EDUCAÇÃO BRASILEIRA
Ruan Ítalo de Araújo
Diante a política educacional que se
tem no país e frente a diversas conquistas obtidas nas últimas décadas com o
governo do Partido dos Trabalhadores na esfera da educação, é possível afirmar
que os avanços foram muitos, e que continuadamente, ainda colhe-se os frutos
dessa semeadura com caráter popular. Estas afirmações são possíveis, porque há
dados que comprovam (PNAD e IBGE 2017) que a taxa de analfabetismo funcional
reduziu, que mais crianças tiveram acesso à creche e a educação básica, que
mais jovens entraram em universidades públicas e privadas, onde o ensino
inclusivo tem ganhado espaço de discussão e implementação em diversos ambientes
educacionais, acompanhado do ensino que considera a vivência e a tradição dos
povos tradicionais e indígenas, dentre outros avanços.
Há
uma mudança de cenário do ano de 2002 aos dias de hoje. Contudo, ao se tratar
de uma educação que nós queremos, estudantes e futuros professores, não basta
até aqui. Queremos mais. E são demandas exequíveis, porque há uma constituição
que defende esses direitos, e não só isso, há capital financeiro para a sua
realização. O que não há é interesse político. E de forma direta, pode-se
afirmar que há diversos interesses sendo dialogados e executados dentro dos
três poderes e que, conversam para a privatização da educação superior, para a
privatização das estatais, para o entreguismo dos recursos naturais e para a
retirada dos direitos trabalhistas.
Perante
este quadro, a educação tem sido atacada e arruinada dentro dos espaços onde se
institucionaliza a política pública. O Brasil passou por uma reforma do ensino
médio sem diálogo com estudantes. Há um direcionamento do governo Temer, e
agora Bolsonaro, para as disciplinas básicas como português e matemática. Constrói-se um trabalhador sem pensamento
crítico e articula sua entrada neste mundo mercadológico recheado de
simbologias onde, sem a devida instrução, o trabalhador não seria capaz de
corresponder às necessidades do patrão, das empresas e do capital financeiro.
Essa de fato, não é a educação que queremos, com números imensos de evasão escolar, com
professores meramente expositivos, com material didático não acessível e com
coordenações escolares que não dialoga com a comunidade e que não compreende o
perfil majoritário dos alunos da rede pública do Brasil. De acordo com a
pesquisa Educação 2017, o IBGE ressalta que há diversas dificuldades para o
cumprimento das metas educacionais do PNE, estas que a curto prazo seriam
capazes de galgar este cenário de reparação histórica com grupos minorizados,
população preta e com deficiência. Com base nos dados do PNAD, é necessário
reforçar o combate ao analfabetismo, à evasão escolar, tornar a educação mais
significativa para os jovens além do mercado de trabalho e diminuir a distorção
da idade-série.
A
educação que queremos compreende o ser humano como um imbricado
biopsicossociocultural, não excluindo nenhuma esfera da sua constituição ética.
Entende de onde o aluno vem, como ele chega, o que ele pensa, seus costumes e
vivências. Por essência, é uma educação que dialoga e não impõe. Estende a
possibilidade de tomadas de decisão e protagonismo para aqueles que de fato,
estão sendo educados e podem escolher que caminhos irão traçar. É uma educação
democrática dentro do ambiente escolar, que percebe a aprendizagem como um
movimento contínuo, dando valor para aquilo que também é desenvolvido fora dos
espaços formais de educação. E isto trata-se de uma nova concepção de
aprendizagem, diferentemente desta funcional que é observada na maioria dos
espaços de ensino.
A
proposta é de uma escola como sendo estrutura de ações transformadoras para a
comunidade, instrumentalizada pelo ensino vanguardista do retorno, onde a
escola, tendo conhecimento da sua função social, atua para a modificação,
transformação e conscientização da vida e da dignidade dos alunos e dos
moradores da região. A ideia, é conduzi-los à uma educação ampliada, não
interessada somente no ensino de um perfil juvenil, mas integrada à
aprendizagem daqueles que já não mais estudam, apenas trabalham. É um resgate
de uma vida e um processo de busca de esperança dentro de uma rotina
mercadológica. O ensino precisa ser desmistificado como apenas um degrau a
subir para chegar num posto de trabalho. Deve-se promover uma onda de
aprendizagem, ou reaprendizagem. Tornar a educação de fato acessível para os
milhões de analfabetos funcionais é o caminho para uma nação verdadeiramente
politizada, política, e acima de tudo, atuante.
Isto pode ser uma estratégia de enfrentamento à evasão escolar, e
principalmente, à educação de jovens e adultos, na qual a escola e este novo
tipo de ensino integrado e interdisciplinar, entrarão dentro dos núcleos
familiares a partir do sujeito socializado, que é o aluno, levando uma
abordagem e uma nova perspectiva sobre o seu espaço vivido e o seu lugar de
cotidiano.
É
necessário que o ambiente de ensino levante que elementos circundam a escola e à comunidade, revelando aos alunos
um modelo de aprendizagem que englobe ele, sua comunidade e seus problemas,
atuando dentro das disciplinas questões e estratégias para o beneficiamento de
todos, fazendo o enfrentamento à questões problemáticas, ampliando o ensino e
desvendo os olhos dos alunos e da comunidade com uma perspectiva auspiciosa.
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