REFLEXO DO NEOLIBERALISMO NO
SISTEMA EDUCACIONAL
Nathália Barcelos Ubialli
É
senso comum que o sistema educacional vigente é falho, a motivação dessa ideia
possivelmente vem da expectativa que se tem da educação responsável pela
formação cidadãos cultos e bem informados – o que de fato, faz sentido e tem
fundamento. No entanto, quando se pensa em um sistema educacional, não pode-se
deixar de levar em conta que ele é um reflexo de todos os outros setores da
sociedade.
Se
vivemos uma era em que o neoliberalismo fundamentaliza desde a economia,
política, relações públicas e privadas, não podemos pensar essa suposta falha
da educação sem levar isso em conta.
O neoliberalismo não destrói apenas regras,
instituições, direitos. Ele também produz certos tipos de relações sociais,
certas maneiras de viver, certas subjetividades. Em outras palavras, com o
neoliberalismo, o que está em jogo é nada mais nada menos que a forma de nossa
existência, isto é, a forma como fomos levados a nos comportar, nos relacionar com
os outros e com nós mesmos. (Dardod e Laval,
p. 16).
Mas
como ser senso comum não quer dizer que represente uma verdade, podemos pensar
por outro ângulo. De que, na verdade, o sistema educacional é na verdade sim
eficaz. Pensando nele enquanto instituição responsável por reforçar uma
racionalidade neoliberal, que estrutura e organiza “não apenas a ação dos
governantes, mas até a própria conduta dos governados" (Dardod e Laval, p.
17). A educação seria então um dispositivo de instrumentalização desses seres
para se adequarem a esse sistema, sendo focada para preparação para o mercado
de trabalho.
O grande princípio dessa nova ética do trabalho é a
ideia de que a conjunção entre as aspirações individuais e os objetivos de
excelência da empresa, entre o projeto pessoal e o projeto da empresa, somente
é possível se cada indivíduo se tornar uma pequena empresa (Dardod e Laval,
2017 p. 35).
Instaurando
assim uma mentalidade alienada em um ideal de competição individualista focada
apenas no fim, que é o trabalho e a produtividade que gere capital. E quando se
pensa assim, o sistema educacional pode sim estar atingindo seu fim. Esse
argumento fica claro quando botamos em pauta o crescente número de coaching
infantil,
Em 22 de junho de 2015, o jornal Estado de São Paulo
publicou uma notícia intitulada “Pais buscam coaching até para crianças
de dois anos de idade”. De acordo com o jornal, as sessões de coaching são
oferecidas para crianças a partir dos dois anos de idade e ajudam a preparar os
pequenos para a liderança e para o mundo corporativo desde cedo (Palhares apud
Moraes, 2015).
Sendo assim, em um sistema assim caracterizado talvez realmente não seja
interessante pessoas cultas e bem informadas, basta que se adequem as caixinhas
e reproduzam padrões pré-estabelecidos, sendo empresas de si, se preparando
mais e mais para competir no mercado de trabalho, sendo produtivos e gerando
capital.
Nenhum comentário:
Postar um comentário