EDUCAÇÃO E EQUIDADE
Juliana de Melo
Em Direito à Literatura, de Antonio Candido,
o autor disserta sobre como e qual tipo de literatura chega a sociedade.
Primeiramente, ele identifica dois tipos de literatura: a popular e erudita. A
popular é direcionada a massa e a que é classificada como erudita se direciona
as elites. A partir dessa perspectiva sobre a literatura, o autor começa a
perceber o que é classificado como literatura erudita: quem escolhe as obras
que serão contempladas pela massa e pela elite? A sociedade. As pessoas
influentes decidem o que deve ser considerado literatura clássica e de
qualidade.
Assim
como acontece na reflexão de António Candido, acontece na atual educação
brasileira. A tardia percepção de uma educação gratuita, una e de qualidade no
Brasil faz com que até hoje exista essa divisão entre "educação
popular" e "educação erudita". Uma vez que a educação popular é
aquela direcionada a uma população de baixa renda e com pouca instrução na
família, enquanto a educação erudita tramita entre as famílias ricas cujas
possuem alto nível de instrução.
Durante anos, o acesso às universidades no
Brasil só era permitido a essa elite, enquanto a educação básica era usada para
doutrinar os povos indígenas. Conforme a estrutura política do país foi se
modificando, do império a democracia, a educação tentou se adaptar à nova
realidade, mas o antigo modelo de exclusão já está enraizado no método
educacional.
É facilmente visto o abismo que há entre a
educação pública e privada no Brasil. Mesmo quando se deixa de lado os
privilégios da classe média alta, maior parte do público da educação privada, a
escola pública ainda perde em quesitos como estrutura física da escola,
capacitação dos professores e conteúdo programático. Vê-se muito que grande
parte das vagas em universidades federais são ocupadas por estudantes oriundos
de escolas privadas cujas possuem todas as atividades voltadas a facilitarem o
ingresso de seus alunos no ensino superior.
Uma reforma no sistema de ensino brasileiro,
percebendo o problema desde a raiz, seria capaz de contornar essa situação de
desigualdade na educação. Um sistema de ensino capaz de incluir as diversas
esferas da sociedade ajuda na melhor compreensão do mundo, fazendo com que haja
respeito e crescimento no país. O investimento em educação faz o povo forte
tanto em ciência quanto em humanidade.
Referências Bibliográficas:
CANDIDO,
Antonio. Vários Escritos. 3ª edição revista e ampliada. São Paulo: Duas
Cidades, 1995.
MELO,
Adriana Almeida Sales de Aspectos da coexistência entre educação pública e
privada no Brasil de hoje.
ROCHA,
Maria Zélia Borba. A organização federativa do ensino brasileiro. In: ROCHA,
Maria Zélia Borba, PIMENTEL, Nara Pimentel (Orgs). Organização da educação
brasileira: marcos contemporâneos. Brasília: Editora Universidade de Brasília,
2016. p. 137 a 169.
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