quarta-feira, 29 de maio de 2019


VALORIZAÇÃO E CAPACITAÇÃO DO PROFESSOR


Resultado de imagem para valorização do professor

                                                                                          Larissa Arcanjo de F. Vieira

Esse artigo aborda sobre o que é ser docente, a razão da licenciatura ser desvalorizada pelos jovens, o motivo da redução do interesse pelo curso de licenciatura, e também trata do porque há a presença da mulher de forma tão significativa nessa profissão, de acordo com o contexto histórico e sobre o Plano nacional de Educação com sua meta para 2020.
A profissão docente sofre por conta da sua desvalorização, um dos fatores é a falta de identidade profissional. Por isso há diminuição de jovens que optam pela licenciatura como profissão. Isto ocorre, por influência da mídia, que expõe as partes negativas da profissão.
A valorização dos docentes, seria uma forma de tornar a docência mais atrativa, não só em relação ao salário, mas as condições do ambiente de trabalho, apoio da coordenação, orientadores, psicólogos, a presença da própria comunidade.
Infelizmente, a sobrecarga do trabalho promove a desvalorização do professor, além disso a baixa remuneração, o desinteresse e o desrespeito dos alunos, as péssimas condições de trabalho, a desvalorização social da profissão e a falta de identificação. Quando há identificação com a profissão docente poucos escolhem ela, porque existe um índice alto de desistência e baixo índice de atratividade na carreira.
Pretendo explicitar o porquê da diminuição do número de matrículas em cursos de licenciatura. A visão dos jovens sobre docência e o que é ser professor na concepção deles.

Docente

A docência é uma das profissões mais antigas do mundo. Segundo o dicionário Aurélio, ser docente é relativo a professor; aquele que ensina. De acordo com o dicionário Soares (2000, p. 578), professor é "aquele que ensina uma ciência ou arte, mestre, individuo perito ou adestrado".
Para Veiga (2009, p.58) "o professor ajuda a aprender, a sistematizar os processos de produção e assimilação de conhecimentos para garantir a aprendizagem efetiva, também orienta e direciona o processo de ensinar".  A docência é uma das profissões mais complexas que existe, a ele são atribuídas diversas ações como preparar a aula, fazer um plano de aula, mediar aula, corrigir atividade, etc.
Por meio do professor que os conhecimentos são mediados, com o propósito de gerar a aprendizagem para os alunos, pois o mesmo possui grande influência sobre o aluno. Através de CAMPOS (2007), podemos compreender melhor, a função do professor na vida do aluno, ele diz que:

 O professor, no curso da sua ação profissional, produz sentidos no contexto cultural em que se encontram inseridos os sujeitos da ação educativa: professores e alunos. Assim a produção e significados é fruto da subjetividade do professor que atua na sua ação como docente. Os saberes do professor são definidos pelo campo cultural, próprio da educação escolar em permanente construção CAMPOS (2007, p. 22).

Desvalorização da profissão

A desvalorização presente na atualidade consequência dos processos históricos da área educacional no Brasil. O acesso à escola aos diferentes níveis, vem sendo incorporado como uma demanda social e assim sua oferta vem sendo expandida, diferentes exigências são feitas para a formação do docente e diferentes perfis profissionais vão sendo estabelecidos. No princípio do século 19, após a independência o país começa as primeiras escolas de primeiras letras para formar professores para os anos iniciais. Dando origem as escolas ditas como normais, que surgem com o surgimento da república.
As chamadas escolas modelo e foram responsáveis pelo surgimento, ampliação e pelo desenvolvimento do magistério primário no país. Dessa forma, Saviani destaca:

Visando à preparação de professores para as escolas primárias, as Escolas Normais preconizavam uma formação específica. Logo, deveriam guiar-se pelas coordenadas pedagógico-didáticas. No entanto, contrariamente a essa expectativa, predominou nelas a preocupação com o domínio dos conhecimentos a serem transmitidos nas escolas de primeiras letras. O currículo dessas escolas era constituído pelas mesmas matérias ensinadas nas escolas de primeiras letras. Portanto, o que se pressupunha era que os professores deveriam ter o domínio daqueles conteúdos que lhes caberia transmitir às crianças, desconsiderando-se o preparo didático-pedagógico. (SAVIANI, 2009, p.2).

