A CULTURA NA EDUCAÇÃO: CONSTRUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DA IDENTIDADE
Kamila Santana Magalhães
A cultura é uma das principais
influenciadoras na (re) construção da personalidade/identidade dos seres
humanos. Assim, a (re) construção de identidade cultural do aluno alcançará
mais eficácia a partir da multidisciplinariedade entre as disciplinas, as quais,
atualmente, possuem um movimento unidirecional e poucas introduzem elementos e
signos culturais em suas atividades. Vygotsky propõe, em sua teoria da
mediação, que o sujeito é uma construção do seu meio histórico-cultural e se
desenvolve através de signos e instrumentos culturais que o auxiliam na sua
construção interpessoal e intrapessoal:
“Instrumentos
e signos são construções socioculturais; através da apropriação
(internalização) destas construções, via interação social, o sujeito se
desenvolve cognitivamente. [...] No desenvolvimento cultural da criança toda a
função aparece duas vezes - primeiro, em nível social e, depois, em nível
individual; primeiro entre pessoas (interpessoal) e, depois, se dá no interior
da própria criança (intrapessoal).” (Vygotsky, 1930).
Por meio dessa mediação simbólica
os indivíduos podem ter experiências concretas e mediadas, sendo que é através
do contato com instrumentos e signos que o ser humano pode, efetivamente,
construir, reconstruir ou gerar conhecimentos que proporcionem seu
desenvolvimento. Alunos que se encontram na fase da puberdade possuem a
necessidade de se (re) afirmar dentro de uma sociedade já culturalmente
construída, entretanto essa necessidade alia-se a dificuldade de se definir em
meio a esta diversidade já estabelecida. A cada idade estabelecem-se tipos
próprios de interações entre o sujeito e seu meio, na fase da puberdade a
interação é mais fortemente com um ou outro aspecto de seu contexto, e extraem
dele os recursos para o desenvolvimento de sua personalidade.
Wallon descreve, em sua teoria psicogenética, a criança como sendo um ser essencialmente emocional e sua construção
acontece gradualmente. Segundo Galvão (2000), Wallon argumenta que as trocas
relacionais da criança com os outros são fundamentais para o desenvolvimento da
pessoa. As crianças nascem imersas em um mundo cultural e simbólico, no qual o homem e a sua realidade em contínua transformação, é
apresentada por Wallon em estágios, como, por exemplo, o quinto estágio:
estágio da puberdade e da adolescência, no qual o pré-adolescente ou
adolescente durante a puberdade tem necessidade de recriar e reafirmar sua
personalidade, colocando-se em oposição e negação à sociedade,
aos princípios morais e éticos. Ele também considera a personalidade como
a maneira habitual ou constante de agir e de ser de cada indivíduo, construída
a partir das condições de existência e os resultados das atividades possíveis
de acordo com suas possibilidades.
Levando em consideração essa necessidade,
deve-se abrir um espaço na escola que possibilite aos alunos se expressarem e
se posicionarem em diferentes situações, para obterem experiências
significativas na construção de sua personalidade a partir de seu contexto
sociocultural. Procurando, principalmente, realizar um método de pedagogia que
humanize as relações entre pessoas, possibilitando que o aluno ative suas
emoções e a afetividade ao longo do convívio social com os professores e os
colegas. O ambiente escolar pode-se tornar um ótimo lugar para inserir os
elementos culturais na vida dos alunos, de modo que os alunos possam usar os
conhecimentos produzidos em seu cotidiano. Assim, o educador deve avaliar os
alunos de forma coletiva construindo relações entre pessoas e individualmente,
pois cada um pensa e age de uma determinada maneira, avaliando os progressos,
as dificuldades e as mudanças de personalidades. Para isso, devem ser propostas
produções literárias, debates, oficinas de criações artísticas, exposições de
materiais feitos pelos próprios alunos, pesquisas e trabalhos coletivos que
visem à interdisciplinaridade, a criatividade e a expressão dos alunos.
Deve-se ter
nas escolas o processo de conscientização de professores e alunos no sentido de
buscar e usar a informação, na direção do enriquecimento intelectual, na autoinstrução.
Isso significa que não podemos admitir, nos tempos de hoje, um professor que
seja um mero repassador de informações. O que se exige, é que ele seja um
criador de ambientes de aprendizagem, parceiro e colaborador no processo de
construção do conhecimento, que se atualize continuamente, propiciando o
diálogo ativo com o mundo do conhecimento, apresentando informações através de
um contínuo canal de escolhas individuais, assim permitindo que os alunos
naveguem e determinem os caminhos que querem seguir.
Referências Bibliográficas:
LA TAILLE, YVES DE;
OLIVEIRA, MARTA KOHL DE. Piaget, Vygotsky, Wallon: teorias
psicogenéticas em discussão. São Paulo : Summus.
ANA LUÍSA
SMOLKA, MARIA CECILIA RAFAEL DE GÓES(orgs).
A linguagem e o
outro no espaço escolar: Vygotsky e a construção do
conhecimento. 4 ed. Campinas :Papirus, 1995. (Coleção
Magistério: formação e trabalho pedagógico).
GALVÃO, IZABEL. Henri Wallon: uma concepção dialética do desenvolvimento infaltil.
7ª ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.