sexta-feira, 31 de maio de 2019

SUCATEAMENTO, CORTES NA EDUCAÇÃO E DISTANCIAMENTO ENTRE UNIVERSIDADE E A SOCIEDADE 

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                                                                                 Vitor Rodrigues

             A Universidade de Brasília antes conhecida por suas formas de ingresso de acesso restrito e elitizado às vagas de graduação passa por transformações como implementação de cotas sociais e raciais passando a experimentar o acesso dessas classes mais baixas ao seu ensino, afastando assim a visão de uma universidade para ricos, isso permitiu uma mudança em sua imagem. Essa nova imagem era de proximidade e suporte a alunos vindos de grupos socioeconômicos em situação de fragilidade e risco. Com uma forte produção acadêmica visando inclusão social, democratização do ensino e suporte do seu suporte aos diversos grupos desamparados.
         Entretanto a universidade passou e passa por congelamento em seus gastos orçamentários, resultado de um governo com atuação neoliberal[i], governo Temer. Com essas reduções em vista a universidade teve de tomar medidas para se manter funcionando. Ela optou por cortes do investimento e manutenção de áreas que não favorecem ao perfil dos novos estudantes, os estudantes de baixa renda e em situação de fragilidade social, e daqueles seus prestadores de serviços que não são servidores efetivos do quadro.
            O corte de pessoal aplicado aos estagiários e terceirizados, reduziu a quantidade de funcionários atuantes em meio as mesmas demandas de serviços anteriores, o golpe foi duplo já que demitiu vários funcionários o que aumentou a relação demanda de serviço por pessoal atuante e ainda tirou a fonte de renda dos terceirizados demitidos.[ii] A recente aprovação do reajuste do valor de alimentação do restaurante universitário que passará de R$ 2,50, mais que o dobro do valor, para R$ 5,20, passará a vigorar no segundo semestre de 2018.
          A postura da universidade passa a se alterar de acordo também com os governos mostrando-se em descrédito na visão da população, pois, antes vista como um centro de profissionais bem formados, passa a um cenário positivo de inclusão a estudantes de todos os estratos voltando por fim a ser um ambiente de inseguranças com desconexão da sociedade.
            A visão da sociedade brasileira voltada a fortes polarizações ao tratar dos assuntos que estão em voga passa então a questionar a atuação e a necessidade de se ter uma universidade como a Universidade de Brasília, oscilante em seu posicionamento em relação ao diálogo com a sociedade que era antes vista como próxima as classes mais altas, depois passa a ser vista como um lugar de inclusão e desenvolvimento as classes baixas com amparo às situações de fragilidade encara agora outro cenário econômico e que mostra ultimamente estar disposta a se afastar da inclusão passando a elitizar novamente o acesso ao ensino.
            Há altas expectativas da sociedade em relação as instituições públicas uma vez que passam por grande desconfiança e descrédito. A Universidade de Brasília passa também por esse momento e a impressão criada dela é de que não há criação de conteúdos relevantes à sociedade já que a expectativa social é de criação tecnológica e de conteúdos que agreguem valor a produção econômica, o que só uma parte da universidade produz. A questão de desvalorização de material acadêmico na área de humanidades é relevante ao se analisar a influência da UnB no meio em que ela se insere. Assim infere-se que uma das expectativas da sociedade não é atendida, a produção de alta tecnologia, já que esse é apenas um dos muitos objetivos da UnB como instituição.
        O sucateamento motivado pelos congelamento de gastos orçamentários, a descredibilidade em meio a sociedade por conta da não-produtividade tecnológica, as más decisões orçamentárias internas à universidade e a condução pouco inovadora e estratégica fazem com que haja distanciamento da sociedade, das elites e do governo, a existência da Universidade é questionada e assim se torna necessário refletir as estratégias internas da UnB, nos aspectos administrativos e diretivos, e externas, quanto ao contato e relevante com a sociedade.
            Há necessidade de evolução da Universidade enquanto instituição e produtora não só de conhecimento cientifico, mas sim de novas diretrizes que orientem outras instituições a se tornarem mais relevante socialmente para que sejam reconhecidas por isso. A crise política que o Brasil passa deve ser visto como uma oportunidade de se inserir novamente no cenário social e não desistir de tentar ser relevante a qualquer mudança que houver.




[ii] <https://g1.globo.com/df/distrito-federal/noticia/crise-da-unb-apos-cortes-132-terceirizados-da-limpeza-sao-demitidos-nesta-quarta.ghtml>

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