O ACESSO À EDUCAÇÃO
Fábio Roberto
“Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família,
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua
qualificação para o trabalho”[i]
Temos
por lei que todos têm direito à educação, e até o ensino médio e o superior o
Estado tem o dever de fornecer acesso gratuitamente. Mas somos confrontados com
diversas realidades onde o apoio e o estimulo a continuar os estudos são
poucos, pois temos uma sociedade que cobra outras demandas e não incentiva muito
a continuação nos estudos, uma cultura que estimula outros fazeres e um governo
que até desenvolve alguns programas de apoio, mas sempre com grandes
burocracias.
Após
o termino do ensino médio, muitos deixam de priorizar suas carreiras acadêmicas,
principalmente se o estudante se encontra em situação de baixa renda
financeira, pois se deparam com a necessidade de arrumar um emprego, pois
precisam de dinheiro seja para se manter ou manter sua família, buscar uma
estabilidade financeira, algumas vezes até mesmo com o intuito de futuramente ingressar
em uma faculdade privada, pois não conseguiu adentrar uma pública.
O
Estado oferece o acesso a uma Universidade Publica, mas temos uma série de fatores que dificultam
o ingresso, pois ainda temos uma elitização enorme no ensino superior e um
esquema de aprovação nas faculdades que se pretende
meritocrático, que consiste em provas de conhecimento em que filtram e
selecionam os alunos que tem a “capacidade” de adentrar ao ensino público, e
aos que não tiveram êxito na tentativa de adentrar o ensino superior resta
tentar novamente ou buscar o ensino privado.
Uma
das problematizações deste meio de entrada ao ensino superior público é a
capacitação dos alunos. O ensino básico, que é de extrema importância,
fornecido pelo governo se encontra em péssimas condições e má administrado,
onde podemos ver escolas sucateadas, sem professores ou com uma grande
desvalorização do professor, com pouco investimento em materiais didáticos, na
estrutura, no suporte aos alunos e suas necessidades, onde essa “priorização”
por acolher e incluir a todos coloca em segundo plano o desenvolvimento de uma
melhor qualidade de ensino, e entre muitos outros exemplos. Exemplos tais que
influenciam no aprendizado e na capacitação do aluno de escola pública em busca
de uma vaga em uma universidade pública. Diferenciando-se assim do ensino
privado, que por muitas vezes de melhor qualidade de ensino e capacitação, com
diferente ritmo de aprendizagem, frequentada em grande maioria por alunos com
boas condições financeiras e acesso a cursos preparatórios (cursos que
indivíduos de baixa renda teriam mais dificuldades em bancar).
Nos
últimos tempos a procura e o interesse em cursar o ensino superior (ou até
mesmo o ensino técnico) aumentaram, pois a competitividade (econômica-social) no
mercado de trabalho visa cada vez mais profissionais qualificados para os
cargos. E em busca de melhores empregos, a busca por capacitações de maior
qualidade aumentou, e o interesse no ensino superior passa a ser não
prioritariamente para adquirir mais conhecimentos e melhor capacitação como
profissional e ser humano, e sim com o único intuito de conseguir uma estabilidade
financeira que um emprego melhor pode dar.
Essa
competitividade realça a desigualdade social onde os que têm mais acesso,
conseguem as melhores oportunidades, gerando maior desinteresse por parte dos
menos favorecidos e “o direito ao conhecimento e à aprendizagem é substituído
pelas aprendizagens mínimas para a sobrevivência.”[ii]
Os acessos a educação ainda são vistos
apenas como meios para melhor renda financeira ou com viés econômico e não como
oportunidade de um crescimento pessoal, cultural, humano, e como meio para
combater a desigualdade, e formar seres autônomos que valorizam e respeitam sua
cultura e seus conhecimentos tal qual Paulo Freire[iii]
diz, pois afinal o acesso a estudo de qualidade e conhecimento é direito de
todos.
[i] BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República
Federativa do Brasil. Brasília, DF, Senado, 1998.
[ii][ii] LIBANEO, José Carlos. O dualismo
perverso da escola pública brasileira: escola do conhecimento para os ricos,
escola do acolhimento social para os pobres. Educação e Pesquisa, São Paulo, p.
11, 2012.
[iii]
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia - Saberes Necessários à
Prática Educativa. São Paulo, Paz
e Terrra, 1996.
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