REPENSANDO O ESPAÇO EDUCACIONAL
José Lucas Estrela Xavier
O sistema
educacional atual, tanto da universidade quanto do ensino básico, é baseado em
padrões antigos e ultrapassados se formos pensar na sociedade atual, uma vez
que esses locais não são “adequados” para o ensino, gera-se uma certa controvérsia
quando tratado sobre o porquê e o para que da educação. Utilizando da obra de
Michel Foucault, trataremos do espaço físico educacional, para depois tratarmos
em seu âmbito teórico.
Tanto as
escolas quanto as universidades, seguem um padrão desatualizado se comparados a
sociedade atual, mas se pode colocar a questão, qual seria o motivo pelo qual
esse sistema se mantém? O espaço educacional é cercado pelas mais diversas
técnicas, disciplinas para que se possa ter uma organização dos corpos “a
disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados” (Foucault, 2009: 133).
Todo esse espaço então seria dividido para que se possa exercer tal disciplina
sobre os corpos, utilizando técnicas distributivas para tal, primeiramente a
divisão de espaço, muros, salas, filas, turmas, entre outros. Essa distribuição
de corpos dentro de um espaço cria uma arquitetura funcional e complexa do
espaço, criando assim uma técnica na qual se permite monitorar e vigiar tais
corpos. Essa divisão, de acordo com Foucault, permite o controle de todos de
maneira simultânea, uma vez que sabe-se onde encontrar e como comunicar com
todos esses indivíduos, gerando assim uma economia no tempo de aprendizagem,
uma vez que todo espaço é dividido para que o corpo seja mais útil e obediente,
isso tanto na questão de espaço quanto na divisão do controle da atividade, se
tratando tanto de horários, articulação entre o corpo-objeto, fazendo que o
corpo -que é docilizado- tenha uma melhor relação com objeto, para que com isso
também haja uma economia de tempo e energia.
Toda essa
arquitetura funcional que é montada, pretende uma melhor economia de tempo e
aprendizagem do aluno, fazendo com que todos estejam dentro dessa grande
máquina, isso faz com que o aluno seja “colocado” dentro de determinado quadro,
onde sua individualidade é retirada, pelo fato de que são tratados de mesma
maneira, tratados de forma “igual” sem levar em consideração suas particularidades.
A política
educacional se articula ao contexto internacional, a agentes financiadores, que
tem como objetivo a geração de mão de obra, essas não visam a educação como
formação do ser, estimulando o raciocínio critico, em geral, não estão
interessadas em uma educação emancipadora e sim em uma educação empresarial,
voltada para o mercado, em mão de obra especializada, por isso órgãos
empresarias investem em educação, para que essa possa gerar um retorno
futuramente. A reforma do ensino médio vem muito bem demonstrar isso, uma vez
que retira matérias como filosofia, sociologia, história entre outras, que são
fundamentais para criação e estimulação do raciocínio crítico do aluno,
deixando apenas português e matemática como matérias obrigatórias, implementando
uma lógica totalmente empresarial, uma vez que essas dão suporte monetário para
tais mudanças “as políticas educacionais sob a ótica do neoliberalismo têm
reforçado a concepção da escola como instituição simples, capaz de ser
controlada e gerenciada a partir de uma lógica de gestão por e para
resultados.” (Girotto, 2018: 17).
Com isso, é
possível responder a pergunta que é feita no início do texto -qual seria o
motivo pelo qual esse sistema se mantém?-
uma vez que esse sistema é ainda útil e gera resultados, economicamente
falando, um modelo que impõe diversas regras, punições, hierarquizações, divisões
de horários, divisões de espaço entre diversos outros aspectos fazendo com que
o ambiente escolar torne-se gerador de resultados, aperfeiçoando os alunos para
que sejam mais eficazes e produzam mais em menos tempo, controlando suas ações
e vigiando seus afazeres, remetendo bastante ao modelo fordista de produção. Tal modelo educacional, baseado em uma ótica empresarial tem como objetivo a
geração de resultado e de retorno de seu investimento.
É necessário
então uma reformulação do espaço educacional em si, um modelo que tenha como
prioridade o aluno, seu desenvolvimento não só intelectual, mas desenvolvimento
como ser humano, levando em consideração todas suas particularidades e conseguindo
atender a todas essas, que seja capaz tanto de conviver mas também de um melhor
desenvolver da sociedade como um todo O discente teria um papel fundamental
dentro desse novo modelo, uma vez que esse seria o mediador entre os conhecimentos,
tanto aqueles que serão passados dentro da escola quanto aqueles que vem de
fora desta, que estimulem a curiosidade do aluno, adaptando-se a esses, um
sistema educacional orgânico, capaz de se regular por si e para si.
Referências Bibliográficas:
-FOUCAULT,
Michel. Vigiar e Punir. Editora
Vozes. Rio de Janeiro, 2009.
-GIROTTO,
Eduardo. Entre o abstracionismo pedagógico e
os territórios de luta: a base nacional comum curricular e
a defesa da escola pública. Horizontes, 2018.
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