O DIÁLOGO E A COMPREENSÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
Rafaella Rocha
Atualmente, muito tem se falado a respeito de formar
sujeitos pensantes, capazes de lidar
com conceitos, argumentar, se defrontarem com dilemas e problemas da vida
prática, internalizando os meios cognitivos de não apenas
compreenderem o mundo, mas também de transformá-lo de
maneira autêntica, independente (Libâneo, 2001). Porém, se pararmos para
considerar a realidade do sistema educacional brasileiro, com quantos alunos
que foram penalizados por ter dado uma resposta que, embora fosse correta, não
estava escrito como o professor queria ou como estava disponível no livro, nos depararemos? Será que realmente
tem sido disponibilizado um meio por meio do qual
os alunos consigam se colocar
e desenvolver sua criatividade e capacidade de pensamento
tão esperadas?
É certo que apesar de a maioria
dos professores terem como principal
objetivo de seu trabalho conseguirem que seus alunos aprendam da melhor
forma possível (Libâneo, 2001), muitos
acabam presos a uma prática
tradicional, descontextualizada, não personalizada e pouco duradoura de
ensino que acaba não apenas encorajando a memorização mecânica, popularmente
conhecida como “decoreba”, e repetição de fórmulas e definições, sem margem
para interpretações próprias, mas também desmotivando os alunos. Isso pouco tem
em comum com as propostas de ensino atuais.
Segundo a perspectiva sócio construtivista, o processo de
ensino- aprendizagem é compreendido como uma atividade conjunta entre o
professor e o aluno (como em uma relação social) que, tomando por base o
conhecimento e os saberes acumulados durante a vida do indivíduo em questão,
possibilita o desenvolvimento ativo
(Libâneo, 2001). Assim, vemos a importância de não privilegiar apenas a memorização mecânica
dos conteúdos, mas promover situações que possibilitem a formação de uma
bagagem cognitiva no aluno (Braathen, 2012).
Histórica e evolutivamente falando, a capacidade da
comunicação sonora (diálogo) e o processamento auditivo que se segue, possui um
papel chave na sobrevivência e desenvolvimento dos organismos, das sociedades e
das culturas. É por meio dela que, ao longo de gerações, os indivíduos têm
aprendido a compreender, a atribuir significados cognitivos-afetivos
necessários para entender e analisar a realidade em sua versão pessoal, datada
e culturalmente contextualizada. Entretanto, se sabemos que o ser humano é
social e subjetivo, porque priorizamos um conteúdo científico, sistematizado,
preconizado por livros didáticos em detrimento de uma abordagem mais humana,
baseada na prática do diálogo como uma via de mão dupla, dos saberes, vivências
e conhecimentos alternativos dos estudantes? Até quando negligenciaremos a
necessidade de colocarmos em prática a relação entre ciência, tecnologia e sociedade?
A complexidade do educar exige dos profissionais da área a
capacidade de integrar diversas instâncias pessoais, profissionais e sociais a
fim de formar indivíduos aptos a modificar o contexto no qual está inserido, o
que não ocorre quando há uma dissociação entre relação interpessoal
(professor-aluno) e conteúdo a ser transmitido. Além disso, ela exige
infinitamente mais do que um conhecimento acadêmico e aplicações de técnicas
previamente formadas, exige uma sensibilidade, uma percepção, atenção,
organização, sintonia, empatia e humanidade redobrada por parte do educador
que, na maioria dos casos, além de ser incapaz de lidar consigo mesmo e suas
próprias histórias e traumas, encontra-se sobrecarregado e desmotivado.
Referências Bibliográficas
LIBÂNEO, José Carlos. O essencial da didática e o trabalho de
professor–em busca de novos caminhos. PUC-GO:
Goiânia, 2001.
BRAATHEN,
Per Christian. Aprendizagem mecânica e aprendizagem significativa no processo
de ensino-aprendizagem de Química. Revista
eixo, v. 1, n. 1, p. 63-69, 2012.
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