terça-feira, 11 de junho de 2019

A ESCOLA BRASILEIRA 

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                                                 Edna Beatriz Batista Pereira 

Ao longo das aulas da Organização da Educação Brasileira, tive a oportunidade de ter acesso a informações que me fizeram refletir sobre como está o atual modelo de ensino público no país. Infelizmente, o ensino público brasileiro vem sofrendo com o processo de sucateamento, onde a sociedade e o governantes não conseguem compreender a importância da escola para a formação dos indivíduos. Dessa forma, primeiramente, é preciso compreender no que consiste a escola. De acordo com Deyrell, a escola é um espaço sociocultural, de forma que é preciso compreender qual o papel dos sujeitos na trama social que constitui o ambiente escolar, mostrando também, o tamanho da força das macroestruturas na determinação da instituição escolar. Desse modo, expondo como a escola que temos hoje reflete a nossa sociedade, em um microcosmos que é a sala de aula e a escola em si.
Ainda de acordo com o autor, na década de 1980 aconteceu uma reformulação do ensino, passando a colocar o indivíduo enquanto autor e sujeito do mundo, no centro do conhecimento. Contudo, aponta também, que essa reformulação foi inócua, porque as estruturas ainda continuaram dentro do indivíduo. Além disso, outra crítica feita, foi a da proposta de ensino homogênea para alunos heterogêneos. Ele aponta que os alunos chegam à escola marcados pela diversidade, sendo reflexo do seu desenvolvimento cognitivo, social e a experiência de cada um. Essa diversidade faz com que os alunos venham com um ‘óculos’ pelo qual veem, sentem e atribuem sentido e significado ao mundo, e à realidade onde se inserem.
Esse cenário se torna algo extremamente problemático, pois hoje nós vivemos em um mundo globalizado, com as informações sendo compartilhadas instantaneamente e as transformações acontecendo com a rapidez de um clique. Somos a sociedade do conhecimento, a modernidade líquida de Bauman, qual a escolarização possui um valor inquestionável, que propicia aos indivíduos experiências e informações sobre a sua cultura e realidade. Contudo, como dito anteriormente, o ensino público é, infelizmente, colocado em segundo plano pelos dirigentes. De forma que os recursos são mal aplicados, os professores possuem péssima remuneração, o ensino é pasteurizado e as escolas não recebem o devido investimento que precisam.
Assim sendo, me lembrei sobre o texto de Teresa Cristina Rego, Configurações sociais e singularidades: O impacto da escola na constituição dos sujeitos que trata sobre um assunto muito importante, em como a escola detém um grande papel em nossas vidas, impactando diretamente a nossa formação como seres humanos. No primeiro momento, pode parecer óbvia essa constatação, mas quando começamos a refletir sobre a importância da escola, percebemos como a educação é importante para a construção da democracia e de uma vida proveitosa em sociedade. A escola é o primeiro local onde aprendemos a conviver e a respeitar o outro, um local de aprendizado formal, mas também, do crescimento e formação do aluno como indivíduo pensante e crítico acerca da sua realidade. Assim, a autora enfatiza que os alunos que não têm acesso a instituição de ensino, não contarão com a apropriação sistematizada do saber, do desenvolvimento de suas habilidades sociais e adquirir novos conhecimentos.
Entretanto, a apropriação sistematização do saber que vemos hoje, fez com que os institutos de educação se tornassem em máquinas de fazer os alunos decorarem o conteúdo, para poderem passar no ENEM ou Vestibular. A escola vai além do decoreba para entrar em uma universidade pública, ela tem um papel crucial na formação dos cidadãos do futuro que moldarão o nosso país. Dessa forma, é preciso trazer os pais para mais próximo do ambiente escolar, em conjunto com toda a comunidade, alertando-os sobre a importância da escola para a nossa sociedade.
            Concluindo, cabe a nós, futuros educadores, não continuar a repetir os padrões de comportamento e a aceitar o modelo vigente de ensino. Devemos questionar por que continuamos a validar e endossar padrões de ensino estabelecidos, pois na grande maioria das vezes, nem sempre o que é senso comum é o melhor a ser feito. A educação precisa ser sempre colocada em primeiro lugar, pois sem uma educação de boa qualidade, a nossa própria democracia ficará em risco.

Referências bibliográficas: 
DAYRELL, J. A escola como espaço sócio-cultural. In: DAYRELL, J. (Org.) Múltiplos olhares sobre a educação e a cultura. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1999.
REGO, Teresa Cristina. Configurações sociais e singularidades: O impacto da escola na constituição dos sujeitos. In: OLIVEIRA, Marta Kohl de; REGO, Teresa Cristina; SOUZA, Denise Trento R. (Orgs). Psicologia, educação e as temáticas da vida contemporânea. São Paulo: Editora Moderna, 2002.
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. 1ª Edição. Rio de Janeiro: Editora Zahar, 2001.

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