quinta-feira, 30 de maio de 2019


RECONHECER O ESTUDANTE ENQUANTO SUJEITO

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                                                                                                      Maria Paula
No sistema educacional brasileiro, principalmente no ensino público, há turmas lotadas de alunos e cada professor com inúmeras turmas. O que torna mais difícil a criação de um diálogo com cada aluno e a criação de um laço afetivo, que também motiva e facilita o processo de aprendizagem daquele sujeito. Entretanto, apesar dessa massificação dos alunos, em parte causada devido a turmas lotadas, é necessário pensar sobre essa relação de professor- aluno e o papel do professor nela. Durante o processo de ensino-aprendizagem, é fundamental que as individualidades de cada aluno sejam respeitadas. Não deve-se pensar que todos os alunos se desenvolvem e aprendem da mesma forma, cada aluno é um sujeito, tem sua subjetividade e sua própria história,  o que gera necessidades diferentes em cada um.
Em um dos objetivos para a construção de uma escola, Libâneo (2005) afirma que um dos aspectos que envolvem o ensino é o respeito pelas particularidades dos alunos, assim como o meio cultural em que eles vivem. E que é papel do educador auxiliá-los no processo de construção da sua individualidade. Com isso, é necessário que as atividades dentro de sala de aula sejam adaptadas, não que sejam realizadas atividades diferentes pra cada um dos alunos, o sistema educacional não tem condições para que isso, mas pequenas adaptações podem ser feitas. A exemplo de respeitar que alguns alunos não gostam de apresentar um trabalho em público. Todos os alunos devem apresentar? Não deve ser respeitado que aquele aluno não se sente confortável em tal situação? Alguns professores usam a justificativa que o aluno precisa desenvolver essa habilidade. Isso não é escolha de cada aluno? Cada indivíduo sabe de suas necessidades. Quem vai apresentar o trabalho ou a forma que vai apresentá-lo não irá influenciar a qualidade do trabalho que foi desenvolvido.
Outro ponto nessa relação que merece ser destacado é a escuta do aluno, em quanto sujeito de opiniões próprias. Dentro da universidade, desde cedo aprendemos a citar autores clássicos e contemporâneos, e da mesma forma, que nossa fala precisa ser embasada neles. Entretanto, é imprescindível escutar as críticas dos estudantes pertencentes a uma sociedade. E que a partir disso, vivenciam situações que os constituem e desenvolvem uma visão sobre o mundo e as suas relações. Isso também se faz necessário na escola bancária quando o processo de ensino, desenvolvido pelo professor, é distante da realidade do aluno. Assim como Freire (2009), expondo a influência de Paulo Freire, afirma que é necessário repensar a nossa sociedade e as suas relações, ter uma visão crítica acerca dela, através do conhecimento científico. Entretanto, sem dissociar as nossas experiências ontológicas do processo de construção dessa perspectiva. Incluir o conhecimento levado pelos estudantes, não só apenas a visão dos autores legitimados, é um processo difícil dentro da universidade, mas que se se faz necessário para que o desenvolvimento do professor e do aluno ocorra.  Com isso, através do diálogo, o conhecimento do aluno irá ser legitimado. A educação deve ser emancipatória, com foco não só na aquisição de conhecimento cientifico, mas também de formação humana e política. O que corrobora com Libâneo (2005), quando esse reconhece a importância do desenvolvimento da cidadania nos estudantes. Segundo o autor, além de desenvolver um senso crítico sobre a realidade social, é necessário preparar o estudante para transformá-la e também para a participação nas lutas sociais.

Referências: 
Freire, N. (2009). Contribuições de Paulo Freire para a Pedagogia Critica:  “Educação emancipatória: a influência de Paulo Freire na cidadania global” ou “A influência de Paulo Freire na educação para a autonomia e a libertação”.Teoría de la Educación. Educación y Cultura en la Sociedad de la Información, 10 (3), 141-158.
Libâneo, J. C. (2001). Organização e gestão da escola. Goiânia: alternativa, 123-140.
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