terça-feira, 11 de junho de 2019

TODO ESTUDANTE TEM TDAH 

                                                                                                                Letícia Knidel 

A geração Z, é conhecida pela grande familiaridade com a internet, compreensão e abertura social às tecnologias, além de velocidade e impaciência. Essas características são antagônicas ao modelo de escola efetivo, o que por consequência acarreta uma serie de prejuízos ao estudante, como por exemplo o aumento dos medicamentos tarja preta prescritos às crianças e a utilização por parte dos jovens.
Essa questão deve-se ao modelo de escola atual, que conserva suas raízes ao da época moderna, com a docilizarão dos corpos e a disciplina por meio da ideia de panóptico concebida por Foucault. Veiga-Neto (2003), explicita essas instituições:

"[...] aquelas instituições que retiram compulsoriamente os indivíduos do espaço familiar ou social mais amplo e os internam, durante um período longo, para moldar suas condutas, disciplinar seus comportamentos, formatar aquilo que pensam etc.”

Com essa estrutura de ensino os estudantes ficam reprimidos, além de serem resignados a horas diárias sentados em carteiras e pacatos, características essas que divergem das especificidades da geração Z. Eles também são submetidos a pressão de provas, notas, competitividade, que visam um faculdades e empregos, além de reprimirem a liberdade criativa e de ideias. Questões das quais com a militarização nas escolas iria se intensificar, o que acaba fugindo da função social da escola.
Muitos alunos, pais e professores não sabem lidar com essa situação e aceitam a ideia de doença e concedem com a ideia de inserir medicamentos de tarja preta na vida dos resignados. O Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) é conhecido por ter os sintomas de desatenção, inquietude, impulsividade e ansiedade. Porém essas características são respostas ao padrão de sistema escolar oferecido e não é culpa do estudante e sim da escola.
Por isso o sistema vigente deve ser modificado, da mesma forma que diversas áreas da sociedade mudaram no decorrer dos anos, como a medicina. O viés da escola construtivista é uma base, que favorece para a mudança de ideias e concepções, além da abertura para um novo modelo que se preocupe com o aprendizado, pela liberdade criativa, que valorize e respeite a individualidade.
Na Escola Construtivista, cada sala de aula possui pequena quantidade de alunos, proporcionando ao professor o conhecimento detalhado de cada criança e a possibilidade de acompanhar sua evolução de aprendizado, além de poder entender cada aluno e trabalhar de acordo com suas diferenças, destituindo das amarras da Escola tradicional que acaba enquadramento e igualando os estudantes.
O ideal construtivista nas escolas ainda institui que a principal função do professor é motivar as atividades e não as impor, buscando incentivar a individualidade de cada aluno e explorá-la para o enriquecimento de todo o grupo. Nessa linha de pensamento, o educador tem o papel de estimular os estudantes, instigando-os e trabalhando com referência a cada realidade. O que vem de encontro com a o inciso II, do artigo 206, da Constituição de 1988, “liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber.”
Dessa maneira, o erro é considerado um trampolim para o aprendizado e não uma falha ou deficiência do aluno, não censurando o aluno por errar e sim, enxergar o ocorrido como uma situação de aprendizagem. Por meio das falhas, é possível estimular o estudante a se corrigir.
A pespectiva da ludicidade nas aulas também contribui significativamente na aprendizagem:

“Sabemos que a ludicidade contribui e enriquece o desenvolvimento intelectual e social. [...] Passam a ter significados positivos para a aprendizagem quando o professor proporciona um trabalho coletivo, de cooperação, de comunicação e socialização.” (Fernanda Martins Miziara, Magali de Paula Bitencourt, Márcia Sousa de Abreu, 2006, p.25) 

Em síntese, o TDAH não deve ser visto como doença e sim como resposta ao sistema escolar atual que deve ser mudado por um que se preocupe com o aprendizado, que respeite a individualidade e a liberdade criativa/ intelectual.

Referências Bibliográficas
VEIGA-NETO, Alfredo; Foucault e a educação. Belo Horizonte: Autêntica, 2003.
Fernanda Martins Miziara, Magali de Paula Bitencourt, Márcia Sousa de Abreu, 2006, p.25.

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