quinta-feira, 30 de maio de 2019


REFLEXO DO NEOLIBERALISMO NO 

SISTEMA EDUCACIONAL

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                                                                                       Nathália Barcelos Ubialli

É senso comum que o sistema educacional vigente é falho, a motivação dessa ideia possivelmente vem da expectativa que se tem da educação responsável pela formação cidadãos cultos e bem informados – o que de fato, faz sentido e tem fundamento. No entanto, quando se pensa em um sistema educacional, não pode-se deixar de levar em conta que ele é um reflexo de todos os outros setores da sociedade.
Se vivemos uma era em que o neoliberalismo fundamentaliza desde a economia, política, relações públicas e privadas, não podemos pensar essa suposta falha da educação sem levar isso em conta.

O neoliberalismo não destrói apenas regras, instituições, direitos. Ele também produz certos tipos de relações sociais, certas maneiras de viver, certas subjetividades. Em outras palavras, com o neoliberalismo, o que está em jogo é nada mais nada menos que a forma de nossa existência, isto é, a forma como fomos levados a nos comportar, nos relacionar com os outros e com nós mesmos. (Dardod e Laval, p. 16).

Mas como ser senso comum não quer dizer que represente uma verdade, podemos pensar por outro ângulo. De que, na verdade, o sistema educacional é na verdade sim eficaz. Pensando nele enquanto instituição responsável por reforçar uma racionalidade neoliberal, que estrutura e organiza “não apenas a ação dos governantes, mas até a própria conduta dos governados" (Dardod e Laval, p. 17). A educação seria então um dispositivo de instrumentalização desses seres para se adequarem a esse sistema, sendo focada para preparação para o mercado de trabalho.

O grande princípio dessa nova ética do trabalho é a ideia de que a conjunção entre as aspirações individuais e os objetivos de excelência da empresa, entre o projeto pessoal e o projeto da empresa, somente é possível se cada indivíduo se tornar uma pequena empresa (Dardod e Laval, 2017 p. 35).
           
            Instaurando assim uma mentalidade alienada em um ideal de competição individualista focada apenas no fim, que é o trabalho e a produtividade que gere capital. E quando se pensa assim, o sistema educacional pode sim estar atingindo seu fim. Esse argumento fica claro quando botamos em pauta o crescente número de coaching infantil,

Em 22 de junho de 2015, o jornal Estado de São Paulo publicou uma notícia intitulada “Pais buscam coaching até para crianças de dois anos de idade”. De acordo com o jornal, as sessões de coaching são oferecidas para crianças a partir dos dois anos de idade e ajudam a preparar os pequenos para a liderança e para o mundo corporativo desde cedo (Palhares apud Moraes, 2015).

Sendo assim, em um sistema assim caracterizado talvez realmente não seja interessante pessoas cultas e bem informadas, basta que se adequem as caixinhas e reproduzam padrões pré-estabelecidos, sendo empresas de si, se preparando mais e mais para competir no mercado de trabalho, sendo produtivos e gerando capital.


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