profissionais bem formados,
passa a um cenário positivo de inclusão a estudantes de todos os estratos
voltando por fim a ser um ambiente de inseguranças com desconexão da sociedade.
A visão da sociedade brasileira
voltada a fortes polarizações ao tratar dos assuntos que estão em voga passa
então a questionar a atuação e a necessidade de se ter uma universidade como a
Universidade de Brasília, oscilante em seu posicionamento em relação ao diálogo
com a sociedade que era antes vista como próxima as classes mais altas, depois
passa a ser vista como um lugar de inclusão e desenvolvimento as classes baixas
com amparo às situações de fragilidade encara agora outro cenário econômico e
que mostra ultimamente estar disposta a se afastar da inclusão passando a
elitizar novamente o acesso ao ensino.
Há altas expectativas da sociedade
em relação as instituições públicas uma vez que passam por grande desconfiança e
descrédito. A Universidade de Brasília passa também por esse momento e a
impressão criada dela é de que não há criação de conteúdos relevantes à
sociedade já que a expectativa social é de criação tecnológica e de conteúdos
que agreguem valor a produção econômica, o que só uma parte da universidade
produz. A questão de desvalorização de material acadêmico na área de
humanidades é relevante ao se analisar a influência da UnB no meio em que ela
se insere. Assim infere-se que uma das expectativas da sociedade não é
atendida, a produção de alta tecnologia, já que esse é apenas um dos muitos
objetivos da UnB como instituição.
O sucateamento motivado pelos
congelamento de gastos orçamentários, a descredibilidade em meio a sociedade
por conta da não-produtividade tecnológica, as más decisões orçamentárias internas
à universidade e a condução pouco inovadora e estratégica fazem com que haja
distanciamento da sociedade, das elites e do governo, a existência da
Universidade é questionada e assim se torna necessário refletir as estratégias
internas da UnB, nos aspectos administrativos e diretivos, e externas, quanto
ao contato e relevante com a sociedade.
Há necessidade de evolução da
Universidade enquanto instituição e produtora não só de conhecimento cientifico,
mas sim de novas diretrizes que orientem outras instituições a se tornarem mais
relevante socialmente para que sejam reconhecidas por isso. A crise política
que o Brasil passa deve ser visto como uma oportunidade de se inserir novamente
no cenário social e não desistir de tentar ser relevante a qualquer mudança que
houver.
[i]<
https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/crise-na-unb-universidade-so-tem-dinheiro-em-caixa-ate-maio-cortes-afetam-ensino.ghtml>
[ii]
<https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/crise-da-unb-apos-cortes-132-terceirizados-da-limpeza-sao-demitidos-nesta-quarta.ghtml>
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