A ESCOLA BRASILEIRA
Edna Beatriz Batista Pereira
Ao
longo das aulas da Organização da Educação Brasileira, tive a oportunidade de
ter acesso a informações que me fizeram refletir sobre como está o atual modelo
de ensino público no país. Infelizmente, o ensino público brasileiro vem
sofrendo com o processo de sucateamento, onde a sociedade e o governantes não
conseguem compreender a importância da escola para a formação dos indivíduos.
Dessa forma, primeiramente, é preciso compreender no que consiste a escola. De
acordo com Deyrell, a escola é um espaço sociocultural, de forma que é preciso compreender
qual o papel dos sujeitos na trama social que constitui o ambiente escolar,
mostrando também, o tamanho da força das macroestruturas na determinação da
instituição escolar. Desse modo, expondo como a escola que temos hoje reflete a
nossa sociedade, em um microcosmos que é a sala de aula e a escola em si.
Ainda de acordo com o autor, na década de
1980 aconteceu uma reformulação do ensino, passando a colocar o indivíduo
enquanto autor e sujeito do mundo, no centro do conhecimento. Contudo, aponta
também, que essa reformulação foi inócua, porque as estruturas ainda
continuaram dentro do indivíduo. Além disso, outra crítica feita, foi a da
proposta de ensino homogênea para alunos heterogêneos. Ele aponta que os alunos
chegam à escola marcados pela diversidade, sendo reflexo do seu desenvolvimento
cognitivo, social e a experiência de cada um. Essa diversidade faz com que os
alunos venham com um ‘óculos’ pelo
qual veem, sentem e atribuem sentido e significado ao mundo, e à realidade onde
se inserem.
Esse cenário se torna algo extremamente
problemático, pois hoje nós vivemos em um mundo globalizado, com as informações
sendo compartilhadas instantaneamente e as transformações acontecendo com a
rapidez de um clique. Somos a sociedade do conhecimento, a modernidade líquida
de Bauman, qual a escolarização possui um valor inquestionável, que propicia
aos indivíduos experiências e informações sobre a sua cultura e realidade. Contudo,
como dito anteriormente, o ensino público é, infelizmente, colocado em segundo
plano pelos dirigentes. De forma que os recursos são mal aplicados, os
professores possuem péssima remuneração, o ensino é pasteurizado e as escolas
não recebem o devido investimento que precisam.
Assim sendo, me lembrei sobre o texto de
Teresa Cristina Rego, Configurações
sociais e singularidades: O impacto da escola na constituição dos sujeitos que
trata sobre um assunto muito importante, em como a escola detém um grande papel
em nossas vidas, impactando diretamente a nossa formação como seres humanos. No
primeiro momento, pode parecer óbvia essa constatação, mas quando começamos a
refletir sobre a importância da escola, percebemos como a educação é importante
para a construção da democracia e de uma vida proveitosa em sociedade. A escola
é o primeiro local onde aprendemos a conviver e a respeitar o outro, um local
de aprendizado formal, mas também, do crescimento e formação do aluno como
indivíduo pensante e crítico acerca da sua realidade. Assim, a autora enfatiza
que os alunos que não têm acesso a instituição de ensino, não contarão com a
apropriação sistematizada do saber, do desenvolvimento de suas habilidades
sociais e adquirir novos conhecimentos.
Entretanto, a apropriação sistematização
do saber que vemos hoje, fez com que os institutos de educação se tornassem em
máquinas de fazer os alunos decorarem o conteúdo, para poderem passar no ENEM
ou Vestibular. A escola vai além do decoreba para entrar em uma universidade
pública, ela tem um papel crucial na formação dos cidadãos do futuro que
moldarão o nosso país. Dessa forma, é preciso trazer os pais para mais próximo
do ambiente escolar, em conjunto com toda a comunidade, alertando-os sobre a
importância da escola para a nossa sociedade.
Concluindo, cabe a nós, futuros
educadores, não continuar a repetir os padrões de comportamento e a aceitar o
modelo vigente de ensino. Devemos questionar por que continuamos a validar e
endossar padrões de ensino estabelecidos, pois na grande maioria das vezes, nem
sempre o que é senso comum é o melhor a ser feito. A educação precisa ser
sempre colocada em primeiro lugar, pois sem uma educação de boa qualidade, a
nossa própria democracia ficará em risco.
Referências
bibliográficas:
DAYRELL,
J. A escola como espaço sócio-cultural. In: DAYRELL, J. (Org.) Múltiplos
olhares sobre a educação e a cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.
REGO,
Teresa Cristina. Configurações sociais e singularidades: O impacto da escola na
constituição dos sujeitos. In: OLIVEIRA, Marta Kohl de; REGO, Teresa Cristina;
SOUZA, Denise Trento R. (Orgs). Psicologia,
educação e as temáticas da vida contemporânea. São Paulo: Editora Moderna,
2002.
BAUMAN,
Zygmunt. Modernidade Líquida. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001.
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