O ESTEREÓTIPO DA EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA
Natália Ferreira dos Santos
Segundo o artigo 205 da
Constituição Federal de 1988 a educação, direito de todos e dever do Estado e
da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade,
visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da
cidadania e sua qualificação para o trabalho, e no artigo 206 inciso VII ressalta
que garantir uma educação de qualidade é um dos princípios do ensino. Há muito
tempo a educação brasileira vem sido arrastada por condições de qualidades
mínimas, onde muito se visa na formação para o mercado de trabalho e é deixada
de lado a formação do homem enquanto cidadão e ser pensante. Com raras exceções
a educação básica pública é de qualidade lamentável, em meio a uma educação tão
sucateada para quem sobre esse ensino tão precário?
Alguns países da América
Latina começaram a universalizar o ensino público no século XIX e o Brasil
apenas um século depois. De acordo com Simões (2017), o direito a educação no Brasil
é algo bem recente e as camadas mais pobres e marginalizadas da população
vieram a ter acesso à educação nas últimas décadas do século XX, o que reflete
na nossa sociedade hoje, onde se tem baixo índice de aprendizado e elevado
número de reprovações nos alunos em condições de pobreza. Nesse contexto, a desigualdade social pode ser
traduzida como desigualdade escolar.
Segundo Duarte (2010), o conceito de escola pública com qualidade ainda precisa
ser construído no país, e o estigma que a escola pública carrega, o de ser “coisa
para pobre”, só pode ser combatido com oferta de ensino de qualidade. Em
entrevista para “escola pública não é só para pobre” Lacerda (2010) afirma que
um dos grandes problemas é o recente conceito da universalização do acesso à
educação, que ainda está sendo construído no Brasil.
Pais que
têm condições de colocar seus filhos em escolas particulares, assim fazem, pois
as escolas públicas vêm sofrendo com grande falta de investimento, alunos e
professores sentem-se muitas vezes desmotivados por conta da falta de condições
mínimas que tem de usufruírem de um ensino de qualidade, essa falta de
interesse pode ser também motivo a evasão escolar.
No caso brasileiro, o problema reside numa questão
de qualidade. As famílias de escolaridade mais alta querem oferecer aos seus
filhos uma educação melhor do que aquela disponível nas escolas públicas. Mas
gerir uma escola privada é uma atividade econômica em que as mensalidades devem
cobrir o custo do serviço oferecido e, dentro de certos limites, o custo será
tanto mais alto quanto melhor o serviço. Os pais procuram colocar os filhos nas
melhores escolas privadas porque acreditam que é nelas que eles terão a melhor
educação. Mas, paradoxalmente, desejam que, através de uma regulamentação do
Poder Público, elas ofereçam os seus serviços por um preço muito reduzido. (GOLDEMBERG, 1993, p. 132 e 133)
Ainda em entrevista Lacerda
(2010) afirma que a resolução do problema da educação básica brasileira não é
algo tão simples e que é necessária uma série de conjuntos como formação para
professores, financiamento, merenda escolar, gestão de qualidade, envolvimento
com a sociedade e reflexão sobre os resultados das avaliações externas para melhorar
a qualidade do ensino.
Educação de qualidade é
um direito de todos, o investimento que o estado faz por aluno comparado aos de
escolas particulares são baixíssimos e com esse investimento não é possível
fazer um ensino de qualidade. Enquanto a educação pública continuar com os
índices mínimos de qualidade e investimentos a escola em sua maioria será vista
como lugar de pobre e marginalizado. Mas e você, com um padrão alto de vida,
optaria por estudar numa escola pública ou particular e por quê?
REFERÊNCIAS:
Duarte, Tatiana. “Escola pública não é só para pobre”. 2010. Disponível em: www.gazetadopovo.com.br/educacao/escola-publica-nao-e-so-para-pobre-1vsx42i0bde8euyzuj0dm2uz2. Acesso em 01/07/2018.
GOLDEMBERG, José. O repensar da educação no Brasil. 1993.
LACERDA,
M. P. em entrevista para DUARTE, T. “Escola pública
não é só para pobre”. 2010. Disponível em: www.gazetadopovo.com.br/educacao/escola-publica-nao-e-so-para-pobre-1vsx42i0bde8euyzuj0dm2uz2.
Acesso em 01/07/2018.
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