EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Taís de Souza Carvalho
Atualmente uma das metas do governo
brasileiro é aumentar a demanda das matrículas dos alunos no ensino médio.
Universalizar o acesso ao ensino médio sempre foi uma das reivindicações da
população para os governantes e vem se ganhando mais atenção nas políticas
públicas. Além disso é preciso observar que a porcentagem de matrículas no
ensino médio representa uma pequena parcela do total de matrículas da educação
básica no sistema público. No ano de 2013, por exemplo, esse valor correspondia
somente a 17,3%.
Para alcançar esse objetivo o Plano Nacional
de Educação de 2014-2024 discorre a respeito da expansão da oferta no ensino
médio e na melhora de sua qualidade. Dentre as estratégias previstas há:
“Institucionalizar programa nacional
de renovação do ensino médio, a fim de
incentivar práticas pedagógicas com
abordagens interdisciplinares estruturadas
pela relação entre teoria e prática,
por meio de currículos escolares que organizem,
de maneira flexível e diversificada,
conteúdos obrigatórios e eletivos articulados
em dimensões como ciência, trabalho,
linguagens, tecnologia, cultura e esporte,
garantindo-se a aquisição de
equipamentos e laboratórios, a produção de material
didático específico, a formação
continuada de professores e a articulação com
instituições acadêmicas, esportivas e
culturais.”
Sobre o ensino profissional, o PNE prevê a
elevação dos investimentos em programas de assistência estudantil e dos
mecanismos de mobilidade acadêmica para que os jovens deem continuidade e
conclusão aos seus estudos. Um programa já existente desde 2011 e que também
trata do ensino médio é o PRONATEC, o qual amplia as oportunidades de
capacitação para trabalhadores de forma articulada com as políticas de geração
de trabalho, emprego. Outro projeto criado anterior ao PNE é o Sistema Nacional
de Informações da Educação Profissional e Tecnológica, o qual é mantido pelo
ministério da educação. Ele estrutura um sistema nacional de informação
profissional, articulando a oferta de formação das instituições especializadas
em educação profissional aos dados do mercado de trabalho e consultas
promovidas em entidades empresariais e de trabalhadores.
É importante ressaltar que o ensino
profissional gera, na prática, dois tipos de educação para dois grupos sociais
distintos: uma educação cientificista, geral para os ricos e a educação
profissional para pobres. Esse cenário é resultado histórico da divisão social
do trabalho (ao que pensam e os que executam). No seu documento ‘Conhecendo as
20 metas do plano nacional de educação”, o MEC destaca:
“Aumentar a oferta da educação para os
trabalhadores é uma ação urgente, mas para que
seja garantida sua qualidade faz-se necessário
que essa oferta tenha por base os princípios e
a compreensão de educação unitária e
universal, destinada à superação da dualidade entre
as culturas geral e técnica,
garantindo o domínio dos conhecimentos científicos referentes às
diferentes técnicas que caracterizam o
processo do trabalho produtivo na atualidade, e não
apenas a formação profissional stricto
sensu.”
Esse dualismo se manifesta também no ensino
médio regular pois muitas vezes há uma grande distinção entre as áreas do
conhecimento ensinadas na escola pública e na escola privada. Na escola pública
há uma retórica mais forte da cidadania e da participação, enquanto na escola
privada há maior presença do saber científico, para vestibular menos presença
de cultura. Para o autor José Carlos Libâneo, existe uma grande divisão entre a
escola do acolhimento social para pobres e a escola do conhecimento para ricos.
A função de socialização passa ter sentido de convivência, de compartilhamento
cultural, de prática de valores sociais em detrimento do acesso à cultura e à
ciência acumuladas pela sociedade. Isso acaba negando certos conhecimentos a um
grupo social, gerando um fosso maior de desigualdade pois ratifica os grupos
mais pobres não terão acesso a esse conhecimento e muitas vezes não terão
chance de ingressar na universidade, por exemplo.
A função de acolhimento não deveria estar na
escola, porém o assistencialismo ocorre na escola pública pois outros setores
sociais estão deficientes. Dessa forma, ocorre uma inversão das funções da
escola e o direito ao conhecimento e à aprendizagem é substituído pelas
aprendizagens mínimas de sobrevivência. Uma solução para isso é unir essas duas
polarizações para encontrar um ensino que estimule as diversa capacidades
humanas. Uma escola que aborde e problematize os temas sociais do contexto que
cercam os alunos e incentive um pensamento crítico, ao mesmo tempo incentivando
a música, cultura e o esporte que são essenciais para o jovem, que ensine todo
o conhecimento científico necessário para um bom conhecimento de mundo e que
abra oportunidades para estudos posteriores,
além de valorizar a cidadania dos alunos e ajudá-los a conhecer a Constituição e os trâmites políticos do nosso
país.
Dessa forma Libâneo coloca:
“Diferentemente dessa concepção de
escola e de aprendizagem, a teoria histórico-cultural, a partir das
contribuições de Vygotsky e de seus seguidores, postula que o papel da escola é
prover aos alunos a apropriação da cultura e da ciência acumuladas
historicamente, como condição para seu desenvolvimento cognitivo, afetivo e
moral, e torná-los aptos à reorganização crítica de tal cultura. Nessa
condição, a escola é uma das mais importantes instâncias de democratização
social e de promoção da inclusão social, desde que atenda à sua tarefa básica:
a atividade de aprendizagem dos alunos.”
“A conquista da igualdade social na
escola consiste em proporcionar, a todas as crianças e jovens, em condições
iguais, o acesso aos conhecimentos da ciência, da cultura e da arte, bem como o
desenvolvimento de suas capacidades intelectuais e a formação da cidadania.”
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