PRECARIEDADE DO SISTEMA
EDUCACIONAL PÚBLICO E
PERSPECTIVA PARA O
MELHORAMENTO DO ENSINO
Daniele do Nascimento da Silva
Ao decorrer das aulas da disciplina
Organização da Educação Brasileira, ofertada pela Faculdade de Educação da
Universidade de Brasília, coordenada pela professora Andrea Vieira Mara tivemos
um constante acesso a materiais e conteúdos que ampliaram nossa visão crítica
em relação a educação brasileira. Além disso, compreendemos melhor as
dificuldade que um dia vivenciamos ao longo da nossa escolarização e a origem
dessas. As falhas iniciam desde as políticas educacionais que agregam em sua
constituição leis e normas excludentes, limitadas e que não atendem as
condições mínimas para uma educação de qualidade e para as diferentes
realidades sociais.
Segundo
Torres (2001, p.29) houve uma atenuação nas propostas das políticas educacionais estabelecidas pela
Declaração Mundial sobre Educação para Todos.
Desta forma, a educação para todos tornou-se uma educação para os mais pobres e marginalizados; e uma
educação totalmente desqualificada. As necessidades
básicas passaram a ser necessidades mínimas supridas para a permanência dos estudantes; a atenção e cautela à
aprendizagem, para o melhoramento da
imagem das instituições educacionais em relação as avaliações dos resultados do rendimento escolar,
independente de como encaminhar a vida
escolar do aluno, seu desempenho, formação de senso crítico e absorção de conhecimento . Por fim, do
aprimoramento das condições de aprendizagem,
para a melhoria das condições internas da instituição
escolar. (apud LIBÂNEO, 2012)
De acordo com Charlot (2005, apud
Libâneo, 2012) “à escola pública é atribuída a função de incluir populações excluídas ou
marginalizadas pela lógica neoliberal, sem que os governos lhe disponibilizem investimentos
suficientes, bons professores e inovações pedagógicas”.
Como resultado, dispomos de entidades educacionais públicas sem recursos
para atender a grande demanda, superlotação
nas salas de aula, conteúdos curriculares que não se
adaptam a realidade educacional, causando uma defasagem no ensino transmitido
aos estudantes, comunidade escolar
desmotivada diante das condições de trabalho que lhes é impostas, transmissão do mínimo de conhecimento para
os alunos. Falta de direcionamento para
estudantes formarem senso crítico e serem autônomos. São criadas máquinas que
só absorvem informações e não sabem sua
aplicabilidade, por consequência, não mudam a realidade no qual estão
inseridos. Na realização de uma entrevista para a
realização de um dos trabalhos da
disciplina Organização da Educação Brasileira como tema Direito à Educação e subtema “Educação
especial/inclusiva”, foi relatado por uma estudante com necessidades especiais e que teve uma trajetória escolar em
entidade pública que a maior dificuldade ao ingressar no ensino superior foi o
fato de que os “conteúdos programados para serem vistos no ensino médio,
sobretudo, na escola pública, os alunos não contemplam. Então, no acesso à
Universidade, acabam tendo um choque de realidade. ” (COSTA, 2018). O “O dualismo perverso da escola pública
brasileira: escola do conhecimento para os ricos,
escola do acolhimento social para os pobres” descrito por Libâneo (2012)
no seu artigo é nítido quando
vivenciamos tal realidade, as instituições públicas agregam um conjunto de
saberes culturais, vivenciais e de acolhida aos pobres, mas falham na
transmissão de conhecimentos científicos, de inovações educativas, da formação
de seres com opiniões críticas, autônomos e capazes de debater e argumentar.
“Não aprendemos a questionar. Na universidade
é necessário ser um sujeito questionador, pronto para fazer perguntas, porque de fato o que vai construir seu
conhecimento sólido é isso”. (COSTA, 2018)
Diante do exposto, é perceptível o longo
caminho que falta para uma educação de qualidade para todos no Brasil, pois a
realidade exposta nos mostra um quadro atordoante diante dos mais marginalizados,
no qual sempre são os prejudicados . Vale ressaltar que o grande progresso se
inicia quando a educação for colocada como prioridade pelas políticas públicas
e pelos governantes. Assim como, a valorização dos profissionais da educação e
o aperfeiçoamento desses desde a graduação e após a mesma. Além de
investimentos e recursos não somente para suprir o mínimo, mas o merecido e por
direito para uma boa qualidade de ensino dos estudantes. É necessário também,
parâmetros curriculares nacionais que se adequem as diferentes realidades
existentes em nosso meio, desde comunidades e locais mais populosos e visíveis,
como os mais remotos e exilados. Visto que, vivemos num país com dimensões
continentais e a educação com qualidade tem que perpassar todas as zonas e
comunidades.
Referências:
Libâneo, José (2012). O dualismo perverso da escola pública
brasileira: escola do conhecimento para os ricos, escola do acolhimento social
para os pobres. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 38, n. 1, p. 13-2.
DIREITO à Educação: Educação
Especial/Inclusiva. Edição:Daniele Silva. Captação de imagens: João Pedro Oliveira. Entrevistadores: João
Penna e Izabela Xavier. Entrevistadas:.
<https://www.youtube.com/watch?v=L_0H88IhyEQ>.
Acesso em: 30 novembro 2018.
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