A FUNÇÃO SOCIAL DA ESCOLA: ESCOLA DO CONHECIMENTO PARA OS RICOS, ESCOLA DO ACOLHIMENTO SOCIAL PARA OS POBRES
João Pinheiro Valadares Penna
A escola é
uma instituição criada com o objetivo de socializar o saber sistematizado, que
por muito tempo, exerceu a função social de exclusão e marginalização dos
indivíduos. O direito à educação foi por muito tempo objeto de classe sociais
primariamente altas, enquanto para classes subalternas, esse direito lhes era
negado, condenando-os assim, a futuro de sombrio em relação à sua mobilização
dentro da estrutura de classes.
Com o passar do tempo, o acesso à
educação foi melhorado, conseguindo abarcar uma gama muito maior de indivíduos.
Mesmo que ainda existam outros em que os acesso não lhes foi garantido ou é
dificultado por alguns fatores, cerca de 94% das crianças e adolescentes
atendem às escolas, dado baseado nos resultados da Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio (Pnad) de 2017.
Com isso, a reflexão acerca da
função social da escola ser de exclusão e marginalização se esvaiu, visto que a
maior parte da população foi adquirindo acesso à escola. Contudo, o autor José
Carlos Libâneo em seu texto: O dualismo
perverso da escola pública brasileira: escola do conhecimento para os ricos,
escola do acolhimento social para os pobres, reaviva esse debate.
O dualismo citado por Libâneo no
próprio título de seu artigo, é um aspecto extremamente cruel do processo
educacional desenvolvido no Brasil, que reproduz e mantém desigualdades
sociais. Esse modelo educacional, está claramente associado às reformas
educacionais praticadas na conjuntura de políticas neoliberais que floresciam
no mundo, principalmente, com o acordo internacional do movimento Educação para
Todos, cuja referência é a Conferência Mundial sobre Educação para Todos, que
aconteceu em Jomtien, na Tailândia. A conferência estava sob a supervisão do
Banco Mundial, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), do
Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e da Organização das Nações
Unidas para a Educação e Cultura (UNESCO).
As políticas educacionais propostas
pelo Banco Mundial e as Nações Unidas para países em desenvolvimento tem se
provado em ser um fracasso. Suas reformas baseiam-se no desmantelamento do
modelo educacional assentado no conhecimento, e seus corolários são evidentes.
O que acaba acontecendo de fato é que classes sociais altas permanecem
recebendo uma educação pautada no conhecimento, aprendizagem e nas tecnologias,
enquanto classes sociais baixas recebem uma educação de acolhimento e
integração social. Esses fatos explicam bem o constante declínio que a educação
pública brasileira apresentou nos últimos 30 anos.
A noção de que a função social da
escola é a de excluir e marginalizar, torna-se portanto, extremamente
pertinente no contexto da educação pública atual. O modelo educacional adotado
por meio das políticas impostas pelos organismo internacionais, em vez de
auxiliar na integração da população mais pobre na ordem social competitiva, na
verdade condena e arruína a sua posição
social numa estrutura pautada nos moldes atuais, o que torna sim, ainda hoje, a
função social da escola ser de exclusão.
Referências Bibliográficas
·
LIBANEO,
José Carlos. O dualismo perverso da escola pública brasileira: escola do
conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social para os pobres.
Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 13-28, 2012.
·
PENIN,
Sonia T. Sousa; VIEIRA, Sofia Lerche. Refletindo sobre a função social da
escola. In: VIEIRA, Sofia Lerche (org.) Gestão da Escola. Desafios a enfrentar.
Rio de Janeiro: DP&A, 2002. P. (Biblioteca ANPAE). p. 13-45.
Nenhum comentário:
Postar um comentário