sábado, 1 de junho de 2019



AS DIMENSÕES DOS CONTEXTOS SOCIAIS DA EDUCAÇÃO BÁSICA: A RELAÇÃO ESCOLA-TRABALHO 

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Israel Benjamim Siqueira de Lacerda 

Muitos sentidos são atribuídos aos alunos que possui uma relação escola-trabalho. A vida dinâmica entre o mercado de trabalho e a formação escolar, acarreta um diferente contexto no desenvolvimento de aprendizagem em relação aos jovens que apenas estudam. As diferenças são vistas em escalas macro e micro, como por exemplo, as estatísticas de rendimento acadêmico entre os jovens que apenas estudam em comparação aos jovem que estudam e trabalham, assim como em escala micro, evidenciamos os problemas pessoais retratados na vida de cada um e a relação com formação escolar e os aprendizados, voltados muitas vezes, a vida profissional.
Em cada contexto social as metodologias de ensino são construídas a  partir das questões culturais locais. Ao longo da disciplina Organização Educacional Brasileira, obteve-se o reconhecimento de diversos cenários do Brasil quanto as abordagens de ensino, escolas que devem ser voltadas para o desenvolvimento da pessoa, são empenhadas em contextos muitas vezes ligado aos interesses religiosos, militares,  outros de formação técnica com ideais conservadores, ensinos sob um sistema de regras refletindo um ambiente limitado para pensar, para opinar ou até mesmo deixar de usar as vestimentas de interesse próprio. Uma contradição do nosso sistema neoliberal é ainda se fundamentar que todos os indivíduos nascem com disposições iguais para ingressar em sistemas de ensino, no mercado de trabalho e construir a cidadania conforme seus progressos estabelecidos pelas requisições do mercado, ou podendo dizer do próprio sistema capitalista.
No Brasil, atualmente o quadro de evasão escolar da educação brasileira no 1ª Série do Ensino Médio estava com índice de 11,2% no ano de 2017, segundo dados do INEP. No Ensino Médio, as 2ª e 3ª Séries possuem um índice de 12,7% e 6,8% respectivamente. No mesmo cenário de 2007, houve um crescimento de matrículas na Educação de Jovens e Adultos (EJA), hoje sendo 3,6 milhões de alunos que frequentam  a modalidade.
A responsabilidade marcada nas variadas dimensões da vida cotidiana decorrem de diferentes processos de desenvolvimento na aprendizagem dos jovens, onde as mudanças retratam as trocas de papel da adolescência à fase adulta. A educação é a mais crítica, e senão, o mais importante fator que trará a verdadeira qualificação para a vida pessoal e profissional de cada indivíduo. Entretanto, o retrato da sociedade brasileira há uma classe popular de jovens que ingressam no mercado de trabalho de forma precoce, não chegando a formar na educação básica prevista como dever pela Constituição. Como medidas de prevenir problemas como esse existem mecanismos como o ECA - Estatuto da Criança e do Adolescente, que proíbe jovens menores de 14 anos à executarem atividades laborais.
Além de outros grandes problemas da educação nas instituições de ensino como o problema da reprovação, o governo vem tentando reverter a situação com novos programas e políticas anunciadas em 2016, como a Reforma do Ensino Médio, a Base Nacional Comum Curricular - BNCC, a residência pedagógica, e outras políticas ainda em debate para execução, tal como o programa da Escola Sem Partido. Analisados de perto, muitas das novas políticas traz consigo ideais conservadores que limitam a capacitação para senso crítico do cidadão, deixando assim de tornar-se crítico sobre os problemas sociais, e a verdadeira ação cidadã de reivindicar seus direitos. A construção do nosso ensino deve ser feita a partir dos nossos contextos sociais, tomando conta da amplitude dos problemas e conflitos de nossa história humana. Nas perspectivas de Paulo Freire, a prática pedagógica deve se estruturar na relação com o próximo, na prática de diálogos, respeitando os espaços de fala e diferenças, criando assim o respeito nas visões de mundo que são expressas de diversas maneiras. Compartilhando da visão de Freire, em seu livro Virtudes do Educador, acredito que a importância da apreensão da realidade é a base para a compreensão das leituras textuais, para o desenvolver das críticas sobre os tabus e padrões da sociedade que muitas vezes nos impedem de continuarmos desenvolvendo mecanismos para reduzir as desigualdades sociais e os problemas do sistema de ensino brasileiro. Portanto, a educação é bem vista quando respeitada as diferenças de cada individuo, quando há pluralidade de ideias para a construção do coletivo, quando há mais cooperação do que competição, quando a criatividade do discente é estimulada em benefício de todos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: 
MATTOS, Elsa de; CHAVES, Antônio Marcos. Trabalho e escola: é possível conciliar? A perspectiva de jovens aprendizes baianos. Vol.30 n°3. Brasília, setembro de 2010.
GOMES, Evellyn, J. Revista Brasileira de Educação. Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, 53-61 “Jovens urbanos pobres: anotações sobre escolaridade e emprego”. ANPED,1997

Revista Educação: Cenário da educação básica no Brasil é alarmante, aponta Ideb. 4 de setembro de 2018. Disponível em: < http://www.revistaeducacao.com.br/cenario-da-educacao-basica-no-brasil-e-alarmante/>
FREIRE, Paulo. Virtudes do educador. Autor: Editora: VEREDA. Data: Abr-1982.
THOMÉ, Luciana Dutra; PEREIRA, Anderson Siqueira; KOLLER, Silvia Helena. O Desafio de Conciliar Trabalho e Escola: Características Sociodemográficas de Jovens Trabalhadores e Não-trabalhadores. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Jan-Mar 2016, Vol 32, n. 1, pp. 101-109.

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