A GEOGRAFIA REGIONAL NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Pedro Thomé Quintão Queiroz
A
educação é o meio de integração da criança no processo civilizatório e na
sociedade, devendo ser baseada, segundo Ab’Saber, em três aspectos: o domínio
do saber acumulado, as oficinas de talento e o conhecimento da região. Esses
aspectos estão relacionados entre si e, da mesma forma, com a geografia. Esta
disciplina permite que os estudantes possuam, antes de tudo, um conhecimento
acerca da região em que vivem, isto é, o local onde constroem suas experiências
e vivências que, juntamente com o contato social, atuam em vias de fomentar o
desenvolvimento da criança e do jovem, assim como a construção de conhecimento.
A
geografia é uma ciência que propõem uma interpretação da realidade
diferenciada, através do “olhar geográfico”: este aspecto permite a quem
praticá-la a possibilidade de interpretar e analisar o espaço em diversas
escalas, tendo acesso, por exemplo, a similitudes e disparidades entre regiões.
Dessa
forma, o conhecimento regional é relevante para que o estudante se localize no
tempo e no espaço, acumulando conhecimentos que serão de fundamental
importância, tanto no desenvolvimento escolar, quanto pessoal e que possam
servir de ponto de partida para o estudo em outras escalas (ou seja, que
extrapole o espaço vivido e conhecido pelo estudante) e para solucionar as
problemáticas do espaço ao seu redor.
A
partir de então, tem-se o acumulo de saber e também a compreensão que, em um
país cujo tamanho territorial é proporcional as desigualdades que nos assolam,
a sociedade possui demandas diferenciadas, principalmente no que diz respeito à
educação – ponto que conduz a crítica de leis como a Lei de Diretrizes e Bases
e os Parâmetros Curriculares Nacionais, que parecem tratar a questão da
educação de forma homogênea, ignorando as diversidades de “Brasis” existentes,
cada qual com suas demandas e necessidades, mas também potencialidades.
Para
tanto, é preciso estimular as crianças e jovens por meio de ações que busquem
chamar sua atenção para as relações que se desenvolvem no seu espaço e que
busquem desenvolver a criticidade, visando proposições para solucionar os
problemas regionais em que o indivíduo está envolvido.
A
maneira para se alcançar este tipo de ensino parte da aproximação entre
professores, estudantes e comunidade. Os professores devem atuar de forma a
recuperar o conhecimento regional e estimular todos os tipos de talentos em
seus alunos que podem vir a mudar a realidade nacional. Além do mais, os
professores devem ser valorizados, o que se faz desde a formação universitária,
fugindo do academicismo e não focando apenas na formação curricular, mas
buscando soluções para diversos questionamentos. Os estudantes devem ser o foco
da ação, tendo seus pontos de vista, suas experiências e vivências estimuladas
e valorizadas, de maneira que tomem consciência da realidade em que vivem,
buscando compreende-la. Por sua vez, a comunidade deve agir de forma a garantir
a manutenção de espaços que preguem pela socialização, tanto no que diz
respeito a infraestruturas que permitem a realização de atividades lúdicas,
quanto ao ambiente familiar, primeiro aspecto que molda o desenvolvimento
social da criança.
A partir da análise da abordagem
regional e do entendimento de como ela pode ser útil e benéfica quando aplicada
a um contexto educacional, é compreensível a relevância que a geografia possui não
apenas como disciplina, mas também como ferramenta que permite o
desenvolvimento do pensamento crítico e o encontro do individuo consigo mesmo.
Referência:
Aziz Ab
'Saber - "A Geografia do
Bairro". Revista Nova Escola edição 139
Janeiro de 2001.
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