No século XX, ocorreu a concretização em todo o território nacional, dessas instituições destinadas a formar professores para o ensino primário. De acordo com Nóvoa, a criação das escolas normais constitui o processo da institucionalização da formação docente, proporcionando o desenvolvimento da profissão e a melhoria da posição social dos docentes, além de estabelecer um controle do Estado sobre os professores.
Criadas pelo Estado para controlar um corpo profissional, que conquista uma importância acrescida no quadro dos projetos de escolarização de massas; mas são também um espaço de afirmação profissional, onde emerge um espírito de corpo solidário. As escolas normais legitimam um saber produzido no exterior da profissão docente, que veicula uma concepção dos professores centrada na difusão e na transmissão de conhecimentos; mas são também um lugar de reflexão sobre as práticas, o que permite vislumbrar uma perspectiva dos professores como profissionais produtores de saber e de saber-fazer (NÓVOA, 1997, p. 16).
Em 1930, surge o ensino secundário, que atualmente equivale ao segundo ciclo do ensino fundamental. Daí, inicia-se a sua expansão, surgem os primeiros cursos superiores de educação. As diferentes disciplinas eram oferecidas a pessoas que demonstrassem algum conhecimento na área, por testes de conhecimento. Ao decorrer das décadas, vão sendo estabelecidos cursos de pedagogia e licenciaturas em geral.
A partir de 1960, com o estabelecimento do sistema de pós-graduação, passam a ser feitas exigências especificas. Assim, dá a existência do professor como pesquisador, ultra especializado, tornando-o mais valorizado. Entre os problemas que se tem enfrentado desde 1970 estão a falta de estrutura física como salas pequenas e superlotadas e a contratação de professores com titulação adequada. Para suprir a demanda nas escolas foi necessário contratar professores sem formação e este fator favoreceu a perda do valor do trabalho docente (CANDAU, 1987; GADOTTI, 1987; OLIVEIRA, 2007).
O ano de 1970 foi um marco na história, pois ocorreram fortes mudanças no setor educacional brasileiro, decorrentes dos processos tecnológicos e da necessidade de mão de obra qualificada, precisava-se estar ligadas a educação, porque priorizavam o desenvolvimento da economia. A fim de qualificar os trabalhadores, houve nesse contexto uma expansão da escola pública, o que possibilitou que um número maior de pessoas tivesse acesso à escola.
Após esse momento histórico, a imagem do professor ficou desvalorizada, como se qualquer um soubesse fazer, a ideia de que se nada desse certo era só virar professor. Esses são os pensamentos que uma parte da sociedade ainda acredita pertencer à profissão docente. Logo, a valorização passa ser um ideal e não uma realidade. (DINIZ-PEREIRA, 2006).
A mídia tem grande poder de influenciar a sociedade, por meio de reportagens, documentários e notícias, onde expõe de forma desvalorizada o papel do professor. Para (BASTOS, 2012), a imagem deteriorada do professor, cumpre seu papel como um técnico que apenas sabe dar aulas, como alguém que escolheu se sacrificar por ter o dom, a vocação de ensinar e não como um profissional que está envolvido em todo o processo educacional.
Através da profissão docente, dificultam o reconhecimento da sua identidade docente e todo o processo educacional brasileiro, porque a escola é lugar de aprendizado, ou seja, desqualificar a imagem professor é promover a desvalorização. É de extrema importância para o avanço da profissão que os jovens que estão em sua fase de decisão na carreira profissional, façam a escolha pela docência por se identificarem com a mesma e não por ser sua última opção.

                                                 Falta de interesse pela profissão

De certa forma não há como avançar profissionalmente na carreira docente vivendo nesse contexto de pessimista e de descaso, Libâneo contribui para melhor entendimento nos mostrando que: 

A desprofissionalização afeta diretamente o status social da profissão em decorrência dos baixos salários, precária formação teórico-prática, falta de carreira, deficientes condições de trabalho. Com o descrédito da profissão, as consequências são inevitáveis: abandono de sala de aula em busca de outro trabalho, redução da procura dos cursos de licenciatura, escolha de cursos de licenciatura ou pedagogia como última opção (em muitos casos, são alunos que obtiveram classificação mais baixa no vestibular), falta de motivação dos alunos matriculados para continuar o curso (LIBÂNEO, 2000, p. 43).

Apenas em 1996, com o direcionamento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB é exigida como formação mínima o curso no nível superior, Pedagogia. Em seu artigo 62, dispõe que:

A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nos 5 (cinco) primeiros anos do ensino fundamental, a oferecida em nível médio na modalidade normal.

