terça-feira, 11 de junho de 2019



A EDUCAÇÃO SUBMISSA AOS INTERESSES DO MERCADO

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                                                       Renata do Nascimento Silva 
O breve presente ensaio visa trazer uma das inúmeras questões que poderiam ser abordadas dentro da vasta problemática Educação que temos x Educação que queremos. O foco escolhido a ser abordado foi a predileção de nosso modelo educacional pela formação profissional de indivíduos ao invés de se estabelecer como um processo transformador, “criando novas possibilidades e estimulando o desenvolvimento integral do ser humano”.  (LISNIOWSKI, 2016)
O formato da educação pública que possuímos (quando há professor e certa estrutura escolar mínima) se mostra influenciado pela pedagogia tradicional, voltado para a exposição unidirecional de conteúdos, exercícios de fixação, autoridade do professor em relação aos alunos – ainda assim havendo cerceamento da liberdade de cátedra do mesmo –, priorizando técnicas e, portanto, a formação de indivíduos obedientes preparados para o mercado de trabalho. Muito semelhante com o modelo tecnicista que ganhou força nas décadas de 60 e 70 no Brasil. 
Por outro lado, o modelo educacional desejado visa assim como expresso no art. 205 da Constituição Federal, mais do que a preparação para o mercado de trabalho: a garantia do pleno desenvolvimento enquanto cidadão e enquanto indivíduo. Mais do que isso, uma educação de qualidade deve ter como objetivo a liberdade do indivíduo de todas as amarras que o prendem ao sistema explorador do qual faz parte.
Nesta perspectiva, o pensamento de Louis Althusser (1970) nos proporciona a visão de que a escola enquanto aparelho ideológico do Estado contribui para a produção de mão de obra, perpetuando o status quo da classe dominante em detrimento dos desfavorecidos, mantendo estes mais fragilizados em sua posição de submissão. Por esta razão é que luta-se por uma educação libertadora (FREIRE, 1967) que possibilite a construção de um indivíduo consciente, reflexivo, autônomo e capaz de atuar na transformação de sua realidade. 
Tendo ambas visões sido apresentadas, nota-se que  o atual modelo educacional que possuímos junto com suas reformas que vêm sendo propostas demonstram o interesse em domestificar o oprimido (FREIRE, 1967) unicamente para que este atenda às demandas capitalistas do mercado, reforçando assim as desigualdades existentes. Mas ao mesmo tempo revela a tarefa diária dos professores para tornar os educandos críticos e engajados na transformação social, revelando a luta “por uma sociedade emancipadora e pela transformação nas relações sociais e de trabalho, por uma cultura democrática e voltada para os direitos humanos”. (LISNIOWSKI, 2016)
 Referências:
ALTHUSSER, Louis. Ideologia e Aparelhos ideológicos de estado. Lisboa: Presença 1970.
FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. 1ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1967.
LISNIOWSKI, Simone Aparecida Legitimidade jurídico-democrática do direito à educação. In: ROCHA, Maria Zélia Borba, PIMENTEL, Nara Pimentel (Orgs). Organização da educação brasileira: marcos contemporâneos. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2016. P. 59 a 98.

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