A ESCOLA PÚBLICA GRATUITA
Luiz Felipe
A escola pública gratuita e a qualidade
de ensino da mesma é um direito público subjetivo, ou seja, um direito que
todos os indivíduos deveriam ter acesso. No entanto, essa ainda não é a
realidade do Brasil, visto que são diversos os
problemas existentes no sistema educacional brasileiro. Entre eles,
pode-se destacar os seguintes percalços: dificuldades em universalizar o
acesso, garantir a permanência dos alunos nas escolas, educação inclusiva para
alunos portadores de necessidades especiais, respeito às diferenças
socioculturais, incentivo ao pensamento crítico, qualidade do ensino ofertado
etc.
Nesse sentido, torna-se interessante
refletir sobre a dimensão populacional e territorial do país. O Brasil conta
com uma população de 209 milhões de habitantes (IBGE, 2018) distribuídos em
5570 municípios. Em relação à população, sabe-se da imensa desigualdade social,
uma marca comum dos países subdesenvolvidos. Dessa forma, o presente texto está
pautado em discorrer sobre os impactos da desigualdade social na educação.
As escolas públicas no Brasil
tornaram-se um local que supre a carência social que outras parcelas
governamentais deveriam suprir, dentre as necessidades que uma escola preenche,
a mais evidente é que tanto os alunos como os pais que encontram-se numa
situação de vulnerabilidade, vêem na instituição educacional o local para se
alimentar, e em muitos casos isso se torna o principal motivo para a frequência
no âmbito escolar. Na música “Minha história” do funkeiro Mc Daleste, essa
realidade é exposta de maneira clara nos versos:
“Lembro como se fosse agora quando abri a geladeira Não
tinha nada pra comer e a barriga vazia
Acho
que posso conseguir aguentar por mais alguns dias Mas amanhã eu vou pra escola
e como na merenda Sábado e domingo é difícil mas a gente aguenta”
A escola pública desempenha funções
sociais diferentes de acordo com as condições socioeconômicas da população,
podendo ser um lugar de transmissão de conhecimento e também um lugar de acolhimento social para
os indivíduos que estão em condições de vulnerabilidade
socioeconômica. O problema não é, no entanto, o fato da escola desempenhar uma
função social de acolhimento, mas sim a polarização existente: Escolas públicas
desempenhando somente a função de assistência social e escolas públicas focadas
no conhecimento. Esse dualismo existente tem relação direta com as políticas
públicas educacionais realizadas no país após a Conferência Mundial Sobre
Educação Para Todos.
Segundo Libâneo (2012), após a
Conferência Mundial Sobre Educação Para Todos “a aprendizagem transforma-se
numa mera necessidade natural, numa visão instrumental desprovida de seu
caráter cognitivo, desvinculada do acesso de formas superiores de pensamento”.
O ideal seria a escola pública que desempenhasse tanto as funções sociais
quanto a função de transmissão do conhecimento, ambas de forma coexistente.
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