AS RELAÇÕES DE PODER NO AMBIENTE ESCOLAR
Júlia Ribeiro Vitoriano
Segundo Michel Foucault, em toda
interação há, intrinsecamente, uma relação de poder. Dois pontos inerentes às
relações de poder são o estabelecimento
de diferenças e, por conseguinte, quem
as estabelece. Para existir subordinação e dominância, é necessário que haja
desigualdade, pois não há sentido lógico em diminuir um igual exatamente pelo
fato dele ser igual. É necessário lembrar, porém, de que é possível estar
inserido em mais de uma relação de subordinação, ou seja, as identidades não
são excludentes, mas se coconstroem.
Um
exemplo prático do explicitado acima é a vivência de uma mulher negra. Ela está
inserida em um tipo de relação por ser mulher,
outra por ser negra e em outra por
ser uma mulher negra. Esse papéis
sociais - diversificados e mutáveis - não brigam entre si nem “escolhem” a hora
de ser exercidos, mas sim se confundem, são afetados e se afetam um pelo outro.
Sendo
assim, as relações no âmbito escolar não poderiam estar livres dessa dinâmica -
pelo contrário, elas são ainda mais visíveis dada a clara hierarquia entre
professores e alunos, alunos mais novos e mais velhos, professores e diretor,
etc. Porém, o que isto tem a ver com “a escola que temos e a escola que
queremos”? Tudo. Se toda relação passa por dinâmicas de poder, e se todas essas
relações são constituintes da nossa sociedade, a mudança - ou a falta dela -
definitivamente passará por essas relações.
Com
isso, chegamos a grande questão: quem tem o poder “maior” na escola. Num mundo
tão capitalista, definitivamente são as pessoas (ou instituições) em posse e
com controle do dinheiro. Em escolas públicas, os poderosos são o governo -
federal, estadual e municipal - por serem eles quem definem como ocorrerá o
repasse de verbas. Sabe-se que há dinheiro suficiente para a educação, mas este
não é aplicado direito devido à corrupção, mal gerenciamento de gastos, compras
desnecessárias, entre outros.
Além
disso, muitos professores não possuem a formação fundamental para exercerem sua
profissão. Entretanto, dentro de sala de aula eles detêm o poder - mesmo que um estudante tenha mais conhecimento
sobre o assunto. Com medo de represália, esses alunos não se sentem
confortáveis para corrigi-los, o que pode afetar toda a turma.
Como,
então, esses e tantos outro problemas podem ser resolvidos? Primeiramente, é
necessário possibilitar novos locais de fala, com o intuito de tornar o
ambiente escolar mais igualitário e inclusivo. Alunos, professores ou qualquer
pessoa inserida na escola não devem ter medo de expor suas opiniões, a não ser
que infrinjam a dignidade de seus pares.
Em
segundo lugar, é necessário que as verbas sejam administradas corretamente, o
que se dá por meio da fiscalização efetiva dos nossos representantes políticos.
A educação é um direito previsto na Constituição, e nosso dever lutar por ela.
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