ENSINO DA LÍNGUA ESTRANGEIRA MODERNA NAS ESCOLAS
Letícia Cristina
As línguas estrangeiras sempre foram importantes na
história da humanidade, elas são intermediárias de ações políticas e
comerciais, e facilitam o compartilhamento de conhecimento e de cultura. Com a
globalização, uma segunda língua expande as oportunidades de desenvolvimento
profissional, assim, nas últimas décadas houve um aumento significativo de
cursos particulares de inglês com o consenso de que não é possível aprender
outro idioma nas escolas regulares, pois, infelizmente, as políticas
educacionais não garantem uma implantação de qualidade. Com isso, as classes
mais altas garantem a aprendizagem com professores particulares ou em escolas
de idiomas, enquanto os menos favorecidos ficam na periferia desse
conhecimento.
A
língua estrangeira moderna é componente da Base Curricular Comum, na categoria diversificado, ou seja, deve ser adequado
às conjunturas regionais. Em níveis de organização, todos os entes federados
podem regulamentar a Educação Básica, a União é responsável por documentos como
a Constituição Federal, Lei de Diretrizes e Bases, Parâmetros Curriculares
Nacionais, ENEM, SAEB e a Base comum, já os estados e municípios, elaboram as
diretrizes das Secretarias de Educação, o que pode gerar divergências entre os
documentos.
Com a Lei de Diretrizes e Bases de 1971, o ensino
diminuiu de 12 para 11 anos, para atender uma direção de ensino
profissionalizante na educação, o que gerou uma diminuição considerável na
carga horária do ensino de língua estrangeira no programa curricular, então
muitas escolas oferecem cerca de 1 hora semanal. Mas, com a Lei nº 5.692 de
1971, o inglês foi considerado o único idioma obrigatório, sendo vinculado à
profissionalização, o que tornou a língua predominante na instrução de língua
estrangeira, desvalorizando a presença de outros idiomas como o francês e espanhol.
Com a Reforma do Ensino Médio, Lei nº 13.415 de 2017, o ensino do inglês se
tronou obrigatório a partir do 6º ano do Ensino Fundamental II, junto a
português e matemática, com a justificativa de ser a língua mais disseminada e
ensinada no mundo.
Entretanto, o ensino do inglês na escola regular é
baseado na competência de leitura, pelo estudo de formas gramaticais,
memorização de regras e priorização da língua escrita, excluindo outras três
habilidades: falar, ouvir e escrever. Isso se deve a realidade das escolas
brasileiras, onde há uma carga horária reduzida, material didático escasso,
salas de aula lotadas, pouco domínio das habilidades orais do docente, etc. Existem
iniciativas para equilibrar a baixa proficiência dos estudantes da rede pública
em línguas estrangeiras, por exemplo, alguns estados ofertam aulas adicionais
nos Centros de Línguas como integrante de atividades extracurriculares, o que não
abrange todos os alunos.
Dessa forma, nota-se que estamos inseridos em um
contexto que o domínio de outro idioma traz mais oportunidades na inserção do
mercado de trabalho, mas as políticas e métodos educacionais não garantem o
ensino de línguas estrangeiras de forma eficaz a todos. Além disso, priorizam
apenas o inglês, sendo que há um déficit muito grande no próprio português e
que está previsto na CF/88 a integração do Brasil com os países da América
Latina, ou seja, também poderia estar no currículo obrigatório o Espanhol.
Assim, há uma meritocracia, em que apenas aqueles que podem custear um curso
particular conseguem aprender efetivamente uma língua estrangeira.
REFERÊNCIAS
FRANCINI, Eduardo. Referenciais de
ensino para língua estrangeira: análise dos padrões de aprendizagem nas
matrizes brasileiras e no CEFR. 2017. Disponível em: <https://www.linkedin.com/pulse/referenciais-de-ensino-para-l%C3%ADngua-estrangeira-an%C3%A1lise-francini>.
Acesso em: 30 nov. 2018.
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