sábado, 1 de junho de 2019

EVASÃO ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO: DESAFIO PARA O BRASIL 

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Maria Luisa de Sousa Costa 

Desde tempos imemoriais, é notório que a educação de qualidade não contempla todas as parcelas da sociedade, sendo sempre elitizada e mantendo-se monopolizada nas mãos da minoria com melhor posição socioeconômica. É visível que o Brasil é um país muito desigual – tanto social como economicamente – e essa discrepância se faz presente cada vez mais dentro de um âmbito acadêmico, principalmente com os índices de evasão escolar aumentando significativamente.
     Apesar de haver 8,4 milhões de adolescentes dos 15 aos 17 anos que estão na escola, muitos não frequentam o ano escolar adequado pois, muitos dos que deveriam estar no ensino médio, ainda frequentam o ensino fundamental, e dos que estão no ensino médio poucos são os que realmente tem acesso à uma educação formativa. Além disso, apesar das várias medidas defendidas pelo PNE – Plano Nacional de Educação – no decorrer dos anos, ainda há aproximadamente 1,5 milhões de adolescentes nessa mesma faixa-etária estão fora da escola, mostrando o quão falho se apresenta o sistema educacional brasileiro atual.
     Muito se questiona sobre as razões que levam à evasão escolar, muito se fala sobre jovens que largam a escola para trabalhar, e apesar de uma realidade principalmente de países subdesenvolvidos, uma pesquisa realizada pela fundação Getúlio Vargas mostrou que aproximadamente 40% dos jovens adolescentes largam a escola por falta de interesse. Isso claramente é resultado de escolas pouco inclusivas e que busquem de fato estimular nos alunos a criticidade e motivarem o desenvolvimento educacional, compreendendo e respeitando as diferenças, especificidades e limitações de cada estudante.
     É normal que a culpabilidade da evasão escolar na maioria das vezes recaía sobre a docência, alegando falta de criatividade, interdiciplinariedade e excesso de conteúdos, dentro de sala de aula. Apesar de esse ser um dos fatores que influencia no processo de evasão escolar, a falta de infraestrutura nas escolas, os preconceitos linguísticos, sociais, econômicos, e todos os outros, influenciam majoritariamente no desinteresse dos alunos pelo ambiente escolar.
     Autores como Paulo Freire, defendem o ambiente escolar como local de criar relações sociais, valorizando a relação professor-aluno como crucial para o desenvolvimento acadêmico e social do estudante, auxiliando na formação de cada um como cidadão crítico.  Além disso o mesmo propões que a pedagogia das escolas deve ser mais democrática, e isso torna-se clara quando propõe um ensino dinâmico e que busca instigar a curiosidade dos educandos, envolvendo-os nas aulas, para que assim, os alunos possam adquirir criatividade.
     É necessário salientar que todas as formas de aquisição ao conhecimento baseiam-se no respeito, mesmo nas divergências de pontos de vista, destacando as experiências tanto dos alunos quanto dos professores, proporcionando de fato um ensino efetivo, criativo e crítico.  Fugindo disso, a escola se torna um fardo desinteressante, e qualquer forma de preconceito foge da escola democrática defendida por Paulo Freire, aumentando o índice de desinteresse dos alunos em buscar uma formação acadêmica efetiva.
     A falta de educação sexual nas escolas também é um dos pivores para o afastamento da escola, pois muitas vezes o desconhecimento sobre formas de se prevenir DSTs ou gravidez, acaba originando uma grande quantidade de jovens abandonando a escola por causa de gravidez precoce como propõe a matéria do G1 escrita por Ana Carolina Moreno e Gabriela Gonçalves que diz:

A Pnad mostrou que o Brasil tinha 5,2 milhões de meninas de 15 a 17 anos. Dessas,  414.105 tinham pelo menos um filho. Neste grupo, apenas 104.731 estudam. As outras 309.374 estão fora da escola. Um pequeno grupo só trabalha.
     Essa é, por mais precária que seja, a educação que se tem no Brasil, uma educação ainda presa num conceito tradicional, arcaico e religioso, em que assuntos considerados polêmicos, são banalizados pela massa conservadora que rege aquilo que é considerado aceitável pela sociedade, banalizando assim a educação sexual, discussões de gênero e querendo institucionalizar a censura por meio de projetos de lei como o Escola Sem Partido, distanciando a cada o aluno das escolas.
   Apesar de todos esses conflitos que dificultam a elevação da qualidade do ensino no Brasil, o próprio PNE propõe várias medidas para combater a evasão escolar, como conseguir matricular todos os jovens de 15 as 17 anos e fazer com que estejam na série adequada, propor ensino médio junto com ensino profissional, combater o bullying nas escolas, manter uma base comum curricular em todos o lugares do Brasil, dentre outras propostas que se efetivadas poderiam de fato aumentar a qualidade da educação brasileira.
Além disso, a inclusão da educação sexual é de suma importância para propiciar aos estudantes melhor conhecimento sobre si e sobre o próprio corpo, diminuindo o índice de gravidez precoce que possa afastar os jovens da escola. Apenas assim, tratando a escola como um ambiente democrático, com o professor agindo com autoridade e não com autoritarismo – como prega Paulo Freire – e respeitando a individualidade de cada aluno, oferecendo a todos uma educação de qualidade, seguindo uma base comum curricular bem estabelecida e que seja oferecida de forma igual a todo o corpo discente brasileiro, que nó alcançaremos a educação que queremos, justa, igualitária, crítica, formativa e acessível a todos.

REFERÊNCIAS:
Evasão escolar: as principais causas e como evitar. Info Geekie. Disponível em: http://info.geekie.com.br/evasao-escolar-as-principais-causas-e-como-evitar/
BASÍLIO, Ana Luiza. Desvendando o PNE: Meta 3 problematiza o papel do ensino médio. Educação integra. Disponível em: https://educacaointegral.org.br/reportagens/desvendando-pne-meta-3-problematiza-papel-ensino-medio/
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 56 p.

No Brasil, 75% das adolescentes que têm filhos estão fora da escola. G1. Disponível em: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/03/no-brasil-75-das-adolescentes-que-tem-filhos-estao-fora-da-escola.html

Meta 3 ensino médio. Observatório PNE. Disponível em: http://www.observatoriodopne.org.br/indicadores/metas/3-ensino-medio/indicadores

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