SAÚDE MENTAL NA UNIVERSIDADE
Entrar numa universidade não é
tarefa fácil, além da dificuldade de escolha do curso e da pressão familiar,
muitas vezes a preparação para o vestibular exige muito tempo de estudo e
esforço. Mas depois da aprovação a situação não melhora, e geralmente piora. A
dificuldade de se adaptar ao novo ambiente e de desenvolver um perfil
universitário está presente na vida de muitos estudantes e a exigência
demasiada desse novo ciclo pode desgastar o emocional deles, afetando a sua
saúde mental.
Nem sempre o que o estudante espera
do ensino superior condiz com a realidade acadêmica, por isso a criação de
expectativas antes de entrar na universidade pode gerar uma grande decepção.
Muitas vezes é preciso abrir mão da vida social e do lazer para se dedicar aos
estudos, que exigem uma grande produtividade. Diante disso, alguns alunos
sacrificam o descanso e dormem menos, fazendo uso de energéticos e ritalina
para se manterem acordados e atentos. Ademais, o estudante se vê na necessidade
de se tornar competente na sua área de formação, pensando no mercado de
trabalho e tentando realizar o seu objetivo de vida, ou até mesmo tentando
descobrir qual o seu objetivo de vida, o que pode levar a profundas crises
existenciais seguidas de angústia e ansiedade.
Segundo um artigo publicado pela
Unifia, uma pesquisa realizada em 2015 com pela NUS (National Union of
Students) indicou que 78% dos respondentes universitários enfrentaram problemas
de saúde mental (CASTRO,2017). No Brasil esse quadro não é diferente, tendo em
vista o crescente número de suicídios cometidos por estudantes universitários.
Depressão, ansiedade, desânimo, exaustão, estresse, entre outros, são causados
por diversos fatores encontrados dentro da universidade, bem como pressão
familiar, problemas em se relacionar, problemas em desenvolver a
própria identidade, competitividade entre os estudantes, além de abuso de poder
por parte de alguns professores, que muitas vezes fazem exigências além do
possível, fazendo com que o aluno não tenha tempo para pensar em nada além da
faculdade.
Muitos alunos costumam fazer uma
avaliação negativa de si mesmo quando não conseguem atingir uma nota esperada,
ou uma nota equivalente ao seu esforço. Um estudo realizado por Oliveira
(OLIVEIRA,1994) mostra que uma autoavaliação negativa do aluno pode interferir
significamente em seu desempenho. Fracassos do aluno podem abalar a sua
auto-estima, o que, provavelmente, o levará ao fracasso novamente. Sendo assim,
a assistência voltada para o psicológico do estudante se torna essencial na universidade, já que
bons profissionais precisam estar saudáveis mentalmente.
Muitas universidades oferecem
atendimentos psicológicos gratuitos, mas infelizmente nem sempre essas
assistências funcionam, pois muitas
vezes não é possível atender a todos que precisam. A falta de divulgação também
é um problema, já que muitos alunos não sabem da existência dessa assistência
na instituição, enquanto outros mesmo estando cientes têm medo ou receio em procurar
ajuda. Portanto, é necessário um diálogo mais aberto entre a instituição e os
estudantes, para compreender o que causa o problema e buscar meios para
combatê-lo. Falar sobre isso é importante e necessário.
Porém, o dever de ajudar não é só da
instituição, os próprios alunos também têm um papel importante. Um ouvido amigo
sem julgamentos pode fazer uma grande diferença para as pessoas, que muitas
vezes precisam de alguém para desabafar e conversar. Além disso, muitos
projetos podem surgir por partes dos alunos. Em 2017 alunos da Universidade
Federal de Viçosa desenvolveram um projeto nas redes sociais para chamar a
atenção para a saúde mental e denunciar a falta de diálogo com a instituição
sobre o assunto. A campanha #NãoÉNormalUFV
vem conscientizando alunos de outras instituições que também se engajaram no
projeto, com o objetivo de mostrar que não é normal ter a saúde mental afetada
pela universidade, compartilhando diversos relatos de experiências
universitárias.
E
você? Vai fazer o que?
Referências:
CASTRO, Vinicius. Reflexões
sobre a saúde mental do estudante universitário: Estudo empírico com estudantes
de uma instituição pública de ensino superior. Disponível em: <http://unifia.edu.br/revista_eletronica/revistas/gestao_foco/artigos/ano2017/043_saude_mental.pdf>
Acesso em: 06 de julho de
2017
OLIVEIRA, Ivone Martins de. Preconceito e autoconceito: identidade e interação na sala de aula.
Papirus Editora, 1994
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