O RECURSO NECESSÁRIO PARA O ESTABELECIMENTO DE QUALIDADE NO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO
Thaynara Gonçalves Jordão
Não é necessário
qualquer tipo de formação tampouco diploma para constatar que a situação do
sistema educacional brasileiro é precária. O interessante é que isso se faz
visível quando estamos em contextos informais e ouvimos os vários comentários
de cunho negativo quanto à situação educacional do país atualmente. Não digo
que isso é errado, pelo contrário, se as pessoas deixassem de participar
informalmente e anonimamente e começassem a serem valorizadas de modo efetivo
como instrumentos de promoção de melhorias poderíamos ver a educação tomando
novos rumos.
Essa atitude está
intimamente ligada ao conceito de “gestão democrática”, que é o princípio
orientador das políticas de educação, determinado pela própria Constituição
Federal, que propõe à escola relações de cooperação, colaboração e participação
democrática, resultando em um diálogo frutífero de partes que estão de fato
interessadas pela qualidade do ensino. O problema é que isso não ocorre, tanto
por falta de abertura das escolas quanto por falta de real interesse da comunidade
como um todo. Não basta corroborar com o fato de que educação é importante; é
preciso querer participar do processo de construção desse sistema, já que a
escola não é uma instituição isolada, ela compõe o mundo, e é exatamente o seu
afastamento do mundo que contribui para a sua precarização.
Nesse
sentido, somos levados à reflexão da função social da escola, que é um
organismo vivo na sociedade e que se integra a ela. Todos estão envolvidos com
a educação; e se engana quem acha que esse envolvimento seria de forma
indireta. A educação é a base de toda sociedade e não se restringe à estrutura
da escola. Evidentemente que a escola é o espaço reservado, criado exatamente
para promover a produção e compartilhamento de conhecimentos, mas ela só pode
realizar sua função por completo quando chega nos locais mais escassos.
Atualmente, o que pode-se observar é que há um diálogo fechado na academia,
pelo qual especialistas conversam com especialistas e o que era para ter
funcionalidade concreta perde o seu sentido. As pessoas terão propriedade para
falar da educação e para sentirem-se imersos nela quando as produções
científicas chegarem até elas e forem efetivamente funcionais; e não somente
quando tiverem seus filhos matriculados em uma escola.
O
estabelecimento da educação como direito para todos está posto na Constituição
de 1988 e na Lei de Diretrizes e Base e determina-se que ela “[...] será promovida e incentivada com a
colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu
preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
(Constituição, art. 205). Falar de desenvolvimento pleno é complexo porque
envolve o ser humano como um todo e, se analisarmos a maneira como a escola, no
geral, tem formado as pessoas, vemos que esse ideal de plenitude está longe de
ser alcançado. A escola, com a conduta de afastamento do mundo, ao invés de ser
causa de potencialização, acaba aprisionando os alunos, sendo empecilho para
que eles se desenvolvam de modo que pensem “fora da caixa”. Não é só da
educação no nível público que falo, pois, infelizmente, uma especificidade da
escola privada é oferecer uma infinidade de conteúdo, que não passam de
fragmentos isolados. E nada que é isolado faz sentido. Sendo assim, não é
difícil compreender a posição que alguns pais tomam de aplicarem o homeschooling aos seus filhos, já que,
nesse sistema de ensino, uma das características principais é a aproximação do
que se aprende ao que é vivido; e assim, o estudante passa a gerar interesses
de estudo e aprender por prazer, o contrário do que, lamentavelmente, acontece
com muitas crianças e jovens.
A minha intenção nesse texto não é promover a
educação domiciliar, mas apenas mostrar que algumas posições devem ser compreendidas,
tendo em vista que partem de pessoas que realmente se preocupam com a educação.
O problema que existe aqui, a meu ver, é que, enquanto muitos desses pais
poderiam contribuir de maneira geral para que todos tivessem um ensino melhor,
lutam apenas pelos seus e não participam do processo de gestão democrática,
algo tão caro à implementação de qualidade para o Sistema Educacional Brasileiro.
Referência Bibliográfica:
BRASIL. Constituição (1988). Constituição
da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988.
Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168
p. (Série Legislação Brasileira).
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