EDUCAÇÃO COMO DIREITO CIVIL E UNIVERSAL
Linka Rodrigues de Faria
A educação brasileira se
inicia formalmente com a chegada da Família Real no início do século XIX, quando são
criadas as Academias Militares, as Escolas de Medicina, e a Escola Nacional de
Belas Artes. O ensino era baseado na elite e famílias abastadas, que mandavam
os filhos homens a partir de certa idade para o exterior, para que se formassem
e retornassem com uma profissão e um diploma. Escravos, trabalhadores de poucas
posses, mulheres e mulatos não eram permitidos nas escolas, retratando a
educação como posse de uma pequena parcela da população que detinha opulência.
Com
a chegada dos ideais iluministas, em busca da igualdade e liberdade, a luta por
um ensino público e universal vem à tona. E então durante o Império varias propostas
são feitas, mas todos planos voltados à educação falham devido a crises
econômicas e políticas. O sistema educacional brasileiro só se concretiza a
partir da instauração da República, ainda que inconsistente e com poucos planos
de mudança. A partir do governo de Vargas e a constituição de 1946, a primeira
Lei de Diretrizes e Bases da Educação começa a ser discutida.
Após
uma sequência de alterações e tramitações, a Lei de Diretrizes e Bases que hoje
perdura é a LDB de 1996, que traz consigo o direito universal da educação pública
a todo individuo que busca instrução. Entretanto, como visto em sala de aula,
esse direito a educação pública não está diretamente ligada ao ideal de ensino
de qualidade, tendo em vista a sucateação que a educação brasileira vem
sofrendo há décadas, e com o crescimento do perigoso analfabetismo funcional,
que torna a população refém de um ensino de baixa qualidade e consequentemente,
poucas oportunidades de emprego em nosso país.
A
educação que permanece no Brasil ainda possui caráter elitista, onde aqueles
que possuem condições elevadas podem usufruir de um ensino de qualidade,
enquanto a grande camada de classe média e baixa tem que se contentar com o
ensino público em escolas marginalizadas, com profissionais pouco instruídos e
escolas caindo aos pedaços. A desigualdade do país reflete até mesmo na
educação, que também reproduz desigualdades e um modelo ultrapassado, onde
poucos alunos da rede pública conseguem ter base para ingressar no Ensino
Superior público.
Apesar
dos constantes projetos de mudança na educação, como a Reforma do ensino Médio,
Escola sem Partido, Militarização das Escolas, dentre vários outros projetos, a
educação que possuímos hoje esta longe da educação ideal. Durante esse semestre
abordamos vários temas em que pudemos conhecer de verdade as propostas
estabelecidas para o ensino público e como ele se organiza em suas variadas
instancias, e a partir disso possuímos conhecimento suficiente para visualizar
que o caminho para uma educação efetiva e de qualidade não está asseguradas em
projetos de lei. E que apesar das propagandas de mudança, ainda estamos no
caminho do retrocesso.
O
conhecimento é a chave da mudança que necessitamos em nosso país, na quebra de
estereótipos e da desigualdade social que afeta o desenvolvimento do Brasil,
tanto externa como internamente. O direito a educação de qualidade e
oportunidades equilibradas a todos os cidadãos deve ser uma garantia
estabelecida regiamente, para que o país possa crescer e oferecer uma visão
mais igualitária de vida.
A
educação é o meio mais viável de conscientizar e despertar o pensamento crítico
individual a respeito da condição de um país e do mundo, e se ao invés disso,
criar apenas reprodutores de um mesmo ideal, anulando o questionamento do
contexto em que se vive e se mantendo apenas na zona de conforto, apenas
aceitando aquilo que se é oferecido, estaremos lidando com uma censura moral e
social, que quebra a diversidade e o respeito aos direitos já a tanto custo
foram conquistados.
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