quinta-feira, 30 de maio de 2019



O ESTEREÓTIPO DA EDUCAÇÃO BÁSICA BRASILEIRA 

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                                                                               Natália Ferreira dos Santos


Segundo o artigo 205 da Constituição Federal de 1988 a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho, e no artigo 206 inciso VII ressalta que garantir uma educação de qualidade é um dos princípios do ensino. Há muito tempo a educação brasileira vem sido arrastada por condições de qualidades mínimas, onde muito se visa na formação para o mercado de trabalho e é deixada de lado a formação do homem enquanto cidadão e ser pensante. Com raras exceções a educação básica pública é de qualidade lamentável, em meio a uma educação tão sucateada para quem sobre esse ensino tão precário?
Alguns países da América Latina começaram a universalizar o ensino público no século XIX e o Brasil apenas um século depois. De acordo com Simões (2017), o direito a educação no Brasil é algo bem recente e as camadas mais pobres e marginalizadas da população vieram a ter acesso à educação nas últimas décadas do século XX, o que reflete na nossa sociedade hoje, onde se tem baixo índice de aprendizado e elevado número de reprovações nos alunos em condições de pobreza. Nesse contexto, a desigualdade social pode ser traduzida como desigualdade escolar.
Segundo Duarte (2010), o conceito de escola pública com qualidade ainda precisa ser construído no país, e o estigma que a escola pública carrega, o de ser “coi­­sa para pobre”, só pode ser com­­batido com oferta de ensino de qualidade. Em entrevista para “escola pública não é só para pobre” Lacerda (2010) afirma que um dos grandes problemas é o recente conceito da universalização do acesso à educação, que ainda está sendo construído no Brasil.
Pais que têm condições de colocar seus filhos em escolas particulares, assim fazem, pois as escolas públicas vêm sofrendo com grande falta de investimento, alunos e professores sentem-se muitas vezes desmotivados por conta da falta de condições mínimas que tem de usufruírem de um ensino de qualidade, essa falta de interesse pode ser também motivo a evasão escolar.

No caso brasileiro, o problema reside numa questão de qualidade. As famílias de escolaridade mais alta querem oferecer aos seus filhos uma educação melhor do que aquela disponível nas escolas públicas. Mas gerir uma escola privada é uma atividade econômica em que as mensalidades devem cobrir o custo do serviço oferecido e, dentro de certos limites, o custo será tanto mais alto quanto melhor o serviço. Os pais procuram colocar os filhos nas melhores escolas privadas porque acreditam que é nelas que eles terão a melhor educação. Mas, paradoxalmente, desejam que, através de uma regulamentação do Poder Público, elas ofereçam os seus serviços por um preço muito reduzido. (GOLDEMBERG, 1993, p. 132 e 133)

Ainda em entrevista Lacerda (2010) afirma que a resolução do problema da educação básica brasileira não é algo tão simples e que é necessária uma série de conjuntos como formação para professores, financiamento, merenda escolar, gestão de qualidade, envolvimento com a sociedade e reflexão sobre os resultados das avaliações externas para melhorar a qualidade do ensino.
Educação de qualidade é um direito de todos, o investimento que o estado faz por aluno comparado aos de escolas particulares são baixíssimos e com esse investimento não é possível fazer um ensino de qualidade. Enquanto a educação pública continuar com os índices mínimos de qualidade e investimentos a escola em sua maioria será vista como lugar de pobre e marginalizado. Mas e você, com um padrão alto de vida, optaria por estudar numa escola pública ou particular e por quê?


REFERÊNCIAS:

Duarte, Tatiana. “Escola pública não é só para pobre”. 2010. Disponível em: www.gazetadopovo.com.br/educacao/escola-publica-nao-e-so-para-pobre-1vsx42i0bde8euyzuj0dm2uz2. Acesso em 01/07/2018.

GOLDEMBERG, José. O repensar da educação no Brasil. 1993.

LACERDA, M. P. em entrevista para DUARTE, T. “Escola pública não é só para pobre”. 2010. Disponível em: www.gazetadopovo.com.br/educacao/escola-publica-nao-e-so-para-pobre-1vsx42i0bde8euyzuj0dm2uz2. Acesso em 01/07/2018.

SIMÕES, Renata Duarte. Os impactos da pobreza na educação escolar. 2017. Disponível em pensaraeducacao.com.br/pensaraeducacaoempauta/os-impactos-da-pobreza-na-educacao-escolar/. Acesso em 02/07/2018




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