AS DIMENSÕES DOS CONTEXTOS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA: A RELAÇÃO ESCOLA-TRABALHO
Israel Benjamim Siqueira de Lacerda
Muitos
sentidos são atribuídos aos alunos que possui uma relação escola-trabalho. A
vida dinâmica entre o mercado de trabalho e a formação escolar, acarreta um diferente
contexto no desenvolvimento de aprendizagem em relação aos jovens que apenas
estudam. As diferenças são vistas em escalas macro e micro, como por exemplo,
as estatísticas de rendimento acadêmico entre os jovens que apenas estudam em
comparação aos jovem que estudam e trabalham, assim como em escala micro,
evidenciamos os problemas pessoais retratados na vida de cada um e a relação
com formação escolar e os aprendizados, voltados muitas vezes, a vida
profissional.
Em cada contexto social as
metodologias de ensino são construídas a
partir das questões culturais locais. Ao longo da disciplina Organização
Educacional Brasileira, obteve-se o reconhecimento de diversos cenários do
Brasil quanto as abordagens de ensino, escolas que devem ser voltadas para o
desenvolvimento da pessoa, são empenhadas em contextos muitas vezes ligado aos
interesses religiosos, militares, outros
de formação técnica com ideais conservadores, ensinos sob um sistema de regras
refletindo um ambiente limitado para pensar, para opinar ou até mesmo deixar de
usar as vestimentas de interesse próprio. Uma contradição do nosso sistema
neoliberal é ainda se fundamentar que todos os indivíduos nascem com
disposições iguais para ingressar em sistemas de ensino, no mercado de trabalho
e construir a cidadania conforme seus progressos estabelecidos pelas
requisições do mercado, ou podendo dizer do próprio sistema capitalista.
No Brasil, atualmente o quadro de
evasão escolar da educação brasileira no 1ª Série do Ensino Médio estava com
índice de 11,2% no ano de 2017, segundo dados do INEP. No Ensino Médio, as 2ª e
3ª Séries possuem um índice de 12,7% e 6,8% respectivamente. No mesmo cenário
de 2007, houve um crescimento de matrículas na Educação de Jovens e Adultos
(EJA), hoje sendo 3,6 milhões de alunos que frequentam a modalidade.
A responsabilidade marcada nas
variadas dimensões da vida cotidiana decorrem de diferentes processos de
desenvolvimento na aprendizagem dos jovens, onde as mudanças retratam as trocas
de papel da adolescência à fase adulta. A educação é a mais crítica, e senão, o
mais importante fator que trará a verdadeira qualificação para a vida pessoal e
profissional de cada indivíduo. Entretanto, o retrato da sociedade brasileira
há uma classe popular de jovens que ingressam no mercado de trabalho de forma
precoce, não chegando a formar na educação básica prevista como dever pela
Constituição. Como medidas de prevenir problemas como esse existem mecanismos
como o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, que proíbe jovens menores de
14 anos à executarem atividades laborais.
Além de outros grandes problemas da
educação nas instituições de ensino como o problema da reprovação, o governo
vem tentando reverter a situação com novos programas e políticas anunciadas em
2016, como a Reforma do Ensino Médio, a Base Nacional Comum Curricular - BNCC,
a residência pedagógica, e outras políticas ainda em debate para execução, tal
como o programa da Escola Sem Partido. Analisados de perto, muitas das novas
políticas traz consigo ideais conservadores que limitam a capacitação para
senso crítico do cidadão, deixando assim de tornar-se crítico sobre os
problemas sociais, e a verdadeira ação cidadã de reivindicar seus direitos. A
construção do nosso ensino deve ser feita a partir dos nossos contextos
sociais, tomando conta da amplitude dos problemas e conflitos de nossa história
humana. Nas perspectivas de Paulo Freire, a prática pedagógica deve se
estruturar na relação com o próximo, na prática de diálogos, respeitando os
espaços de fala e diferenças, criando assim o respeito nas visões de mundo que
são expressas de diversas maneiras. Compartilhando da visão de Freire, em seu
livro Virtudes do Educador, acredito
que a importância da apreensão da realidade é a base para a compreensão das
leituras textuais, para o desenvolver das críticas sobre os tabus e padrões da
sociedade que muitas vezes nos impedem de continuarmos desenvolvendo mecanismos
para reduzir as desigualdades sociais e os problemas do sistema de ensino
brasileiro. Portanto, a educação é bem vista quando respeitada as diferenças de
cada individuo, quando há pluralidade de ideias para a construção do coletivo,
quando há mais cooperação do que competição, quando a criatividade do discente
é estimulada em benefício de todos.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS:
MATTOS, Elsa de; CHAVES, Antônio Marcos. Trabalho e escola: é possível conciliar? A
perspectiva de jovens aprendizes baianos. Vol.30 n°3. Brasília, setembro de
2010.
GOMES, Evellyn,
J. Revista Brasileira de Educação. Faculdade de Educação, Universidade de São
Paulo, 53-61 “Jovens urbanos pobres: anotações sobre escolaridade e emprego”.
ANPED,1997
Revista Educação: Cenário da educação básica
no Brasil é alarmante, aponta Ideb. 4 de setembro de 2018. Disponível em: < http://www.revistaeducacao.com.br/cenario-da-educacao-basica-no-brasil-e-alarmante/>
FREIRE,
Paulo. Virtudes do educador. Autor: Editora: VEREDA. Data:
Abr-1982.
THOMÉ, Luciana Dutra;
PEREIRA, Anderson Siqueira; KOLLER, Silvia Helena. O Desafio de Conciliar Trabalho e Escola: Características Sociodemográficas
de Jovens Trabalhadores e Não-trabalhadores. Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. Jan-Mar 2016, Vol 32, n. 1, pp. 101-109.
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