sábado, 1 de junho de 2019

AS RELAÇÕES DE PODER NO AMBIENTE ESCOLAR 

Resultado de imagem para educação

                                                                                                        Júlia Ribeiro Vitoriano 

Segundo Michel Foucault, em toda interação há, intrinsecamente, uma relação de poder. Dois pontos inerentes às relações de poder são o estabelecimento de diferenças e, por conseguinte, quem as estabelece. Para existir subordinação e dominância, é necessário que haja desigualdade, pois não há sentido lógico em diminuir um igual exatamente pelo fato dele ser igual. É necessário lembrar, porém, de que é possível estar inserido em mais de uma relação de subordinação, ou seja, as identidades não são excludentes, mas se coconstroem.
            Um exemplo prático do explicitado acima é a vivência de uma mulher negra. Ela está inserida em um tipo de relação por ser mulher, outra por ser negra e em outra por ser uma mulher negra. Esse papéis sociais - diversificados e mutáveis - não brigam entre si nem “escolhem” a hora de ser exercidos, mas sim se confundem, são afetados e se afetam um pelo outro.
            Sendo assim, as relações no âmbito escolar não poderiam estar livres dessa dinâmica - pelo contrário, elas são ainda mais visíveis dada a clara hierarquia entre professores e alunos, alunos mais novos e mais velhos, professores e diretor, etc. Porém, o que isto tem a ver com “a escola que temos e a escola que queremos”? Tudo. Se toda relação passa por dinâmicas de poder, e se todas essas relações são constituintes da nossa sociedade, a mudança - ou a falta dela - definitivamente passará por essas relações.
            Com isso, chegamos a grande questão: quem tem o poder “maior” na escola. Num mundo tão capitalista, definitivamente são as pessoas (ou instituições) em posse e com controle do dinheiro. Em escolas públicas, os poderosos são o governo - federal, estadual e municipal - por serem eles quem definem como ocorrerá o repasse de verbas. Sabe-se que há dinheiro suficiente para a educação, mas este não é aplicado direito devido à corrupção, mal gerenciamento de gastos, compras desnecessárias, entre outros.
            Além disso, muitos professores não possuem a formação fundamental para exercerem sua profissão. Entretanto, dentro de sala de aula eles detêm o poder - mesmo que um estudante tenha mais conhecimento sobre o assunto. Com medo de represália, esses alunos não se sentem confortáveis para corrigi-los, o que pode afetar toda a turma.
            Como, então, esses e tantos outro problemas podem ser resolvidos? Primeiramente, é necessário possibilitar novos locais de fala, com o intuito de tornar o ambiente escolar mais igualitário e inclusivo. Alunos, professores ou qualquer pessoa inserida na escola não devem ter medo de expor suas opiniões, a não ser que infrinjam a dignidade de seus pares.
            Em segundo lugar, é necessário que as verbas sejam administradas corretamente, o que se dá por meio da fiscalização efetiva dos nossos representantes políticos. A educação é um direito previsto na Constituição, e nosso dever lutar por ela.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

A CULTURA NA EDUCAÇÃO: CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA IDENTIDADE                                                                    ...