RECONHECER O ESTUDANTE ENQUANTO SUJEITO
Maria Paula
No
sistema educacional brasileiro, principalmente no ensino público, há turmas
lotadas de alunos e cada professor com inúmeras turmas. O que torna mais
difícil a criação de um diálogo com cada aluno e a criação de um laço afetivo,
que também motiva e facilita o processo de aprendizagem daquele sujeito.
Entretanto, apesar dessa massificação dos alunos, em parte causada devido a
turmas lotadas, é necessário pensar sobre essa relação de professor- aluno e o
papel do professor nela. Durante o processo de ensino-aprendizagem, é
fundamental que as individualidades de cada aluno sejam respeitadas. Não
deve-se pensar que todos os alunos se desenvolvem e aprendem da mesma forma,
cada aluno é um sujeito, tem sua subjetividade e sua própria história, o que gera necessidades diferentes em cada
um.
Em
um dos objetivos para a construção de uma escola, Libâneo (2005) afirma que um
dos aspectos que envolvem o ensino é o respeito pelas particularidades dos
alunos, assim como o meio cultural em que eles vivem. E que é papel do educador
auxiliá-los no processo de construção da sua individualidade. Com isso, é necessário
que as atividades dentro de sala de aula sejam adaptadas, não que sejam
realizadas atividades diferentes pra cada um dos alunos, o sistema educacional
não tem condições para que isso, mas pequenas adaptações podem ser feitas. A
exemplo de respeitar que alguns alunos não gostam de apresentar um trabalho em
público. Todos os alunos devem apresentar? Não deve ser respeitado que aquele
aluno não se sente confortável em tal situação? Alguns professores usam a
justificativa que o aluno precisa desenvolver essa habilidade. Isso não é
escolha de cada aluno? Cada indivíduo sabe de suas necessidades. Quem vai
apresentar o trabalho ou a forma que vai apresentá-lo não irá influenciar a
qualidade do trabalho que foi desenvolvido.
Outro
ponto nessa relação que merece ser destacado é a escuta do aluno, em quanto
sujeito de opiniões próprias. Dentro da universidade, desde cedo aprendemos a
citar autores clássicos e contemporâneos, e da mesma forma, que nossa fala
precisa ser embasada neles. Entretanto, é imprescindível escutar as críticas
dos estudantes pertencentes a uma sociedade. E que a partir disso, vivenciam situações
que os constituem e desenvolvem uma visão sobre o mundo e as suas relações. Isso
também se faz necessário na escola bancária quando o processo de ensino,
desenvolvido pelo professor, é distante da realidade do aluno. Assim como
Freire (2009), expondo a influência de Paulo Freire, afirma que é necessário
repensar a nossa sociedade e as suas relações, ter uma visão crítica acerca
dela, através do conhecimento científico. Entretanto, sem dissociar as nossas
experiências ontológicas do processo de construção dessa perspectiva. Incluir o
conhecimento levado pelos estudantes, não só apenas a visão dos autores
legitimados, é um processo difícil dentro da universidade, mas que se se faz
necessário para que o desenvolvimento do professor e do aluno ocorra. Com isso, através do diálogo, o conhecimento
do aluno irá ser legitimado. A educação deve ser emancipatória, com foco não só
na aquisição de conhecimento cientifico, mas também de formação humana e
política. O que corrobora com Libâneo (2005), quando esse reconhece a
importância do desenvolvimento da cidadania nos estudantes. Segundo o autor,
além de desenvolver um senso crítico sobre a realidade social, é necessário
preparar o estudante para transformá-la e também para a participação nas lutas
sociais.
Referências:
Freire,
N. (2009). Contribuições de Paulo Freire para a Pedagogia Critica: “Educação emancipatória: a influência de
Paulo Freire na cidadania global” ou “A influência de Paulo Freire na educação
para a autonomia e a libertação”.Teoría de la Educación. Educación y Cultura en
la Sociedad de la Información, 10 (3), 141-158.
Libâneo, J. C. (2001). Organização e gestão da
escola. Goiânia: alternativa, 123-140.
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