domingo, 2 de junho de 2019

EDUCAÇÃO BRASILEIRA 

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                                                                                                       Ruan Ítalo de Araújo         
Diante a política educacional que se tem no país e frente a diversas conquistas obtidas nas últimas décadas com o governo do Partido dos Trabalhadores na esfera da educação, é possível afirmar que os avanços foram muitos, e que continuadamente, ainda colhe-se os frutos dessa semeadura com caráter popular. Estas afirmações são possíveis, porque há dados que comprovam (PNAD e IBGE 2017) que a taxa de analfabetismo funcional reduziu, que mais crianças tiveram acesso à creche e a educação básica, que mais jovens entraram em universidades públicas e privadas, onde o ensino inclusivo tem ganhado espaço de discussão e implementação em diversos ambientes educacionais, acompanhado do ensino que considera a vivência e a tradição dos povos tradicionais e indígenas, dentre outros avanços.
            Há uma mudança de cenário do ano de 2002 aos dias de hoje. Contudo, ao se tratar de uma educação que nós queremos, estudantes e futuros professores, não basta até aqui. Queremos mais. E são demandas exequíveis, porque há uma constituição que defende esses direitos, e não só isso, há capital financeiro para a sua realização. O que não há é interesse político. E de forma direta, pode-se afirmar que há diversos interesses sendo dialogados e executados dentro dos três poderes e que, conversam para a privatização da educação superior, para a privatização das estatais, para o entreguismo dos recursos naturais e para a retirada dos direitos trabalhistas.
            Perante este quadro, a educação tem sido atacada e arruinada dentro dos espaços onde se institucionaliza a política pública. O Brasil passou por uma reforma do ensino médio sem diálogo com estudantes. Há um direcionamento do governo Temer, e agora Bolsonaro, para as disciplinas básicas como português e matemática.  Constrói-se um trabalhador sem pensamento crítico e articula sua entrada neste mundo mercadológico recheado de simbologias onde, sem a devida instrução, o trabalhador não seria capaz de corresponder às necessidades do patrão, das empresas e do capital financeiro. Essa de fato, não é a educação que queremos, com  números imensos de evasão escolar, com professores meramente expositivos, com material didático não acessível e com coordenações escolares que não dialoga com a comunidade e que não compreende o perfil majoritário dos alunos da rede pública do Brasil. De acordo com a pesquisa Educação 2017, o IBGE ressalta que há diversas dificuldades para o cumprimento das metas educacionais do PNE, estas que a curto prazo seriam capazes de galgar este cenário de reparação histórica com grupos minorizados, população preta e com deficiência. Com base nos dados do PNAD, é necessário reforçar o combate ao analfabetismo, à evasão escolar, tornar a educação mais significativa para os jovens além do mercado de trabalho e diminuir a distorção da idade-série.
            A educação que queremos compreende o ser humano como um imbricado biopsicossociocultural, não excluindo nenhuma esfera da sua constituição ética. Entende de onde o aluno vem, como ele chega, o que ele pensa, seus costumes e vivências. Por essência, é uma educação que dialoga e não impõe. Estende a possibilidade de tomadas de decisão e protagonismo para aqueles que de fato, estão sendo educados e podem escolher que caminhos irão traçar. É uma educação democrática dentro do ambiente escolar, que percebe a aprendizagem como um movimento contínuo, dando valor para aquilo que também é desenvolvido fora dos espaços formais de educação. E isto trata-se de uma nova concepção de aprendizagem, diferentemente desta funcional que é observada na maioria dos espaços de ensino.
            A proposta é de uma escola como sendo estrutura de ações transformadoras para a comunidade, instrumentalizada pelo ensino vanguardista do retorno, onde a escola, tendo conhecimento da sua função social, atua para a modificação, transformação e conscientização da vida e da dignidade dos alunos e dos moradores da região. A ideia, é conduzi-los à uma educação ampliada, não interessada somente no ensino de um perfil juvenil, mas integrada à aprendizagem daqueles que já não mais estudam, apenas trabalham. É um resgate de uma vida e um processo de busca de esperança dentro de uma rotina mercadológica. O ensino precisa ser desmistificado como apenas um degrau a subir para chegar num posto de trabalho. Deve-se promover uma onda de aprendizagem, ou reaprendizagem. Tornar a educação de fato acessível para os milhões de analfabetos funcionais é o caminho para uma nação verdadeiramente politizada, política, e acima de tudo, atuante.  Isto pode ser uma estratégia de enfrentamento à evasão escolar, e principalmente, à educação de jovens e adultos, na qual a escola e este novo tipo de ensino integrado e interdisciplinar, entrarão dentro dos núcleos familiares a partir do sujeito socializado, que é o aluno, levando uma abordagem e uma nova perspectiva sobre o seu espaço vivido e o seu lugar de cotidiano.
            É necessário que o ambiente de ensino levante que elementos circundam a  escola e à comunidade, revelando aos alunos um modelo de aprendizagem que englobe ele, sua comunidade e seus problemas, atuando dentro das disciplinas questões e estratégias para o beneficiamento de todos, fazendo o enfrentamento à questões problemáticas, ampliando o ensino e desvendo os olhos dos alunos e da comunidade com uma perspectiva auspiciosa.

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