domingo, 2 de junho de 2019



O RECURSO NECESSÁRIO PARA O ESTABELECIMENTO DE QUALIDADE NO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO 

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                                                                                         Thaynara Gonçalves Jordão 


Não é necessário qualquer tipo de formação tampouco diploma para constatar que a situação do sistema educacional brasileiro é precária. O interessante é que isso se faz visível quando estamos em contextos informais e ouvimos os vários comentários de cunho negativo quanto à situação educacional do país atualmente. Não digo que isso é errado, pelo contrário, se as pessoas deixassem de participar informalmente e anonimamente e começassem a serem valorizadas de modo efetivo como instrumentos de promoção de melhorias poderíamos ver a educação tomando novos rumos.
Essa atitude está intimamente ligada ao conceito de “gestão democrática”, que é o princípio orientador das políticas de educação, determinado pela própria Constituição Federal, que propõe à escola relações de cooperação, colaboração e participação democrática, resultando em um diálogo frutífero de partes que estão de fato interessadas pela qualidade do ensino. O problema é que isso não ocorre, tanto por falta de abertura das escolas quanto por falta de real interesse da comunidade como um todo. Não basta corroborar com o fato de que educação é importante; é preciso querer participar do processo de construção desse sistema, já que a escola não é uma instituição isolada, ela compõe o mundo, e é exatamente o seu afastamento do mundo que contribui para a sua precarização.
Nesse sentido, somos levados à reflexão da função social da escola, que é um organismo vivo na sociedade e que se integra a ela. Todos estão envolvidos com a educação; e se engana quem acha que esse envolvimento seria de forma indireta. A educação é a base de toda sociedade e não se restringe à estrutura da escola. Evidentemente que a escola é o espaço reservado, criado exatamente para promover a produção e compartilhamento de conhecimentos, mas ela só pode realizar sua função por completo quando chega nos locais mais escassos. Atualmente, o que pode-se observar é que há um diálogo fechado na academia, pelo qual especialistas conversam com especialistas e o que era para ter funcionalidade concreta perde o seu sentido. As pessoas terão propriedade para falar da educação e para sentirem-se imersos nela quando as produções científicas chegarem até elas e forem efetivamente funcionais; e não somente quando tiverem seus filhos matriculados em uma escola.
O estabelecimento da educação como direito para todos está posto na Constituição de 1988 e na Lei de Diretrizes e Base e determina-se que ela “[...] será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.” (Constituição, art. 205). Falar de desenvolvimento pleno é complexo porque envolve o ser humano como um todo e, se analisarmos a maneira como a escola, no geral, tem formado as pessoas, vemos que esse ideal de plenitude está longe de ser alcançado. A escola, com a conduta de afastamento do mundo, ao invés de ser causa de potencialização, acaba aprisionando os alunos, sendo empecilho para que eles se desenvolvam de modo que pensem “fora da caixa”. Não é só da educação no nível público que falo, pois, infelizmente, uma especificidade da escola privada é oferecer uma infinidade de conteúdo, que não passam de fragmentos isolados. E nada que é isolado faz sentido. Sendo assim, não é difícil compreender a posição que alguns pais tomam de aplicarem o homeschooling aos seus filhos, já que, nesse sistema de ensino, uma das características principais é a aproximação do que se aprende ao que é vivido; e assim, o estudante passa a gerar interesses de estudo e aprender por prazer, o contrário do que, lamentavelmente, acontece com muitas crianças e jovens.
A minha intenção nesse texto não é promover a educação domiciliar, mas apenas mostrar que algumas posições devem ser compreendidas, tendo em vista que partem de pessoas que realmente se preocupam com a educação. O problema que existe aqui, a meu ver, é que, enquanto muitos desses pais poderiam contribuir de maneira geral para que todos tivessem um ensino melhor, lutam apenas pelos seus e não participam do processo de gestão democrática, algo tão caro à implementação de qualidade para o Sistema Educacional Brasileiro.

Referência Bibliográfica:
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. Organização do texto: Juarez de Oliveira. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990. 168 p. (Série Legislação Brasileira).

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