domingo, 2 de junho de 2019

POR UMA TRANSFORMAÇÃO NA EDUCAÇÃO BRASILEIRA 

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                                                                                  Isabela Carolina Lopes 

Evasão escolar, investimentos insuficientes, desvalorização dos profissionais do ensino básico, envolvimento fraco dos estudantes nas atividades e ambiente escolares, descompasso entre conteúdos curriculares e demandas oriundas da vida prática por significado e sentido: estes são alguns dos atuais problemas que devem ser superados pelo sistema educacional brasileiro de forma que seus resultados se aproximem daqueles esperados de um sistema formativo que prepare a juventude para o engajamento social, que a capacite profissionalmente, que cultive nela a capacidade crítica e artística, que a permita desenvolver e vazar, enfim, todo seu potencial humano de criação.
O ensino de história pode cumprir um papel determinante na realização deste modelo educacional que oferece aos indivíduos condições de construção e afirmação de auto percepções individuais e coletivas que os permita participarem da vida em sociedade criticamente, atuando em favor da conquista de direitos e contra injustiças sociais. A interpretação do passado realizada pelo pensamento histórico é capaz de informar aos sujeitos do presente o contexto em que se dão suas ações cheias de intenção, isto é, esclarece as origens do presente de forma que este possa ser transformado por ações refletidas e planejadas. O ensino de história apto a desmascarar lugares de poder tradicionalmente fixados é representativo do modelo geral de ensino crítico e transformador do qual o Brasil carece de modo a curar antigas, mas persistentes feridas, tais como a miséria, a desigualdade social, a corrupção, o patrimonialismo, a violência e o racismo.
As feridas mencionadas constituem elas mesmas obstáculos à estruturação de um modelo de ensino público que prepare os estudantes para o pleno exercício da cidadania, relevando-se fatores perpetuadores dessa realidade social cruel e violenta. Será possível educar uma população que sente fome sem poder saciá-la; que deseja estudar, mas não pode pagar pelo transporte; que acredita na importância dos estudos, mas que precisa arrumar logo um trabalho e ajudar a pagar as contas da casa; que paga caro e sustenta uma estrutura estatal incapaz de garantir médicos nos postos, professores nas escolas, segurança nas ruas e justiça nos tribunais?
Como foi dito, o ensino de história está habilitado a cumprir um papel fundamental na reversão desse contexto pleno de adversidades. A aprovação da lei 10.639, em 2003, que torna obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileira e africana em todas as escolas, públicas e particulares, do ensino fundamental até o ensino médio, abre caminhos para a reflexão e reescrita da história do Brasil, colocando novos atores sociais em cena, viabilizando a aproximação dos problemas da história das contradições sociais cotidianas enfrentadas pela população principalmente de periferia que atende às escolas públicas.
O desinteresse dos estudantes é mais resultado que causa do fracasso da educação brasileira em formar cidadãos aptos a exercerem seus direitos e seres humanos capazes de apreciar e produzir beleza, arte e cultura. Mesmo assim, se cada um dos interessados em fazer a educação brasileira dar certo se doasse ao processo de fazê-la dar certo, isto é, se os estudantes, os professores, a família, a comunidade de pessoas que contam com os serviços oferecidos pela escola participasse de sua gestão e acompanhasse seu calendário de atividades, por exemplo, a tarefa de reverter a situação atual do ensino pareceria menos árdua. Enquanto a transformação da sociedade brasileira couber apenas a entidades despersonalizadas tais como o Estado, o Governo e os Políticos, pouco será modificado. O impulso por transformações radicais deve vir de nós: trabalhadores, cidadão comuns, primeiros interessados no sucesso da educação brasileira.

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