terça-feira, 11 de junho de 2019

A AUTONOMIA DE PAULO FREIRE NA CONSTRUÇÃO DO PENSAMENTO CRÍTICO E A ESCOLA SEM PARTIDO 
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                                                                                             Maria Cecília Ribeiro 

Baseando-se em Paulo Freire (1996), uma pedagogia autônoma diz respeito à maneira em que se pensa e vivencia a prática e à reciprocidade entre o aluno e o professor de ensinar e aprender simultaneamente e conjuntamente. Dessa forma, é importante que o professor seja um desafiador, indagador e que apresente possibilidades aos seus educandos, que por sua vez necessitam de envolvimento e pensamento crítico acerca da realidade em que vive. Para isso, segundo o autor, é necessário que haja curiosidade e inquietação, não se satisfazendo ao habitual e assim formando o pensamento crítico.
Por outro lado, pode-se considerar que a educação brasileira que temos encontra diversos desafios pelo caminho antes de tornar-se de fato autônoma e emancipadora. Conforme visto em sala de aula, atualmente há um projeto de lei n.867/2015 nomeado “Programa Escola Sem Partido” que, falando superficialmente, pauta a responsabilidade da educação moral, religiosa e sexual como ordenação familiar e decreta a neutralidade do professor em relação a posições políticas e ideológicas por considerar a “vulnerabilidade do educando como parte mais fraca na relação de aprendizagem” * e o professor como doutrinador, o que pode vir a engessar a educação, impossibilitando a autonomia defendida nesse texto.
 No livro Pedagogia da Autonomia, Paulo Freire (1996) defende ser indubitável entender que a educação não é puramente a transferência de conhecimentos, mas possibilitar que o outro pense e construa. Em função disso, é importante considerar o impacto do projeto Escola Sem Partido dentro de sala de aula que, conforme estudado, tem o intuito não de neutralizar, mas de implementar uma única ideologia, o que é extremamente perigoso porque para o desenvolvimento do pensamento crítico é importante que o educador apresente todos os lados e todas as ideologias. Para isso, o autor defende a autonomia dos docentes, o que consequentemente sobrepõe a ideia de tal projeto e que fica explicito no trecho “[...] Daí a impossibilidade de vir a tornar-se um professor crítico se, mecanicamente memorizador, é muito mais um repetidor de frases e de ideias inertes do que um desafiador [...]” (FREIRE, 1996, p. 14), o que atesta que o professor em condição de crítico transformador e não unicamente de transmissor de conhecimento, precisa ir além de um discurso pronto, empoderando-se de argumentos que inquietam os educandos, instigando suas curiosidades, suas vontades de conhecer e expressar-se, os influenciando a serem críticos.
            Em suma, é almejado que a educação brasileira seja autônoma e emancipadora, possibilitando que os professores e os alunos possam levantar questões, debater ideias e que seja respeitada a diversidade ideológica que existe dentro e fora do ambiente escolar. Dessa forma, não é limitando conteúdos e posicionamentos que se alcançará o pensamento crítico, dado que ensinar não é apenas um roteiro pronto, mas que influi na maneira em que o docente vai abordar e direcionar o saber, sendo capaz de produzir conhecimentos críticos e apresentar diferentes ideologias com poder de transformar a realidade, portanto é importante que se abra espaço para as diferenças e inquietações.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Câmara dos Deputados. Projeto de Lei n.867/2015. Disponível em: < http://www.camara.gov.br/sileg/integras/1317168.pdf> Acesso em: 05 fev. 2019
Escola Sem Partido. Escola Sem Partido. Disponível em: <http://www.escolasempartido.org/> Acesso em: 05 fev. 2019
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

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