A necessidade de uma formação mais abrangente, que aprendesse a áreas específicas de atuação da profissão docente, porquê a concepção de que qualquer um poderia assumir uma sala de aula, fica para trás, na medida em que se exige agora uma formação de nível superior. Fazendo assim, com que haja uma valorização maior pela profissão.

Formar professores implica compreender a importância do papel da docência, propiciando uma profundidade científico- pedagógica que os capacite a enfrentar as questões fundamentais da escola como instituição 7 social, uma pratica social que pressupõe as ideias de formação, reflexão e critica (VEIGA, 2009, p. 25).

Se tratando do profissional docente, este deve estar consciente de que sua formação é permanente, continuada, fazendo parte de uma incansável busca por conhecimentos e novos saberes. Nesse sentido, (FREIRE, 1996) esclarece: 

Mas, histórico como nós, o nosso conhecimento do mundo tem historicidade. Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez velho e se “dispõe” a ser ultrapassado por outro amanhã. Daí que seja tão fundamental conhecer o conhecimento existente quanto saber que estamos abertos e aptos à produção do conhecimento não existente. Ensinar, aprender e pesquisar lidam com esses dois momentos do ciclo gnosiológico: o em que se ensina e se aprende o conhecimento já existente e o em que se trabalha a produção do conhecimento ainda não existente. A “docência” docência discência e a pesquisa, indicotomizáveis, são assim práticas requeridas por estes momentos do ciclo gnosiológico (FREIRE, 1996, p.28)

Compreendendo a formação como estopim da profissão, essa ainda que seja continuada não garante uma valorização social do profissional docente, apesar da formação continuada oferecida nas últimas décadas ter a finalidade de aprofundar os conhecimentos adquiridos no curso: 

Com problemas crescentes nos cursos de formação inicial de professores a ideia de formação continuada como aprimoramento profissional foi se deslocando também para uma concepção de formação compensatória destinada a preencher lacunas da formação inicial (GATTI; BARRETO, 2009, p. 200).

A formação continuada, tem a finalidade de permitir que o professor esteja se atualizando para atender as mudanças contemporâneas, informações disponibilizadas diariamente, etc. Deve estar avançando para aprimorar seus saberes, tendo em vista que fica mais difícil mudar o seu modo de pensar, vivenciar novas experiências, ou mesmo novas pesquisas. Dessa forma, o profissional deve estar sempre atualizado, a tudo que se encontra ao seu redor.
São diversos fatores que contribuem para a falta de interesse desse profissional, formação, condições de trabalho e remuneração. O tempo de curso, para um trabalho desgastante com baixa remuneração. Assim, Gatti e Barretto (2009, p. 247) corroboram com essa afirmação, ao explicitar que "os salários recebidos pelos professores não são tão compensadores, especialmente em relação as tarefas que lhe são atribuídas".
Não há apenas um motivo que explique a desvalorização da profissão docente, há evidências de que ela está associada a uma soma de variáveis intervenientes que resultam na atual situação do desprestígio dessa profissão. Apesar de existirem leis que visem à melhoria do magistério, a maioria não há punição, deixando brecha para não efetivação dos benefícios para o professor. Enquanto as políticas não efetivarem as leis, e enquanto a sociedade continuar mostrando descaso a esses profissionais, eles não serão valorizados.

