terça-feira, 11 de junho de 2019



POLÍTICAS PÚBLICAS DE ACESSO ÀS INSTITUIÇÕES PRIVADAS DE ENSINO SUPERIOR 

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                                                                                 Marianna Lima da Silva 

A educação, como direito social assegurada pela Constituição Federal, garante ao cidadão a possibilidade de uma formação qualificada e capacitação para o mercado de trabalho. Além de ser um direito fundamental, a educação é determinante na economia do país, uma vez que com mais pessoas capacitadas, mais empregos e melhores salários. A formação necessária vai muito além de apenas o ensino básico e o estudo continua sendo o principal objeto na mobilidade social.
A meta 12 do Plano Nacional da Educação (PNE) diz respeito à Educação Superior. Um dos principais objetivos da meta é aumentar a porcentagem de matrículas de estudantes, entre 18 e 24 anos, na Educação Superior para 50% até 2024. O resultado parcial mostra que em 2015, o Brasil possuía uma taxa de matriculas na Educação Superior de 34,6%.
A quantidade limitada de vagas nas universidades públicas e a desigualdade de ocupação das mesmas revela uma segregação do conhecimento acadêmico, que separa diferentes classes sociais em pensadores e operários de forma a promover a manutenção da classe social, ou seja, reduzir as oportunidades de ascensão. Tendo em vista a igualdade constitucional dos cidadãos e a incapacidade estrutural das universidades públicas de atender essa demanda, o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Financiamento Estudantil do Ensino Superior (FIES) foram criados pelo Ministério de Educação (MEC) como meios de facilitar o acesso ao ensino superior por estudantes com incapacidade financeira de frequentar uma instituição privada.
Dados do Portal do ProUni do MEC mostram que, em 2017, 361.925 bolsas foram ofertadas em todo o país, e em relação ao ano de 2005, quando se iniciou o programa, o numero de bolsas ofertadas foi triplicado. Em cerca de uma década de existência, 400 mil profissionais foram formados através do programa, sendo metade negra (RBA, 2014).  O FIES é, também, um expansor de oportunidades, permitindo que estudantes com poucas condições financeiras financiem, desde 2007, até 100% dos custos de mensalidade do curso em IES privadas, que constituem 2.111 das 2.407 IES do Brasil até 2016, ou seja, quase 90% do total (INEP, 2017). A suspensão de novos contratos do FIES e a previsão de suspensão de participação nas ofertas de bolsas do ProUni de 2016 trouxeram de volta discussões de 2014 a respeito da retirada dos programas dos 10% do PIB destinados à educação. O deputado Chico Alencar sugeriu, no período, que esse valor não deveria se voltar à rede privada, mas, exclusivamente, à pública.
A população brasileira, de maioria negra, ainda carrega marcas intensas da escravidão, que fazem com que mais da metade da população se encontre espalhada pelas classes C, D e E. Essas classes, diante da insuficiência de oferta das IES públicas e sem condições financeiras de recorrer às IES privadas, acabam marginalizadas e privadas do direito de estudo, tendo perspectiva de trabalho apenas na base da pirâmide, em posição de mão de obra. Sendo o estudo o maior possibilitador de mobilidade social por conta do caráter intelectual dos cargos mais altos na hierarquia profissional, as classes baixas, sem acesso às IES, acabam estagnadas e sem oportunidades de melhoria financeira. Reconhecer esse contexto é fundamental para a compreensão da necessidade de políticas públicas que promovam uma democratização das IES e possibilitem a esperança de ascensão social aos estudantes integrantes das classes baixas.

Referências Bibliográficas: 

BRASIL. Ministério da Educação (MEC). O Programa Universidade para Todos. 2018a. - http://prouniportal.mec.gov.br/o-programa
BRASIL. Senado Federal. Constituição Federal. 1988a.
 MALHEIROS, Daiana M. POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS PROUNI E FIES: democratização do acesso ao ensino superior – 2014a. - http://online.unisc.br/acadnet/anais/index.php/sidspp/article/view/11804/1647
 PLANO NACIONAL DA EDUCAÇÃO, Observatório do PNE – 2018a - http://www.observatoriodopne.org.br/indicadores/metas/12-ensino-superior/indicadores
 SIQUEIRA. Carol. - Plenário discute retirada de Fies e Prouni nos 10% do PIB para educação. 2014a - http://www2.camara.leg.br/camaranoticias/noticias/EDUCACAO-E-CULTURA/469560-PLENARIO-DISCUTE-RETIRADA-DE-FIES-E-PROUNI-NOS-10-DO-PIB-PARA-EDUCACAO.html
 VIEIRA. Isabela. - Percentual de negros em universidades dobra, mas é inferior ao de brancos. Acesso de negros a universidades cresce – 2016a.- http://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2016-12/percentual-de-negros-em-universidades-dobra-mas-e-inferior-ao-de-brancos  

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