EVASÃO ESCOLAR NO ENSINO MÉDIO: DESAFIO PARA O BRASIL
Maria Luisa de Sousa Costa
Desde tempos imemoriais, é notório que a educação de qualidade não contempla
todas as parcelas da sociedade, sendo sempre elitizada e mantendo-se monopolizada
nas mãos da minoria com melhor posição socioeconômica. É visível que o Brasil é
um país muito desigual – tanto social como economicamente – e essa discrepância
se faz presente cada vez mais dentro de um âmbito acadêmico, principalmente com
os índices de evasão escolar aumentando significativamente.
Apesar de haver 8,4 milhões
de adolescentes dos 15 aos 17 anos que estão na escola, muitos não frequentam o
ano escolar adequado pois, muitos dos que deveriam estar no ensino médio, ainda
frequentam o ensino fundamental, e dos que estão no ensino médio poucos são os
que realmente tem acesso à uma educação formativa. Além disso, apesar das
várias medidas defendidas pelo PNE – Plano Nacional de Educação – no decorrer
dos anos, ainda há aproximadamente 1,5 milhões de adolescentes nessa mesma
faixa-etária estão fora da escola, mostrando o quão falho se apresenta o
sistema educacional brasileiro atual.
Muito se questiona sobre as
razões que levam à evasão escolar, muito se fala sobre jovens que largam a escola
para trabalhar, e apesar de uma realidade principalmente de países
subdesenvolvidos, uma pesquisa realizada pela fundação Getúlio Vargas mostrou
que aproximadamente 40% dos jovens adolescentes largam a escola por falta de
interesse. Isso claramente é resultado de escolas pouco inclusivas e que
busquem de fato estimular nos alunos a criticidade e motivarem o
desenvolvimento educacional, compreendendo e respeitando as diferenças,
especificidades e limitações de cada estudante.
É normal que a culpabilidade
da evasão escolar na maioria das vezes recaía sobre a docência, alegando falta
de criatividade, interdiciplinariedade e excesso de conteúdos, dentro de sala
de aula. Apesar de esse ser um dos fatores que influencia no processo de evasão
escolar, a falta de infraestrutura nas escolas, os preconceitos linguísticos,
sociais, econômicos, e todos os outros, influenciam majoritariamente no
desinteresse dos alunos pelo ambiente escolar.
Autores como Paulo Freire,
defendem o ambiente escolar como local de criar relações sociais, valorizando a
relação professor-aluno como crucial para o desenvolvimento acadêmico e social
do estudante, auxiliando na formação de cada um como cidadão crítico. Além disso o mesmo propões que a pedagogia das escolas deve ser mais
democrática, e isso torna-se clara quando propõe um ensino dinâmico e que busca
instigar a curiosidade dos educandos, envolvendo-os nas aulas, para que assim,
os alunos possam adquirir criatividade.
É
necessário salientar que todas as formas de aquisição ao conhecimento
baseiam-se no respeito, mesmo nas divergências de pontos de vista, destacando
as experiências tanto dos alunos quanto dos professores, proporcionando de fato
um ensino efetivo, criativo e crítico.
Fugindo disso, a escola se torna um fardo desinteressante, e qualquer
forma de preconceito foge da escola democrática defendida por Paulo Freire,
aumentando o índice de desinteresse dos alunos em buscar uma formação acadêmica
efetiva.
A
falta de educação sexual nas escolas também é um dos pivores para o afastamento
da escola, pois muitas vezes o desconhecimento sobre formas de se prevenir DSTs
ou gravidez, acaba originando uma grande quantidade de jovens abandonando a
escola por causa de gravidez precoce como propõe a matéria do G1 escrita por
Ana Carolina Moreno e Gabriela Gonçalves que diz:
A Pnad mostrou que o Brasil tinha
5,2 milhões de meninas de 15 a 17 anos. Dessas,
414.105 tinham pelo menos um filho. Neste grupo, apenas 104.731 estudam.
As outras 309.374 estão fora da escola. Um pequeno grupo só trabalha.
Essa é, por mais precária que seja, a educação
que se tem no Brasil, uma educação ainda presa num conceito tradicional, arcaico
e religioso, em que assuntos considerados polêmicos, são banalizados pela massa
conservadora que rege aquilo que é considerado aceitável pela sociedade,
banalizando assim a educação sexual, discussões de gênero e querendo
institucionalizar a censura por meio de projetos de lei como o Escola Sem
Partido, distanciando a cada o aluno das escolas.
Apesar de todos esses conflitos que dificultam a elevação da qualidade
do ensino no Brasil, o próprio PNE propõe várias medidas para combater a evasão
escolar, como conseguir matricular todos os jovens de 15 as 17 anos e fazer com
que estejam na série adequada, propor ensino médio junto com ensino
profissional, combater o bullying nas escolas, manter uma base comum curricular
em todos o lugares do Brasil, dentre outras propostas que se efetivadas
poderiam de fato aumentar a qualidade da educação brasileira.
Além disso, a inclusão da educação
sexual é de suma importância para propiciar aos estudantes melhor conhecimento
sobre si e sobre o próprio corpo, diminuindo o índice de gravidez precoce que
possa afastar os jovens da escola. Apenas assim, tratando a escola como um
ambiente democrático, com o professor agindo com autoridade e não com
autoritarismo – como prega Paulo Freire – e respeitando a individualidade de
cada aluno, oferecendo a todos uma educação de qualidade, seguindo uma base
comum curricular bem estabelecida e que seja oferecida de forma igual a todo o
corpo discente brasileiro, que nó alcançaremos a educação que queremos, justa,
igualitária, crítica, formativa e acessível a todos.
REFERÊNCIAS:
Evasão
escolar: as principais causas e como evitar. Info Geekie. Disponível
em: http://info.geekie.com.br/evasao-escolar-as-principais-causas-e-como-evitar/
BASÍLIO,
Ana Luiza. Desvendando o PNE: Meta 3 problematiza o papel do ensino médio. Educação
integra. Disponível em: https://educacaointegral.org.br/reportagens/desvendando-pne-meta-3-problematiza-papel-ensino-medio/
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes
Necessários à Prática Educativa. São Paulo: Paz e Terra, 2002. 56 p.
No Brasil, 75% das adolescentes
que têm filhos estão fora da escola. G1.
Disponível em: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/03/no-brasil-75-das-adolescentes-que-tem-filhos-estao-fora-da-escola.html
Meta 3 ensino médio. Observatório PNE. Disponível em:
http://www.observatoriodopne.org.br/indicadores/metas/3-ensino-medio/indicadores
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