Mulheres e a desvalorização

Uma questão de alta relevância no contexto histórico relacionado a esta profissão, é a presença massiva de mulheres. Desde o princípio do sistema escolar previa a separação de gêneros, nas escolas masculinas, onde eram ministradas aulas de conhecimentos mais amplos, e eram professores homens; nas escolas femininas, eram professoras mulheres. A reconfiguração das escolas mistas só ocorre no Brasil na virada do século 20, e mesmo assim, por muitos anos ainda persiste a repartição das escolas secundárias e internatos em masculinos e femininos.
Ensinar passa a ser associado a uma tarefa semelhante a realizar cuidados maternos, ou seja, um trabalho tipicamente para mulheres. “O trabalho feminino entra, justamente, nos estratos menos valorizados da profissão como um trabalho associado à maternagem, ao cuidado e que exige menos formação e mais uma vocação”, resume o professor GONDRA (2014) da UERJ.
Falta de interesses de jovens pela carreira de professor
Informações levantadas pelo movimento Todos pela Educação, com base nos dados do Instituto Nacional de Estudos Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Diz que a cada 100 jovens que ingressam no curso de pedagogia e licenciatura do país, somente 51 permanecem e concluem o curso, apenas 27 tem interesse de seguir carreira no magistério.
Segundo a presidente do Todos pela Educação, Priscila Cruz, “Temos um apagão de professores, primeiramente pela desvalorização. A gente já atrai pouco e, dos que vão para a formação inicial, poucos permanecem na carreira. E não se consegue ter uma área de atuação que consiga atrair os melhores alunos do ensino médio”.
De acordo com Priscila Cruz, entre as políticas de atratividade necessárias para aumentar o interesse na profissão seria a melhoria do salário. Hoje em dia, o professor ganha metade do que os profissionais de outras áreas com ensino superior completo. Ela acrescenta que fica difícil atrair os melhores alunos do ensino médio para a carreira se não conseguir fazer com que o salário melhore.
Priscila Cruz destaca que é necessário melhorar as condições de trabalho para que haja a aproximação de jovens com a profissão para fazer com que eles presencie de perto a realidade dos professores. “O fato de o jovem verificar no seu dia a dia que professores não são valorizados, e muitas vezes são atacados pelos próprios jovens, familiares, pela sociedade, pelo governo, isso faz com que o jovem desista da profissão”. Lamenta Priscila Cruz.
Segundo com a Conferência Nacional dos Trabalhadores em Educação, em 2004 o salário dos professores no país representava cerca de 60% da média salarial de outras profissões, atualmente é 52% da média. “Este é o movimento inverso do Plano Nacional de Educação que diz que em 2020, o salário médio dos professores deve ser equiparado ao salário da demais profissões”.
Plano Nacional
O Ministério de Educação (MEC) tem uma política de formação de professores, já articulada na Base Nacional Comum Curricular, que vai visar principalmente na valorização dos profissionais. De acordo com o MEC, está em estudo a ampliação das oportunidades das licenciaturas para a nova geração de docentes da educação básica e também para os que já lecionam em sala de aula.
O MEC considera de extrema importância a valorização do professor e diz que é fundamental para a educação. “Existe a clareza de que o professor tem um papel central no desenvolvimento educacional de nossos estudantes e de que, para exercer essa profissão, ele precisa ser valorizado em todas dimensões” diz o ministério, em nota.

Considerações finais:

Mediante ao que foi abordado nesse artigo, espero ter explicitado a realidade dos professores, o motivo central da desmotivação para buscar a área e o que falta para que aconteça realmente a valorização dos profissionais docentes. A influência da mídia e da realidade mesmo em si, de forma pessimista, causando assim, menos procura pelos cursos de licenciatura.
Cabe destacar a atenção, ao salário dos docentes, independente se formarão outros docentes ou não, os docentes que norteiam os discentes, que dão destino e ajuda os discentes a decidir o seu futuro.
Por fim, ressalto a importância do investimento na área de educação, tanto com os profissionais, como no ambiente de trabalho, quanto na qualidade do ensino, através da educação formaremos profissionais de excelência para um futuro breve.

Referências:
https://dicionariodoaurelio.com/docente.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. Saberes necessários a prática educativa, São Paulo: Paz, 1996.
GATTI, Bernardete Angelina. BARRETO, Elba Siqueira de Sá. Professores do Brasil: impasses e desafios. Brasília: UNESCO, 2009.
SAVIANI, Dermerval. Formação professores: aspectos históricos e teóricos do problema no contexto brasileiro. Revista Brasileira de Educação v.14 n. 40 jan./abr. 2009.
VEIGA. Ilma Passos Alencastro. A aventura de formar professores. Campinas, SP: Papirius, 2009.
LIBÂNEO, José Carlos. Adeus professor, adeus professora? Novas exigências educacionais e profissão docente. 4.ed. Cortez, 2000.
CANDAU, V. M. F. Novos rumos da licenciatura. Brasília: INEP (coord.), p.93, 1987.
CANDAU, V. M. F.; et al. Didática, currículo e saberes escolares – Rio de Janeiro: DP&A, 2002. 2ª edição.
DINIZ-PEREIRA, J. E. Formação de Professores - pesquisas, representações e poder – 2 ed. – Belo Horizonte: Autêntica, 2006.
http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2017-10/carreira-de-professor-desperta-cada-vez-menos-o-interesse-de-jovens








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