sexta-feira, 31 de maio de 2019

O DIÁLOGO E A COMPREENSÃO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM 

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                                                                                                  Rafaella Rocha 

Atualmente, muito tem se falado a respeito de formar sujeitos pensantes, capazes de lidar com conceitos, argumentar, se defrontarem com dilemas e problemas da vida prática, internalizando os meios cognitivos de não apenas compreenderem o mundo, mas também de transformá-lo de maneira autêntica, independente (Libâneo, 2001). Porém, se pararmos para considerar a realidade do sistema educacional brasileiro, com quantos alunos que foram penalizados por ter dado uma resposta que, embora fosse correta, não estava escrito como o professor queria ou como estava disponível no livro, nos depararemos? Será que realmente tem sido disponibilizado um meio por meio do qual os alunos consigam se colocar e desenvolver sua criatividade e capacidade de pensamento tão esperadas?
É certo que apesar de a maioria dos professores terem como principal objetivo de seu trabalho conseguirem que seus alunos aprendam da melhor forma possível (Libâneo, 2001), muitos acabam presos a uma prática tradicional, descontextualizada, não personalizada e pouco duradoura de ensino que acaba não apenas encorajando a memorização mecânica, popularmente conhecida como “decoreba”, e repetição de fórmulas e definições, sem margem para interpretações próprias, mas também desmotivando os alunos. Isso pouco tem em comum com as propostas de ensino atuais.
Segundo a perspectiva sócio construtivista, o processo de ensino- aprendizagem é compreendido como uma atividade conjunta entre o professor e o aluno (como em uma relação social) que, tomando por base o conhecimento e os saberes acumulados durante a vida do indivíduo em questão, possibilita o desenvolvimento ativo (Libâneo, 2001). Assim, vemos a importância de não privilegiar apenas a memorização mecânica dos conteúdos, mas promover situações que possibilitem a formação de uma bagagem cognitiva no aluno (Braathen, 2012).
Histórica e evolutivamente falando, a capacidade da comunicação sonora (diálogo) e o processamento auditivo que se segue, possui um papel chave na sobrevivência e desenvolvimento dos organismos, das sociedades e das culturas. É por meio dela que, ao longo de gerações, os indivíduos têm aprendido a compreender, a atribuir significados cognitivos-afetivos necessários para entender e analisar a realidade em sua versão pessoal, datada e culturalmente contextualizada. Entretanto, se sabemos que o ser humano é social e subjetivo, porque priorizamos um conteúdo científico, sistematizado, preconizado por livros didáticos em detrimento de uma abordagem mais humana, baseada na prática do diálogo como uma via de mão dupla, dos saberes, vivências e conhecimentos alternativos dos estudantes? Até quando negligenciaremos a necessidade de colocarmos em prática a relação entre ciência, tecnologia e sociedade?
A complexidade do educar exige dos profissionais da área a capacidade de integrar diversas instâncias pessoais, profissionais e sociais a fim de formar indivíduos aptos a modificar o contexto no qual está inserido, o que não ocorre quando há uma dissociação entre relação interpessoal (professor-aluno) e conteúdo a ser transmitido. Além disso, ela exige infinitamente mais do que um conhecimento acadêmico e aplicações de técnicas previamente formadas, exige uma sensibilidade, uma percepção, atenção, organização, sintonia, empatia e humanidade redobrada por parte do educador que, na maioria dos casos, além de ser incapaz de lidar consigo mesmo e suas próprias histórias e traumas, encontra-se sobrecarregado e desmotivado.

Referências Bibliográficas

LIBÂNEO, José Carlos. O essencial da didática e o trabalho de professor–em busca de novos caminhos. PUC-GO: Goiânia, 2001.
BRAATHEN, Per Christian. Aprendizagem mecânica e aprendizagem significativa no processo de ensino-aprendizagem de Química. Revista eixo, v. 1, n. 1, p. 63-69, 2012.


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