QUAL É MESMO O CONCEITO DELA?
Em
um time de futebol havia um atleta chamado Mário. Ele era casado e tinha dois
filhos. Possuía um curso técnico em radiologia, nível básico em inglês e
trabalhava em lugares aleatórios de vez em quando, já que seu trabalho fixo era
ser atleta. Ele não possuía uma rotina e seu sonho de criança já não o movia
como antes: ser um jogador de alto valor no mercado. Por vezes, crises
emocionais o atingiam, afetando o seu relacionamento conjugal. O problema de
Mário era que ele havia perdido o seu foco na vida. Não haviam metas a serem
cumpridas.
Assim
como a vida de Mário, a educação brasileira perdeu o seu foco nas últimas
décadas. Diferente ao que aconteceu na Era Vargas - período em que surgiu o
Plano Nacional de Educação (PNE) e foi assinado o Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova -, a atualidade revela uma anseio de melhora, mas completa
confusão para a realização desse objetivo. O problema dos gestores da educação
do Brasil é que eles perderam o foco. E mais, qual é mesmo o conceito de
escola, diante de todas as mudanças realizadas por eles?
Tendo
objetivos camuflados de doutrinação ou não, a falta de consistência nesse trabalho
tão difícil e complexo revela uma gestão deficiente. A autoridade que deveriam
portar não deve estar vinculada a organizações políticas, mas a uma
desenvoltura imparcial e coerente, típica dos dirigentes democráticos e
qualificados para tal atividade. O mínimo é saber definir com clareza qual o
significado da escola e qual o seu foco. Metas para serem alcançadas devem
partir de uma base sólida e da unidade de uma equipe. Diante de um país com
proporções continentais, precisa-se ainda mais dessas virtudes para manter uma
uniformidade de trabalho em toda a Federação.
O
significado da escola é, segundo Douglas Santos, o lugar onde se ensina e
aprende a viver, onde se significa a humanidade e supera o status quo. Ambiente de pluralidades, influenciado pela comunidade
que a rodeia, pela cultura local e necessidades da região. Objeto de modelagem
do cidadão e de desenvolvimento das crianças. A escola é onde se constrói as primeiras
relações interpessoais. Toda força tarefa deve ser direcionada para o
fortalecimento dessas características, senão ela será deturpada.
É
fulcral que nós, sociedade, avaliemos a escola que temos e a que queremos. Se
não soubermos exatamente ambos os conceitos, não avançaremos. Assim como Mário,
a escola será prejudicada pela falta do foco. A base sólida de uma meta é o
entendimento das partes que a compõem. Conceitos básicos como educação, escola,
federalismo, financiamento da educação e aprendizagem são essenciais.
As
necessidades de cada escola vão variar, a despeito do mesmo escopo da
instituição em todo o território nacional. Isso porque as populações variam em
número, renda per capita e cultura. Todas, entretanto, devem suprir as
necessidades básicas dos alunos, de outra forma não irão aprender ou permanecer
durante 15 anos na escola. As prioridades são: socialização entre diferentes
realidades, profissionais qualificados para o ensino das matérias básicas e a
infraestrutura com os materiais a serem utilizados, estando disponíveis a
todos. Esse último inclui alimentação, um campo de futebol, uma sala própria
para ensino, banheiros, cadeiras, mesas, luz e água.
As
necessidades de cada aluno também diferem dentro de um âmbito menor: a sala de
aula. Segundo os estilos de aprendizagem - visual, auditivo e cinestésico -, as
alunos devem receber uma aula no qual o aprendizado seja efetivo; para os
adultos, as horas aulas e o turno devem ser adequados; os deficientes devem
receber a orientação individual que sua dificuldade requer. Enfim, para cada
público-alvo há um trabalho especializado.
Levando
em consideração as dívidas históricas que o país tem com as suas minorias, a
obrigatoriedade de acesso à escola deve ir além das crianças e adolescentes;
devem ser resgatados os deficientes, jovens e adultos analfabetos (em todos os
seus níveis), negros e indígenas. Então, pode-se afirmar que tal ambiente é de
inclusão de todo cidadão, para que no presente momento e no seu futuro ele
sempre tenha a justa capacidade de obter e suprir as suas necessidades básicas
de sobrevivência: trabalho, ética cidadã, sociabilidade e inteligência
emocional. Sim, a exigência do mercado vai variar com o passar do tempo, porém
todos saberão daquilo que é indispensável para a vida, independente da sua
condição. A dificuldade surge aqui, quando a escola se vê como responsável por
suprir todas essas necessidades e de toda a população com pouco dinheiro no
caixa e pulso frouxo de gestores desqualificados.
Se
ao invés de elaborar um projeto de lei para que fossem estampados cartazes em
todas as salas de aula com os deveres do professor, fossem expostos cartazes
com o conceito básico da escola e suas metas a serem alcanças a curto, médio e
longo prazo, seria mais fácil não perder o foco. A pergunta na qual os alunos e
professores, diretores e secretários, coordenadores e todos os outros devem
fazer é: o que eu posso fazer para a escola ser escola hoje? Por fim, não se precisaria perguntar qual o conceito da
escola, pois isso já seria visto refletido nas decisões.
BIBLIOGRAFIA
Azevedo,
Rodrigo. Revista Gazeta do Povo. A
história da Educação no Brasil: uma longa jornada rumo à universalização.
Disponível em: www.gazetadopovo.com.br/educação. Acessado em 25 de
novembro de 2018.
GOVERNO DO
ESTADO DO PARANÁ. Semana pedagógica (segundo semestre). Estilos de Aprendizagem. Brasil,
2016.
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